Apetece-me
falar de política, embora todos os nossos actos e omissões sejam
sinais políticos, mesmo quando nos mantemos calados e em silêncio.
Com o desenvolvimento económico e social do capitalismo, as relações
humanas entre os que empreendem e gerem, e, os que trabalham sob a
hierarquia dos detentores ou
representantes do
capital, foram
encontrando
modos de coabitação social, não deixando
de haver pensamentos políticos de direita, de
esquerda e outros mais moderados (a maioria) penso
eu de quê...
Olhando
para a Proposta de Orçamento de Estado como seria de esperar, tem
também como objectivo o “adoçar da cama” ao cidadão eleitor,
já que no próximo ano haverá eleições. Normalíssimo
em política.
Conjuga
a proposta de
orçamento dois
ou três objectivos, o eleitoral sem perder de vista o controle do
deficit e o crescimento da economia.
Dizem
os opositores que o crescimento previsto é anémico e em divergência
com os países mais desenvolvidos da União Europeia, mas não
apresentam ideias ou medidas alternativas de como obter um maior
crescimento económico, com o controle do deficit em conjugação com
o aumento do rendimento disponível das famílias.
Viram-se
os opositores para a Dívida Publica que vai continuar para lá dos
limites razoáveis, recusando-se eles e os que
governam a entenderem-se como controlar a divida publica, pois
esta é o resultado da soma algébrica de todas as outras medidas
políticas tomadas, e enquanto gastarmos mais do que produzimos
teremos de ter Divida Publica. O problema não é ter Divida Publica,
porque essa sempre existiu desde que há memória de Contas Publicas.
O problema consiste em como contorna-la e traze-la para níveis
aceitáveis de independência face aos tornados e furacões que
possam ocorrer na economia do Planeta.
Resta
aos opositores a questão das reformas, agarrando-se a cenários de
que um cidadão com 60 anos de idade e 40 de descontos se possa
reformar sem o tal factor de penalização existente, e que se
depois um trabalhador tiver 63 anos de idade e 42 anos de descontos
já não poderá reformar-se e terá de trabalhar até aos 66 e 5
meses, criando-se desse modo cidadãos de primeira e segunda face à
lei. Pegam nestas coisas para fazer ruído, esquecendo que o
principal objectivo é ter uma Segurança Social que seja sustentável
face às expectativas
futuras “trabalhador
activo” versus “esperança de vida”. Esquecem-se alguns
daqueles
que fazem ruído com este tema, que ao fim destes anos de Geringonça,
as reformas foram sendo ajustadas com pequenos aumentos é certo, mas
que se não existisse a Geringonça os “oposicionistas troikanos”
tinham como medida de ajuste para o deficit orçamental um corte nas
pensões de 600 milhões a ser suportado pelos que nestes últimos
anos viram o
seu rendimento descongelado
e aumentado.
Há
pois formas diferentes de gerir a economia do País, consoante o
pensamento político se possa considerar mais à direita, mais ao
centro ou mais à esquerda.
Pode-se
gostar ou não desta forma Governativa, pode-se gostar ou não da
figura do Ministro das Finanças (de que alguns iluminados troikanos
tanto
riram no início), mas pensemos
um pouco, há quantos anos não somos metralhados com Orçamentos
Retificativos,
há quantos anos o deficit estimado é alcançado com pequenas
divergências justificadas e justificáveis? Eu que sou um critico à
forma como o
Ministério das Finanças gera
as cativações, tenho que reconhecer os méritos e tirar-lhes
o chapéu.
Que
as políticas podiam ser diferentes, claro que sim. Cada um de nós
pensa de acordo com as suas ideias e desejos, mas face ao colectivo
do país que somos e da União Europeia a que pertencemos, há que
respeitar os homens que decidem, estejamos ou não em sintonia com os
seus princípios políticos. Resta-nos o voto para expressarmos o
nosso sentimento de apoio, recusa ou indiferença.