Ao
quadragésimo dia continuam as especulações à volta do vírus, das
causas e das consequências, agora que se noticia oficiosamente o
levantamento do estado de emergência. E dentro das muitas asneiras
ditas e noticiosas ressalta a afirmação desequilibrada,
pitiatíssima do representante dos advogados por causa da
possibilidade legislativa que os do Governo podem vir a dar às
empresas de poderem verificar a temperatura dos seus trabalhadores
em função dos cuidados a ter no reactivar a actividade económica.
A ele se juntam uns tais senhores da protecção de dados que vivem
numa outra galáxia mas que gostam das mordomias e importâncias que
têm cá em baixo nesta pobre mas digna Democracia. Mais uns que não
sendo eleitos por voto directo não são conhecidos pela grande
maioria dos cidadãos. Mas até compreendo a opinião destes
senhores, porque muitos deles ou a totalidade nunca trabalharam numa
pequena e média empresa produtiva ou de serviços, custa-me mais
aceitar as declarações do representante dos advogados pois muitos
dos seus colegas de profissão terão empresas de pequena e média
dimensão como clientes, sabendo que neste tempo de pandemia viral o
importante é retomar a actividade laboral com toda a segurança. Há
gente que só sabe olhar o umbigo ou quando muito a árvore sendo
míope ou cego ao olhar a floresta.
Espero
que os do Governo ao ouvirem tantas coisas e palermices sobre essa
possível medida a saibam legislar correctamente impedindo de forma
categórica, sem possibilidade de interpretações, que o trabalhador
que vier a ser detectado em estado febril não possa por motivo
algum, esse estado febril, ser justificativo de qualquer processo
disciplinar.
Outra
situação que começa a ter honras de notícia é a situação dos
doentes e consultas oncológicas. Nesta situação grave também
não entendo o apontar do
dedo.
Vivemos
num Estado que se habituou a ver os seus governantes como súbditos
de Bruxelas com mais ou menos negociatas internas
de projectos em que quase sempre saímos a perder ou piores do que
estávamos. Poucos são os
que pertencem aos órgãos de soberania, quer na Presidência, quer
na Assembleia da Republica, quer no Governo que subiram a pulso na
vida, que passaram por
dificuldades materiais e financeiras, que conhecem a dureza da vida
de quem ganha o salário mínimo ou pouco mais do que esse valor e
quer educar os seus filhos. Gente que domina bem as técnicas dos
sistemas de informação. Gente a que gosto de chamar “a geração
do power point” , com a esperteza a sobrepor-se à capacidade de
decisões inteligentes e espertas (inteligência e esperteza são
necessária em equilíbrio).
Tudo
isto a propósito do que se passa no SNS com hospitais vocacionados
para acudir aos doentes infectados com o covid-19 e os outros
hospitais públicos que não fazendo parte dessa frente de combate,
não podem tratar dos doentes oncológicos que estavam a ser
observados, seguidos e tratados nos hospitais que nesta fase estão
quase a 100% contra o covid-19.
Há
vários Ministérios várias Instituições a serem repensados de
alto a baixo.
Se
os hospitais do SNS estivessem todos ligados numa única plataforma
de informação tudo seria mais célere. Os doentes oncológicos e
outros com outras patologias poderiam ser observados e tratados pelos
hospitais da retaguarda, já que os médicos especialistas que neles
trabalham poderiam ter acesso ao ficheiro clínico do doente e de uma
forma mais segura psicologicamente para o doentes e seu familiares,
que não teriam tanto receio em irem às consultas… melhorando as
hipóteses de saúde quer do doente, quer do próprio sistema… Mas
os interesses e apetites gananciosos de algumas estruturas ocultas,
assim como os senhores da protecção de dados impedem tal salto
qualitativo, com os governantes sem capacidade para se imporem a
essas estruturas ocultas de vários poderes e interesses.
Quando
vou a uma consulta na Centro de Saúde ou ao Hospital, assim que abro
a minha caixa de e-mails lá tenho a informação que o médico e ou
o enfermeiro que me assistiu tiveram acesso aos meus dados clínicos.
Porque não me importo que os meus dados possam estar acessíveis.
Quem não deve não teme.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.