quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Os fogos


. Sou português, europeu, cidadão ocidental, critico da actual União Europeia mas não contrário à integração na e da mesma
. Faço das lembranças do passado uma forma de exercício para os neurónios, na busca de os ter atentos aos sinais que a idade do tempo vai trazendo
. Relembro o passado sem ser saudosista, porque nasci e cresci num Portugal governado por uma organização (teve vários nomes o último, salvo erro foi União ou Acção Nacional) que fazia da pobreza material e de espírito do seu povo, o seu gáudio e felicidade. Nasci e cresci num país onde a maioria da população vivia na pobreza quase miséria. Mas nasci com sorte, por ter os pais que tive, que lutaram e sofreram para que os dois filhos tivessem uma vida melhor, acabando por ver realizado esse seu sonho de jovens
. Incêndios, fogo em movimento assassino, mais um crime ambiental e não só, que tanto serve os vendedores de banha da cobra da nossa comunicação social, como os que se movem de interesses quer a montante quer a jusante do facto. Abro a televisão, percorro os canais e em todos há gente que opina, que se diz sabedora da poda criticando sempre pela negativa
. Depois da casa roubada, ano após ano, variando nas zonas geográficas, mais de acordo com a idade da floresta do que com o tempo quente de verão e outono, a vida é sempre igual, parte do país vai a banhos e a outra parte corre atrás das imagens espectaculares que os bombeiros na sua luta desigual contra o fogo assassino lhes oferece
. Triste, muito triste, observar a ansiedade da ocorrência de mortes e feridos graves que pivôs e repórteres nos transmitem em alguns dos canais televisivos. Como não gosto de vampiros desligo, seguindo pela minha outra margem
. No tempo do país pobre e atrasado, os campos serviam como forma de subsistência a muitas famílias, que os amanhavam e tratavam de os limpar, até porque nem sempre havia Bombeiros por perto e as estradas eram ruins. Se alguma queimada fugia ao controle davam o alerta, o sino da igreja tocava a rebate, e o povo saia à rua armado com baldes, enxadas, pás etc., para combater o fogo, por forma que quando os bombeiros chegavam já o fogo conhecia a fúria dos populares
. Felizmente, graças ao 25de Abril, o país deixou a pobreza franciscana do salazarismo e modernizou-se, entramos no chamado primeiro mundo entrando pela porta principal na então C.E.E., hoje União Europeia.
. Mas como não há bela sem senão, também por força dos rácios das políticas económicas e sociais impostas por Bruxelas, aceites de mão beijada pelos nossos governantes, a desertificação dos campos foi um acentuar rápido do movimento sem retrocesso, a vida das pessoas passou a ser pautada por outros hábitos e costumes. A emigração sempre, a industria principalmente da construção ofereciam aos jovens do interior aquilo que seus antepassados não conheciam, salário mensal, direito a fins de semana, férias e subsídios que por pouco que fosse, sempre era melhor que o incerto no campo… o resto as televisões fizeram…
. Os campos pobres e não pobres ficaram abandonados, onde antes se produzia algo, onde pastava o gado, cresceu mato e eucaliptos. A agricultura parente mais pobre da nossa economia conhece a falta de mão de obra disponível, e, viu entrar a noção de que o sucesso é rentabilizar algo da forma mais rápida, pelo que, qual maioria silenciosa, não há zona do País onde não haja eucaliptais
. O eucalipto só por si não arde, mas serve o interesse de muitos vampiros que por cá existem disfarçados
. A Suécia tem floresta com ordenamento, mas bastaram três ou quatro meses sem chover, para a grande maioria dos suecos conhecer o calor na sua terra, e, para a floresta ordenada arder sem controle. Quem comandou o ataque ao fogo assassino? As Forças Armadas. No Japão chuvas diluviais inundaram campos, vilas e cidades, devastando tudo à sua passagem. Quem comandou os socorros às vitimas da tragédia? As Forças Armadas. No nosso caso de tragédia na Serra de Monchique chegaram reforços de Espanha, ou seja, elementos de uma força especial do Exercito Espanhol. Mas, nós por cá vamos andar mais um ano a discutir e a alimentar uma estrutura pesada, de elevados custos e pouco operacional

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Sacha 060818



Quantos sonhos eu tive desde o dia em que ficou assente a tua adopção, quantos sonhos…
Imaginava eu, nós os dois a passearmos, a fazermos os nossos quilómetros nas calmas pelos trilhos à beira Tejo, tirando eu uma fotografia ao rio, outra a ti, outra a uma das aves que por ali vivem, imaginava...
Sonhava eu, contigo a meu lado, sentada ou deitada quando encontrássemos um banco público onde batesse a sombra nos dias de maior calor, sonhava…
Mas tu não tens culpa de eu te escolher entre os teus irmãos, nem eu sequer tenho culpa… talvez se tivesses adivinhado como eu sou, te terias recusado a vir comigo, aguardando um outro ser humano mais dócil para te fazer companhia...
Tens um génio próprio, esperta, sempre atenta a poderes liderar toda e qualquer situação, seja ela visível ou invisível ao meu olhar… não és fácil de lidar, tens a boca sempre pronta a mostrar os teus dentes brancos de cadela pastor alemã, não mordes mas… metes respeito...
Na rua continuo a perder a paciência contigo, quando encontras outros animais de quatro patas, puxas a trela, elevas no ar as patas dianteiras, rodas na tentativa de te livrares do meu controle, fazendo-me sentir um carcereiro da tua liberdade, quando não o sou, e sinto que ficas triste comigo por não te deixar brincar com o outro, não te deixar correr atrás dos outros animais baixinhos como os cá de casa, contrariada não atendes, não respeitas as minhas ordens para “sentar” antes de, nas passadeiras atravessarmos a estrada, não sem primeiro nos certificarmos da civilidade dos condutores, bem quando te chamo pelo teu nome para olhares para mim e usufruíres do biscoito compensatório, pois tu és pastor alemã dona e senhora do teu nariz…
Como sou um sonhador, não imagino como vai ser quando formos para a Consolação passar uns dias. A casa é pequena, com gente estranha a passar dia e noite ao pé de casa… será que vais ladrar sempre que alguém passar à porta, ou à janela do quarto?
E, quando formos passear no areal pela maré baixa, será que vou sentir confiança em ti para te deixar andar à solta na beira mar… como irás reagir às ondas, serás afoita como foi o Onix, ou medrosa como era o Master? Como irás reagir às gaivotas, voarás atrás delas na ânsia de lhes mostrares quem és? Mas se te deixo em Liberdade e vês outras pessoas a passear mesmo que a mais de cem metros, correrás para elas para as cumprimentares colocando as patas dianteiras no corpo e procurando mostrar-lhes como os teus dentes são bonitos e preciosos?
Tantas duvidas, tantos sonhos, incertezas e medos, mas cheguei de novo à estação dos comboios no regresso a casa há que guardar o telemóvel que a bateria já deu sinal.
Tudo isto porque me esqueci de que tu és uma cadela e não um ser humano pelo que terei de ter aquela paciência que às vezes me falta.

domingo, 5 de agosto de 2018

SMO


Ponto 1. Sou um defensor do Serviço Militar Obrigatório (SMO)
Ponto 2. Considero que o Ministro da Defesa foi e é um dos erros de casting existente neste Governo do PS com apoio parlamentar dos ditos radicais PCP e BE
Ponto 3. Não conheço Ivan Gonçalves, não sei quem é. Vi que é Deputado e dirigente líder de um clube privado onde se inscrevem determinados jovens na busca de fazerem carreira política no partido político a que o tal clube privado pertence. São ensinados e amestrados em concordarem com o pensamento do chefe, seja ele o A, o B ou o C ( a ordem dos factores é arbitrária).
Ponto 4. A Democracia podendo não ser perfeita é o melhor regime de todos os outros regimes conhecidos
Ponto 5. A existência de Partidos Políticos de ideias divergentes é fundamental para a Democracia. Sem Partidos Políticos a Liberdade é posta em causa e a Democracia desaparece
Ponto 6. Dou a minha opinião

Afirmar que o serviço militar obrigatório “não contribui para resolver nenhum dos actuais ou futuros problemas das Forças Armadas, da sua atractividade aos olhos da juventude, nem para que a condição militar saia valorizada”, revela quão restrita e diminuta é a sua noção do que é servir Portugal, o seu modo pequenino e interesseiro de mais um político apenas e só interessado no seu umbigo, perfilando-se como mais um “boy carreirista” saído dessas ditas universidades políticas partidárias.
Olhar o Serviço Militar Obrigatório para todos os jovens de ambos os sexos e orientações sexuais, não é implantar o antigo serviço militar obrigatário para transformar jovens em máquinas para uma guerra de guerrilha desconhecida. Não poderá nunca ser isso, nem tem a ver em nada com o facto de hoje as nossas forças armadas terem quase tantos generais como de militares abaixo do posto de capitão (capitães, tenentes, alferes, sargentos, cabos e soldados). Foram exatamente os dirigentes partidários governantes que, com medo do poder dos militares estão na origem do que é hoje a situação das Forças Armadas.
O convívio dos militares de carreira com os milicianos no mato, no teatro de operações, ajudou à abertura da mente dos militares de carreira nas três frentes em África (Angola, Guiné, Moçambique).
É triste para o futuro do meu país que os tais clubes privados que se designam por Juventudes Partidárias, produzam políticos que desconhecem a nossa história recente, que não vejam o SMO como uma nova escola de aprendizagem, de camaradagem, de oportunidades de novos conhecimentos, até de profissões não militares par muitos jovens que não têm na vida quem lhes dê princípios de educação cívica…
Triste ver jovens deputados demagogos que vêm logo no SMO apenas e só como um empecilho nas suas carreiras políticas e profissionais de meninos bem.
A não existência de um SMO dará origem à profissionalização dos militares, daí a poderem amanhã ser substituídos por empresas que vejam nisso um grande negócio, e já as há….(é um salto de anão)… as privatizações deixam o país mal mas políticos e seus familiares e amigos, bem instalados na vida.
Nós os grisalhos e os mais velhos sabemos bem o que eram as Forças Militares e para-militares do salazarismo e hoje temos de ler e ouvir estes «betinhos em S. Bento», Porra!!

Lembranças


Já não lembro o ano nem quem era governo, quando começou a musica doce dos subsídios para proprietários, empreendedores agrícolas, marítimos e industriais, deixarem de produzir, arrancarem vinha e olival, abaterem cabeças de gado ovino e caprino, abaterem barcos da pesca costeira, “Tudo a Bem da Nação” diziam-nos então.
Assim, os rios de dinheiro (subsídios) made in Bruxelas, encheram contas bancárias, mas o país empobreceu. É claro que em muitos casos era mais barato importar do que produzir cá dentro, mas há sempre um mas de sentido contrário, importar significa saída de divisas na altura, euros depois, empréstimos e juros, mão-de-obra que deixando de trabalhar recorreu ao Fundo de Desemprego, ou à reforma antecipada; as cidades com os subsídios para não-trabalhar não-produzirmos, encheram-se de jeeps e bombas automobilísticas, com todos numa boa, cantando e rindo que estamos no primeiro mundo.
Hoje a Lactogal surpreende os seus associados produtores de leite com argumentos idênticos, tirados a papel químico, das ideias peregrinas e liberais de então.
Ao lado, procurando passar na sombra devido ao calor que se faz sentir, o Ministro da Agricultura mais conhecido por apresentar sempre soluções para os problemas mediáticos da agricultura com mais uma nova linha de crédito bancário bonificado, procura que esta situação seja apenas e só encarada como um problema da economia privada entre fornecedores e clientes.

Meu irmão, economista e professor universitário, fez doutoramento em Poitiers, França. Os meus pais viviam já na Zebreira e tinham na altura algumas ovelhas, que na altura certa davam leite, para alimentar as crias e se poder fazer queijo. Como o leite não era muito compravam leite de vaca, directamente da teta da vaca, e a minha mãe fazia uns queijos de mistura poucos para eles e para os filhos. Nas suas deslocações a Poitiers o meu irmão levou uns queijos para oferecer aos seu mestre orientador do doutoramento, sabendo que a França tem tantas ou mais variedades de queijo, do que nós de receitas de bacalhau. Mais tarde minha mãe recebe uma carta em francês da esposa do orientador e professor universitário, agradecendo e enaltecendo a oferta dos queijos, pois há muitos anos que não comiam queijo tão bom em sabor e textura. Queijos, poucos, que minha mãe fazia para casa com base no leite de ovelha e vaca sem conservantes a não ser o sal, e com a flor do cardo para o leite coalhar. Na Zebreira havia quem fizesse bons queijos, de forma artesanal mas com produção suficiente para ir comercializando, já que toda a produção era vendida. Lembro-me de ir comprar queijos à mãe do meu vizinho Alexandre e da Nelinha, a Senhora Carvalha (?) lá no Espírito Santo.

Claro que o Sr. Ministro e todos os seus antecessores ignoraram as qualidades que os nossos produtos artesanais tinham e ainda têm os que resistem às modernices e interesses da industria química e multinacionais agro-alimentar.
Falei no queijo que minha mãe fazia para casa à cabreira, mas podia falar do azeite extraído a frio das oliveiras em cultura extensiva. Podia perguntar ou lembrar, porque é que os produtores espanhóis vem a Portugal à zona raiana da Beira Baixa (pelo menos) comprar azeitona galega para fazerem com ela azeite?
Mas, seguindo os interesses das multinacionais, dos liberais de Bruxelas, os senhores Ministros actuais e antecessores preferem dar subsídios chorudos ao olival de regadio que vai invadindo os campos do Alentejo. Preferem subsidiar a cultura do olival de forma intensiva, cultura essa geradora de vários problemas ambientais, hídricos e pragas nocivas, para poderem produzir mais azeite de menor qualidade, sempre subordinados aos rácios dos liberais de Bruxelas não sendo capazes de dar um murro na mesa em defesa da qualidade que ainda há quem saiba fazer por cá.
Agora vou tomar um duche que esta calor e os neurónios sempre refrescam um pouco.