Os
dias seguem-se uns aos outros do mesmo modo há milhões de anos.
Agora vivemos um presente que nenhum
de nós poderia imaginar. Vivemos em liberdade democrática mas não
devemos sair
de casa mais do que o essencial. O meu essencial é a minha rotina de
todas as manhãs desde que tenho a minha amiga Sacha. Encurtei o
tempo andando por ruas em vez de andar pelos trilhos da beira rio.
Hoje,
ainda era escuro, comecei a ouvir o barulho que os carros fazem ao
passar na Nacional 10 e desconfiei. Contudo quando saímos chovia e
verifiquei que o movimento era semelhante aos dias anteriores, só
que com a estrada molhada da chuva o atrito dos carros a passarem
emitem
um
outro ruído.
Como
estamos em altura de Páscoa e ontem quando fui ao supermercado não
encontrei a carne de borrego (para mim a melhor carne) hoje voltei a
sair. Fui mais cedo a um outro supermercado. Quando lá cheguei era
cedo mas já havia fila e na rua. Chovia e debaixo de chuva aguardei
a minha vez. Tudo corria normalmente como de todas as vezes que fui
ao supermercado mas, hoje o raio de uma velha pensou ser mais esperta
que todos os outros que estavam à chuva e fazendo-me sinal
colocou-se não na fila mas debaixo do toldo do prédio contiguo ao
supermercado. Já estranhava não ter ainda encontrado uma velha com
a mania de ser mais esperta que a esperteza. Tirando esta virgula
fora do contexto tudo correu normalmente, com todos a respeitarem-se
sem atropelos.
Ao
grelhar o peixe espada para o almoço acabei por ouvir a conferência
de imprensa sobre a situação no nosso país do coronavírus
covid-19 do senhor Secretário de Estado de Saúde, da senhora
Directora Geral de Saúde e do senhor Presidente do Instituto Ricardo
Jorge. Eu não teria paciência para estar todos os dias a enfrentar
as perguntas de má-fé que alguns jornalistas colocam. Eu
responderia como alguns treinadores de futebol quando nas suas
conferências lhes fazem perguntas estúpidas, respondendo eles que
estão
ali para falar do jogo. Não
sei porque não fixei o nome da jornalista da televisão pública mas
arrisco-me a pensar que ela não estava ali de boa fé porque
se
aproveitou
do
ataque velado
ao SNS dado
pelo PR ao ir
submeter-se a um teste de
imunidade ao covid-19 numa
instituição privada
de renome muito ao gosto dos que defendem a saúde privada como
alternativa ao SNS. Não esqueço que o seu partido político após o
25 de Abril na altura da aprovação do SNS público e universal para
todos votou contra a constituição do mesmo. Respondeu o Presidente
do Instituto Ricardo Jorge. A meu ver bem mas, os que estão sempre a
ver a chegado do aguardado diabo acharão que não respondeu à
pergunta. Coisas da política e de como vemos e analisamos os factos
da vida.
Por
falar nessa instituição de renome lembro-me que já este ano levei
lá um casal amigo. Ela médica de profissão tinha estado internada
no Hospital de Setúbal, tendo feito todos os exames e análises lá
e em instituições privadas que trabalham com o hospital. Mas para
descargo de consciência em busca do mal que a levou a estar
internada, os colegas do Hospital mandaram-na fazer um “pet scan”
na tal instituição privada de renome. Como o companheiro estava a
recuperar de um pequeno “avc” eu fui busca-los e levá-los para a
realização do tal exame caríssimo diga-se em abono da verdade. Tal
como nas instituições do SNS cumprir horários não é habito das
classes profissionais que trabalham na saúde nas instituições
privadas. O utente doente terá quase sempre de esperar e raramente
ao entrar no gabinete ou na sala ouve um pedido de desculpas pelo
atraso no atendimento. O que é facto é que o exame foi efectuado
umas horas depois da hora marcada, sendo que a técnica que lhe
realizou o exame nada de anormal encontrou não deixando contudo de
procurar vender-lhe
a ideia
que ela fizesse lá na
instituição uma
ressonância magnética. Ressonância que ela já tinha feito a
pedido do Hospital de Setúbal numa outra instituição privada. Mas
a saúde privada é assim mesmo, vivem em busca de receitas
financeiras e colateralmente podem
tratar da
saúde do paciente.
Não
sei o que se irá passar com a educação. Tenho uma neta no sétimo
ano e sinto uma ponta de ansiedade quando penso no assunto. Nem ouvi
ainda nada do que os responsáveis governamentais decidiram sobre o
assunto, recusando-me a dar ouvidos a representantes de associações
ou de professores. Não lhe dou o meu tempo por sentir que todos têm
algo de interesse a defender, colocando o seu umbigo à frente dos
interesses do país.
Depois
vou tomando conhecimento do número crescente de empresas que fecham,
outras que aderem ao lay off e muitas outras talvez mais saudáveis
financeiramente que propõem aos colaboradores o entrarem agora de
férias. Com estas situações há milhares de trabalhadores que
desconhecem o que irá ser o seu futuro próximo.
Os
técnicos
da DGS e do MS não nos dão uma previsão de quando o país poderá
voltar a dar passos rumo a uma normalidade de vida que se terá que
adaptar às novas circunstancias que o vírus covid-19 nos impôs e
impõe.
Para
que andar já a decidir o regresso às aulas com a problemática dos
exames?
A
telescola para os mais novos irá levantar muitas «guerrinhas
surdas»
entre os interesses dos professores eles próprios representantes
dos
interesses das diversas editoras de livros escolares.
A
telescola representará o voltarmos ao tempo dos avós quando todos
aprendíamos de norte a sul, do litoral ao interior pelos mesmos
livros, pelas mesmas sebentas. Imagino
a luta dos lobistas nesta área e matéria, todos a quererem que o
livro de base seja o seu e não o da outra escola de outro
agrupamento que
segue os livros de uma outra editora.
Não
será fácil a vida do Ministro.
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