Não
nasci por aqui,
e antes de aqui chegar ainda andei uns anos por Ferrel - Baleal. Foi
contudo por aqui Lugar da Estrada – Consolação que estive mais
anos enquanto jovem. Depois as voltas da vida levaram-me por outros
lados, outras paragens, outras voltas.
Nas
voltas da vida quis um ano que deixasse as férias no Algarve da Ria
Formosa e aqui voltasse. Foi como que o renascer de raízes e já lá
vão trinta e quatro anos. Sempre que posso é por aqui que gosto de
espraiar a vista, largar o pensamento no horizonte infinito, sentir o
vento norte entrar-me pelas narinas e pelos ouvidos como que a querer
dizer-me coisas que não entendo.
Mas
se
o
mar me chama com o bater nas rochas e na areia, também gosto de
estar no outro lado da fronteira na
zona raiana de Idanha a Nova junto
à
Extremadura Espanhola, onde
tenho
outras raízes e
o
mar se transforma em planícies de campos ora verdes ora alourados de
secura,
o
vento é outro, ora
quente e
seco para
depois se transformar em
frio gelado, onde
as oliveiras, azinheiras, sobreiros, giestas e estevas nos fazem companhia,
num ambiente muito diferente do
ambiente moderado penicheiro.
De
um lado ao outro das duas fronteiras vivo, pelo meio as cidades que a
cada dia me vão dizendo menos a ponto de não saber se nelas vivo ou
sobrevivo, nem o vento que nelas sopra comunica comigo, nem o frio ou
o calor quando chegam são sentidos como amigos.

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