terça-feira, 14 de abril de 2020

Vigésimo sétimo dia do resto das nossas vidas

Vigésimo sétimo dia do estado de emergência. Começo a ficar cansado do silêncio que me rodeia, esteja a andar na minha volta matinal com a Sacha, esteja no meu canto olhando pela janela a ausência de quase tudo ou simplesmente a olhar a quase ausência de vida onde os projectos de vida se sublimaram uns, estando outros congelados em suspensão. Só o silêncio me faz companhia neste viver resistente onde sem darmos por isso a vida confinada de todos se virtualizou.
As televisões não me prendem a atenção. Talvez cansados de tantos mortos moderaram um pouco o seu apetite necrófago. Repetem notícias ciclicamente. Dão-nos imagens desfasadas quer da leitura que o pivô faz, quer das legendas que colocam na base do ecrã. Tirando raras excepções, nas suas grelhas a mediocridade é contínua. É o que temos. É o que nos dão. Não é o que merecemos.
Nesta quase ausência de tudo, fecho-me no meu casulo, mas deixo a janela da esperança sempre aberta porque não há mal que sempre dure. Novos tempos hão-de vir que a vida no Planeta ainda não é desta que as premonições de um tal Nostradamus se vão concretizar. Mais do que nunca vamos precisar muito mais de Platão e muito menos de prozac.

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