quinta-feira, 16 de abril de 2020

Vigésimo nono dia do resto das nossas vidas


Entramos no vigésimo nono dia que coincide com o início da segunda quinzena deste mês de Abril.
Antigamente quando os campos agrícolas se cultivavam com cereais para com eles se produzir a farinha sem prazos de validade que seria transformada ao longo do tempo no pão para alimentar a família, dizia-se nesse tempo antigo que, "em Abril águas mil" , isto porque para o bom desenvolvimento das tais searas um pingo das chuvas de Abril representava um benefício igual ao de mil pingos dos meses de Inverno.
Agora neste tempo deste século de futuro já quase não se veem searas nos campos. O tempo de vida no passar constante dos dias, semanas, meses e anos trouxe novos hábitos novas mudanças nos hábitos da própria vida em sociedade. O êxodo dos campos para as cidades mudou radicalmente a vida quer nos campos quer nas cidades. A vida passou a ser medida por rácios, por percentagem de números com os conceitos de produtividade e de rentabilidade a entrar em todos os aspectos da mesma vida neste tempo que corre quase sem futuro de tão incerto ele se tornou, fazendo jus à frase "a vida muda num instante num dia normal".
O confinamento decretado pelos responsáveis da governança continua a ser cumprido serenamente. Talvez a abençoada chuva que vai caindo traga para a Estrada Nacional 10 mais veículos a caminho do posto de trabalho na cidade grande, pois vejo-os passar em maior número comparativamente ao tempo de emergência decretada pelos responsáveis da governança sem chuva. Pouco passa das sete da manhã, caminho olhando as corridas das nuvens que correm no céu com as mais baixas a ameaçarem novo aguaceiro. Talvez tenha sorte e não apanhe com ele em cima. Não me importo seguindo no passo normal da minha amiga pastora alemã que depois de esticar as pernas correndo livremente no parque de estacionamento quase deserto de veículos, segue a meu lado no seu andar satisfeita. Gosto da chuva. Com ela tudo renasce. A chuva é água. Água doce é o bem mais precioso de todas as riquezas naturais do Planeta. Esta que tem caído vem de sudoeste alimentando campos agrícolas que continuavam em seca grave. Os tais campos que se cobriam do dourado das searas. Estão neste novo tempo de agora muitos deles invadidos por estufas e culturas intensivas e super intensivas de maior produtividade, necessitando para tal de muita água. Estufas e culturas à base de muitos nutrientes. Nutrientes um nome fino e moderno para a antiga designação de adubos. Tudo muda, para tudo encontram novas designações para os mesmos males quando usados para lá da capacidade normal de absorção da própria terra. Mas como o futuro é incerto ensinaram-nos e quase todos se convenceram de que nesta viagem de vida só o presente interessa. Como não penso assim sigo pela outra margem. Não caminho sozinho. Outros há que também trilham os mesmos caminhos da outra margem. Somos poucos, somos teimosos, duros de roer e pouco representamos nas tais percentagens dos tais rácios.

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