O
silêncio domina. A vida corre normal. O vírus não entrou cá no
concelho.
A
viagem ontem correu serena. Nas duas superfícies comerciais onde fiz
compras na cidade de Castelo Branco o movimento era perfeitamente
normal com as pessoas a usarem a máscara quando entram nas mesmas.
Ninguém atropela ninguém, todos nos evitávamos uns aos outros.
Acabava
de almoçar quando
chegou o meu amigo que
me vinha cumprimentar porque cá o bicho não entrou. Evitei
dizendo-lhe que eu vinha da poluição e assim era melhor, já que
todo o cuidado é
pouco. Estávamos a falar das videiras novas que pegaram todas para
depois se arrancar as velhas, quando passa um outro amigo que depois
de almoçar voltava ao trabalho. Amigo que gostava de ir ao café
beber a sua bica, a sua cervejinha mas que não aceita ir ao café e
ter de as beber na rua, revoltado com a situação já se habituou a
bebê-las em casa. Também a mulher do meu amigo diabética ao ficar
em casa todo este tempo diz que já não sente necessidade de todas
as manhãs ir lá acima ao café beber a sua bica. O vírus a mudar
hábitos de convivência.
Como
não tenho televisão só a rádio e a Internet me ligam ao mundo.
Mundo que julgávamos ser mais civilizado do que na verdade o é.
A
grande maioria dos portugueses ficou em casa não por educação
cívica mas por terem medo, com
as
televisões sempre
mais interessadas na exploração desse
conceito tão antigo que é o
medo e que tantas
audiências lhe dá. Em vez do procurarem
aconselhar e ajudar à educação cívica de
como nos devemos comportar em “pandemia” só a apologia do medo lhes interessa durante horas e horas de emissão, criando o
pânico em várias gerações. Alguns políticos responsáveis
ajudaram a que tal clima se instalasse. Que
juventude iremos ter amanhã é mais uma das minhas duvidas?
Com
o passar do tempo
o vírus mantém
a sua actividade de contágio, contudo
as autoridades governativas vão dando autorização para que algumas
actividades económicas
recomecem
a sua actividade lentamente.
O medo parece ter tomado conta do tempo entrando
na fase de vivermos com dois vírus, o tal
covid-19 e um outro
vírus sem
nome mas já nosso
conhecido de
anos anteriores ou
seja o da
recessão económica. Este segundo vírus reacende-se por acção do
primeiro, sendo necessário já
um grande esforço colectivo para lhe fazer frente.
A
fome em muitos
lares
familiares
que recorrem às organizações sociais para
poderem ter algo para se alimentarem não
é apenas e só consequência da pandemia, ela simplesmente veio
agravar ainda mais a vida precária de muitas famílias cuja
existência é necessária ao
actual sistema
social da sociedade. Ou
não fosse a fome mundial representar tão pouco comparativamente aos
gastos da industria do armamento, por exemplo.
Considerando
que o país só esteve unido entre o 25 de Abril e o 1 de Maio de
1974, não vejo como iremos sair desta pandemia dupla sem
sacrifícios individuais e colectivos por muito boa que seja a vontade nas
palavras de quem nos governa. As diversas organizações políticas e
sociais já estão a puxar cada uma para o lado que lhe convém pôr
ideologia, por interesses mais ou menos ocultos, criticando sempre as
medidas dos que governam e tem de tomar decisões.
O
Turismo actividade que mascarava as nossas contas públicas está
moribundo com muitas das empresas que dele faziam a sua actividade
principal ligadas à máquina em busca de oxigénio, sendo que para
muitas empresas parece não haver ventiladores disponíveis. Iludidos pelos
ares da falsa “primavera árabe” aprovaram-se projectos
imobiliários assassinos dos bairros tradicionais das cidades por
falta de outra visão estratégica para essas zonas históricas das
urbes; autorizaram-se hotéis e mais hotéis sempre a contar com o
ovo no cu da galinha. A iniciativa privada e o empreendedorismo a
fazer de sofríveis autarcas gente importante. Agora os
empreendedores, os homens que tinham visão do futuro estão de
calças nas mãos a pedirem dinheiro ao velho Estado. O tal Estado
que era pesado, burocratizado que os impedia de realizar os seus
sonhos de homens de negócio com visão de futuro.
Quando
recebiam os “dinheirinhos” das marcações de
estrangeiros... quantos não o
recebiam
directamente nas suas contas off. Agora que
perderam a
visão de futuro porque chegou um
vírus estendem a mão ao Estado Previdência que tanto renegavam.
Mas
o pequeno e médio empresário sem lugar na dita concertação social
dos grandes faz das tripas coração e contas à vida...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.