Novo
dia. Nova semana. É já estamos no vigésimo
sexto dia dum tempo em que
tudo é
igual ao tempo que já passou neste tempo de emergência. Vão
variando os números dos mortos e dos infetados. Silêncio ouve-se
sem se ouvir cantar o fado. Silêncio que já não enche a alma aos
que gostam de o sentir, de falar, de estar com ele. Um silêncio
diferente este deste tempo de ausências maiores..
Com
o passar dos dias iguais o cansaço quer tomar conta de nós. A cada
um compete dar-lhe
a volta, fazer-lhe aquela finta à estrela de cinema deixando
o
cansaço
do
lado de fora da porta de
entrada.
Porta
de entrada que é também a porta de saída onde
o mundo começava antes. É
agora uma linha
de
fronteira virtual que devemos respeitar.
Agora
o mundo vive-se e reinventa-se dentro da casa de cada um. É
tempo para ganharmos o hábito
de
deixar os sapatos à porta de casa, quando pelas razões estritamente
necessárias formos
e voltarmos
da rua. A rua é hoje mais do que nunca um mundo mágico
logo
ali ao sair da porta
que tantos e tantos desejam abraçar sem
o poder fazer. A rua, um
mundo mágico
assim é cansativo,
solitário
e triste, desejando o nosso abraço, as nossas festas e tropelias
para voltar a ter a vida que só ela, a
rua, conhece.
Mundo
mágico esse que o vírus nos roubou se queremos cuidar de nós e dos
outros.
Ao
vírus já nem lhe chamo fdp. Cansei. Quero é que ele me deixe em
paz, a mim, aos meus e a todos os outros por todas as ruas, aldeias,
vilas, cidades e casas do Planeta. Que se canse e possa voltar para o
seu habitat natural deixando de atacar os humanos como o está
fazendo. Já tínhamos sofrimentos suficientes para nos entretermos,
não precisamos dele, vírus, para nos fazer sofrer ainda mais.
Humanos
que não se entendem na forma como o hão-de vencer. Há muitos, até
altos responsáveis que continuam a afirmar que isto é simplesmente
um problema de saúde pública, que não estamos em guerra porque não
conhecemos o inimigo nem as suas armas. Para mim não passam de
tretas, onde o preto domina essas mentes. Eles falam bem e, ao
falarem representam outros interesses que vivem na sua sombra tomando
pequenos almoços conjuntos, secretos reais e virtuais. Eles, altos
responsáveis, pelos
interesses que representam não querem ver que o enorme problema de
saúde pública é a consequência de uma guerra de tipo novo.
Guerra esta que veio pôr
em causa os milhões de dinheiros gastos nas indústrias do
armamento. Estavam
habituados a mandarem
soldados humanos combaterem, matarem-se uns aos outros sem saberem
muito bem o porquê de se matarem, afim
de garantirem o funcionamento das suas industrias de guerra altamente
rentáveis para os seus amigos que controlam os cordões da economia,
que agora só porque o inimigo não se vislumbra à vista desarmada
dizem-nos que isto não é uma guerra. Será o que , então?
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