Mar Mediterrâneo, berço da
civilização ocidental, mar onde se encontram os países do sul da
Europa com os do Norte de África e da Ásia menor ou Médio Oriente.
Cá deste lado do sul da Europa duas notas em dia de Santo António.
A primeira é a lufada de ar fresco
na política dada pelo líder do novo governo espanhol. Num país
onde ainda uma grande parte dos homens pensa de acordo com o velho
ditado «as mulheres se querem em casa e de preferência com uma
perna partida», apresentar um governo em que as figuras ministeriais
femininas estão em maioria, é em si um facto político, uma lufada
de ar fresco contra a tendência da onda conservadora e nacionalista
que graça na União Europeia. Se vão governar bem? É outro assunto
e caberá aos espanhóis o veredicto nas questões internas, e a todos
nós que ainda acreditamos numa União Europeia estar atentos à sua
posição face aos problemas europeus que a nós também nos dizem
respeito.
A outra nota vai para a Itália, o
poderoso país do sul nas suas eternas lutas e desconfianças
internas, encontrou um governo formado por dois partidos em teoria
opostos mas que se uniram escolhendo um líder para primeiro ministro
um conservador à boa imagem de Mussolini. Um dos países fundadores
do que hoje é a U. E. é governado agora por partidos cépticos face
ao euro e anti europeístas . Suponho que na sua tomada de posse não
deve ter faltado o jurar sobre a bíblia debaixo da cruz símbolo do
poder religioso da igreja católica romana. No G7 mostrou-se e mal
chegou a casa logo proibiu o desembarque de mais um barco cheio de
emigrantes refugiados mostrando todo o seu populismo e
anti-humanismo. A doutrina humanista da igreja consignada na bíblia
e Cruz de Cristo sobre a qual terá jurado foi só um pró-forma para a
comunicação social, já que Mussolini é o seu líder inspirador.
Felizmente em Espanha o novo líder
político do governo que não jurou sobre a bíblia, aproveita a
situação, mostra ser humanista e procura trazer de novo para o seio
da U. E. a discussão do problema grave que os países do sul têm
com o problema dos emigrantes que tudo arriscam para chegar à
Europa. Duas semanas antes e Rajoy, o conservador popular teria
tomado esta decisão de deixar o barco aportar a Valência? Duvido.
O problema da emigração existe e é
um problema europeu que a União Europeia tem olhar de frente, não
pode tapar o sol com a peneira, tem de encontrar solução que seja
viável e sustentável, não é fácil mas também não será
impossível.
O horizonte futuro apresenta-se cada
dia mais escuro e carregado com e de ideais populistas, conservadoras e
nacionalistas de mau agoiro para o futuro das minhas netas e neto
assim como de todos os jovens, crianças e vindouros.