quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Passado e Futuro

Não nasci por aqui, e antes de aqui chegar ainda andei uns anos por Ferrel - Baleal. Foi contudo por aqui Lugar da Estrada – Consolação que estive mais anos enquanto jovem. Depois as voltas da vida levaram-me por outros lados, outras paragens, outras voltas.
Nas voltas da vida quis um ano que deixasse as férias no Algarve da Ria Formosa e aqui voltasse. Foi como que o renascer de raízes e já lá vão trinta e quatro anos. Sempre que posso é por aqui que gosto de espraiar a vista, largar o pensamento no horizonte infinito, sentir o vento norte entrar-me pelas narinas e pelos ouvidos como que a querer dizer-me coisas que não entendo.
Mas se o mar me chama com o bater nas rochas e na areia, também gosto de estar no outro lado da fronteira na zona raiana de Idanha a Nova junto à Extremadura Espanhola, onde tenho outras raízes e o mar se transforma em planícies de campos ora verdes ora alourados de secura, o vento é outro, ora quente e seco para depois se transformar em frio gelado, onde as oliveiras, azinheiras, sobreiros, giestas e estevas nos fazem companhia, num ambiente muito diferente do ambiente moderado penicheiro.
De um lado ao outro das duas fronteiras vivo, pelo meio as cidades que a cada dia me vão dizendo menos a ponto de não saber se nelas vivo ou sobrevivo, nem o vento que nelas sopra comunica comigo, nem o frio ou o calor quando chegam são sentidos como amigos.

É entre estes dois mundos tão perto um do outro e tão diferentes, que um dia quando esta viagem acabar e me transformar em cinzas irei repousar, com uma parte a ser entregue ao mar na maré vazante no Porto Batel (sem pagamentos de taxas oficiais), e, a outra metade a ser colocada junto a uma das oliveiras dos meus antepassados na Zebreira.

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