Sr. Primeiro-ministro (PM) na passada sexta-feira fui
mais cedo passear com o meu amigo Master para o podermos ouvir com atenção e
olhe que já não fazia isto há tanto tempo que nem me lembro qual foi a ultima
vez que lhe dei ouvidos.
O Sr. PM falou do seu pensar e nós ouvi-mo-lo com
atenção, mais eu do que o Master, mas é natural, ele estava mais interessado em
comer a ração que ainda vou podendo comprar.
Errou o Sr. PM aqui e ali, mas sempre foi melhor do
que o tal de Capela no derby da capital. Ouvi depois, comentadores e
falsos-comentadores. Esclareço-o Sr. PM que falsos comentadores são para mim
todos os seus amigos políticos e ex-políticos, que opinam nas TV’s sobre o que
o Sr. PM devia fazer e não faz ou sobre o que o Sr. PM faz e não devia fazer. O
senhor entende o que eu quero dizer, falam e falam mas dizem pouco para aquilo
que conspiram. O Sr. PM sabe melhor do que eu que a velha máxima da política
portuguesa «os meus inimigos são os do meu partido, os outros são meus adversários»
está mais actual do que nunca.
Contudo, fiquei com mais dúvidas dos que as que já
tinha antes de o ouvir.
Sempre se vai fazer a Reforma do Estado? Se a tal
reforma vai avançar, estas medidas agora anunciadas pelo Sr. PM fazem parte do aquecimento ou já são parte do
resultado?
Não o ouvi falar nas fundações, institutos e outros
organismos existentes, improdutivos e inúteis. Foi esquecimento dos seus
assessores ou fui eu que não o ouvi bem? Este meu ouvido direito anda a falhar
cada vez mais, sabe. Os tais 30.000 funcionários já contam com os funcionários
das tais fundações e organismos inúteis ou vão continuarem a receber os seus
vencimentos aguardando pelo novo pedido de ajustamento?
O telemóvel tocou, coisas do trabalho e, fiquei sem
entender bem a questão do novo imposto a que o Sr. PM chama de taxa mas que na
verdade sendo taxa ou imposto é o agravar da carga fiscal das famílias. Esse novo
imposto ou taxa como o Sr. PM diz, também vai incidir sobre o total das remunerações
dos políticos como exemplo de solidariedade para com os mais velhos?
Ao querer resolver o assunto de trabalho e ao mesmo
tempo querer ouvi-lo, devo ter compreendido mal a questão da nova taxa.
Sempre se vai avançar com o ajustamento entre os
diversos sistemas de aposentação? Espero que seja desta.
Sr. PM se a idade da reforma sem penalização é aos
66 anos porque é que a idade oficial é aos 65 anos? Será que a partir de agora
todo e qualquer cidadão vai passar a receber a reforma por inteiro só aos 66
anos? Quer dizer então o Sr. PM que os políticos receberão a sua reforma pelo
trabalho de estarem sentados e levantarem-se para dar o seu voto no Parlamento
aos 66 ou aos 65 anos? E aqueles que pretenderem demonstrar a sua incapacidade para o
trabalho poderão fazê lo e aceitar a pré-reforma com as penalizações devidas
como qualquer outro cidadão? Ouvi bem? Será que compreendi bem, ou estarei
mesmo com o ouvido direito em off?
Os comentadores e falsos-comentadores não falaram
sobre estes temas e eu fiquei com mais dúvidas do que as que tinha.
Sabe, Sr. PM eu sou um político passivo e já antes
do “ponto de ordem à República que foi o saudoso 25 de Abril de 1974, eu era do
contra. Penso que na altura até estávamos bem perto um do outro, pois se não me
falha esta memória que tão cansada anda, o Sr. PM andava então por Silva Porto,
Bié, Angola e eu também lá andava mas de G3 na mão. Sou do contra mas pacifico
sem ser antimilitar, não sei se me compreende.
Não quero ser algo mais do que aquilo que sou e
gosto de ser, mas as dúvidas fazem-me aumentar os «glóbulos do contra» e embora
tenha conseguido estabilizar a tensão arterial, sem custos para o SNS, os «glóbulos
do contra» alimentam os neurónios e tenho medo do aumento de velocidade que
estes possam provocar na central de processamento de ideias e pensamentos (cérebro).
Vou ficar à espera dos princípios propostos e
quantificados para a Reforma do Estado, para ver como se encaixam estes cortes
e remendos que andam executando. Depois logo se verá…
Assina,
Um Português que quer que os seus netos, netas e
vindouros continuem a ser Portugueses e Europeus.
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