quarta-feira, 5 de junho de 2013

A um comentário sobre as coisas que vou pensando à minha maneira sobre este tempo de vida, saíram-me estas letras.
As reservas de ouro que temos são das maiores. Utiliza-las para amortizar a divida podia ser um meio, pouparíamos juros mas ficávamos piores do que estamos. Os especialista em moeda e crédito nada tem dito sobre o tema. Talvez que vende-las não resolvia o problema estrutural.
 Independente de se ser ou autodenominar-se de esquerda, do centro ou de direita temos que reconhecer que a máquina do estado é muito pesada para aquilo que produz. Há que cortar, não acredito nas reconversões.
Nada tenho contra os funcionários públicos, tenho-os na minha família e também eu quis ser funcionário da IGF, na altura quando cheguei da guerra de Angola, mas o sr. Vasco Gonçalves achou melhor estratégia e suspendeu as admissões para dar lugar aos que regressavam das antigas colónias. Lá fui eu parar o sector privado. Não faltava trabalho, mesmo com a situação politica que se vivia em 75.
O problema não está em despedir, mas sim, como se vai ou como se esta a fazer o processo de despedimento. É duro, é triste, faz doer o coração, vai criar mais despesa ao SNS com os tais ansiolíticos, psicotrópicos e outros não comparticipados. Os partidos políticos desde o tempo do Sr. Vasco Gonçalves que partidarizaram o funcionalismo público, a “cunha-política” serviu para tudo, para admissões, promoções e nomeações à velha maneira salazarista. Quando se receberam aumentos irreais para se ganharem eleições algumas com maioria absoluta, todos dançaram e ninguém foi à ponta de Sagres olhar o futuro; quando se concedeu o 14º mês aos pensionistas para fins eleitorais ninguém veio a terreiro lembrar que não era uma medida suportada pelo PIB. A Europa de Bruxelas mandava dizem que 9 milhões por dia, era um fartar vilanagem.
Temos uma administração pública que não funciona por culpa dos partidos políticos que a partidarizaram anulando e matando o espírito da «defesa do bem e da causa pública». A máquina do estado está muito mais doente que o País. É duro, é triste, faz doer o coração, lançar famílias no desespero, na ausência de futuro, mas há que cortar e o corte é sinónimo de despedimento. Conheço bem esse mundo do «despedimento e do despedido».
Vieram 9 milhões dia segundo dizem. Pena terem sido só 9 porque 20 ou 30 teriam sido bem melhores.
Façam uma visita ao Portugal de então. Nem sequer havia a autoestrada Lisboa Porto. As escolas eram basicamente as do estado novo, mudaram o nome aos estabelecimentos mas as infraestruturas eram as mesmas, com as novas escolas a serem construídas em modelo arcaico. Não havia dinheiro para mais. Hospitais velhos no seu equipamento para um serviço nacional de saúde que dava os primeiros passos e que se desenvolveu do incipiente à excelência, com a aliança dos trabalhadores da saúde e do dinheiro da Europa. Quantas horas demorava para ir de Lisboa a Castelo Branco, de Lisboa a Faro ou de Lisboa ao Porto de carro? Talvez se tenham esquecido mas em 83 o FMI foi chamado a ajudar-nos porque tínhamos ouro mas não tínhamos divisas para pagarmos as nossas importações de bens.
Cometeram-se erros, com certeza. Cometeram-se e muitos, mas também demos saltos qualitativos como cidadãos e como País.
Vou-lhes lembrar um exemplo. A Barragem de Alqueva. Foi projetada no III Plano de Fomento (à época reinava o Doutor Salazar) fazendo parte da rede de barragens. Depois o Doutor caiu da cadeira e escolheram outro Doutor que prometeu uma primavera mas as flores nunca floriram. Entrou-se para a EFTA e lá fomos buscar empréstimos e talvez subsídios às organizações internacionais. Em quase todos os estudos para pedir o “guito” entrava a famosa Alqueva. Veio Abril e lá continuava o projeto a suportar mais pedidos de dinheiro através de empréstimos. Até que, com os milhões da Europa de Bruxelas lá se acabou a barragem de Alqueva. Os velhos do Restelo diziam que seriam precisos 30 anos para a Barragem encher, afinal nem meia dúzia de anos foram precisos. A barragem pode e deve alimentar outras incluídas no programa de rega. Infelizmente os novos arautos no marketing politico preocupa-se mais com o turismo e campos de golfe, do que com o principio de desenvolvimento agrícola da região. Quantos anos vai demorar a completar a rede de rega, é a minha dúvida e pergunta. A qualidade da água da barragem é um outro problema, ficando fora deste tema agora. O Alentejo tem Sol, Terra e Gentes. Faltava-lhe Água. Agora existe água em stock mas da janela do ministério não se vê o azul esverdeado do pequeno mar de Alqueva.

O futuro qualquer que seja o modelo vai exigir dos nossos netos e vindouros, saber e competência. Veja-se a rede de Institutos Politécnicos, de Universidades e Polos Universitários, redes de saber onde se partilha o saber com a competência. Quantos jovens acima da média europeia saem das nossas escolas públicas? Porque vêm os outros países fazer reuniões de oferta de trabalho no nosso País. Toda essa rede de saber não se construiu com o nosso PIB.

Dizer mal, só mal, criticar por criticar sem dizer como faria em alternativa é uma doença civilizacional do português. Um trauma ou uma má qualidade deixada pela Santa Inquisição e que não nos abandona. Hoje passados quase 40 anos sobre a reconquista da Liberdade continuamos a ser um povo de brandos costumes e publicas virtudes, um povo que dá mais valor ao status do que ao trabalho. Um país de doutores e engenheiros onde escasseiam os Senhores.

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