segunda-feira, 27 de abril de 2020

Quadragésimo dia do resto das nossas vidas


Ao quadragésimo dia continuam as especulações à volta do vírus, das causas e das consequências, agora que se noticia oficiosamente o levantamento do estado de emergência. E dentro das muitas asneiras ditas e noticiosas ressalta a afirmação desequilibrada, pitiatíssima do representante dos advogados por causa da possibilidade legislativa que os do Governo podem vir a dar às empresas de poderem verificar a temperatura dos seus trabalhadores em função dos cuidados a ter no reactivar a actividade económica. A ele se juntam uns tais senhores da protecção de dados que vivem numa outra galáxia mas que gostam das mordomias e importâncias que têm cá em baixo nesta pobre mas digna Democracia. Mais uns que não sendo eleitos por voto directo não são conhecidos pela grande maioria dos cidadãos. Mas até compreendo a opinião destes senhores, porque muitos deles ou a totalidade nunca trabalharam numa pequena e média empresa produtiva ou de serviços, custa-me mais aceitar as declarações do representante dos advogados pois muitos dos seus colegas de profissão terão empresas de pequena e média dimensão como clientes, sabendo que neste tempo de pandemia viral o importante é retomar a actividade laboral com toda a segurança. Há gente que só sabe olhar o umbigo ou quando muito a árvore sendo míope ou cego ao olhar a floresta.

Espero que os do Governo ao ouvirem tantas coisas e palermices sobre essa possível medida a saibam legislar correctamente impedindo de forma categórica, sem possibilidade de interpretações, que o trabalhador que vier a ser detectado em estado febril não possa por motivo algum, esse estado febril, ser justificativo de qualquer processo disciplinar.

Outra situação que começa a ter honras de notícia é a situação dos doentes e consultas oncológicas. Nesta situação grave também não entendo o apontar do dedo.
Vivemos num Estado que se habituou a ver os seus governantes como súbditos de Bruxelas com mais ou menos negociatas internas de projectos em que quase sempre saímos a perder ou piores do que estávamos. Poucos são os que pertencem aos órgãos de soberania, quer na Presidência, quer na Assembleia da Republica, quer no Governo que subiram a pulso na vida, que passaram por dificuldades materiais e financeiras, que conhecem a dureza da vida de quem ganha o salário mínimo ou pouco mais do que esse valor e quer educar os seus filhos. Gente que domina bem as técnicas dos sistemas de informação. Gente a que gosto de chamar “a geração do power point” , com a esperteza a sobrepor-se à capacidade de decisões inteligentes e espertas (inteligência e esperteza são necessária em equilíbrio).
Tudo isto a propósito do que se passa no SNS com hospitais vocacionados para acudir aos doentes infectados com o covid-19 e os outros hospitais públicos que não fazendo parte dessa frente de combate, não podem tratar dos doentes oncológicos que estavam a ser observados, seguidos e tratados nos hospitais que nesta fase estão quase a 100% contra o covid-19.
Há vários Ministérios várias Instituições a serem repensados de alto a baixo.
Se os hospitais do SNS estivessem todos ligados numa única plataforma de informação tudo seria mais célere. Os doentes oncológicos e outros com outras patologias poderiam ser observados e tratados pelos hospitais da retaguarda, já que os médicos especialistas que neles trabalham poderiam ter acesso ao ficheiro clínico do doente e de uma forma mais segura psicologicamente para o doentes e seu familiares, que não teriam tanto receio em irem às consultas… melhorando as hipóteses de saúde quer do doente, quer do próprio sistema… Mas os interesses e apetites gananciosos de algumas estruturas ocultas, assim como os senhores da protecção de dados impedem tal salto qualitativo, com os governantes sem capacidade para se imporem a essas estruturas ocultas de vários poderes e interesses.

Quando vou a uma consulta na Centro de Saúde ou ao Hospital, assim que abro a minha caixa de e-mails lá tenho a informação que o médico e ou o enfermeiro que me assistiu tiveram acesso aos meus dados clínicos. Porque não me importo que os meus dados possam estar acessíveis. Quem não deve não teme.

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