segunda-feira, 10 de junho de 2013

O passeio é o mesmo mais torto mais gasto com o andar do tempo mas o mesmo passeio. A rua que outrora era movimentada com as pessoas a entrarem e a saírem dos estabelecimentos esta hoje quase silenciosa. Resistem de porta aberta as duas pastelarias, as cabeleireiras e a loja de informática, até dois dos três bancos existentes fecharam portas. À confusão do estacionamento com carros em segunda fila circula-se hoje sem problema. Podíamos dizer que a qualidade de vida melhorou mas é engano as pessoas que a pé se cruzam com ele, caminham de olhar triste e normalmente olhando o chão, ao cumprimento de «bom dia» respondem com silêncio continuando o seu passo lento e triste. Os anúncios de «arrenda-se» ou «vende-se» da Remax e da Era vão ocupando lugares sem vida.
Disseram-lhe que nas TV’s anunciaram a morte das aldeias do interior. Os que por lá vão habitando são velhos, uns foram ficando, cuidando das suas terras, dos seus bens, outros regressaram quando se reformaram; aldeias onde não nasce uma criança faz tempo. Aldeias que com a chegada dos grandes supermercados às cidades e vilas, até a pequena horta deixou de ser tratada. Aldeões que vão resistindo até que um dia a morte os leve para outra viagem. Casas de pedra com muitas histórias vão também elas morrendo sem vida que as anime.
Ele não vive nessas aldeias do interior, conhece algumas mas vive perto do mar junto à cidade grande que o viu um dia nascer. Também no litoral nas cidades dormitórios a vida vai mudando, a vida da pequena urbe quase se limita ao vai vem de casa-trabalho-casa, os jardins e cafés são ocupados por reformados e pensionistas que ficaram porque já não têm lugar na aldeia onde nasceram ou tem vergonha de voltar para lá. Morrer por morrer que seja por aqui que ninguém conhece o seu passado a história da sua família e assim vão limpando e gastando os bancos dos jardins, dos passeios sem norte, vivendo perdendo a esperança.
Morrem as aldeias do interior e vai morrendo a vida no Litoral.
Dizem que é o progresso mas ele não vê nisso qualquer vantagem. Na era da comunicação, na era da globalização, na era do chamado bem-estar social, nunca como hoje existiu tanta solidão, tanto medo nos de maior idade, tantas pessoas novas e de meia-idade, cuja esperança é o computador ou um smartphone para comunicar com alguém que esta no outro lado da rua ou do mundo.

Nem sempre o chamado progresso é coisa boa. Ele sabe-o, procura descrever esse seu sentimento mas as palavras não lhe saem. 

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