sábado, 2 de maio de 2020

Quadragésimo quinto dia do resto das nossas vidas


Quarenta e cinco dias passaram deste tal Estado de emergência. Chegámos ao último dia do mesmo sem que saiba ainda como tratar de forma eficaz os infectados. Continua tudo às apalpadelas sendo que não é aconselhável o contacto entre estranhos, amigos e até familiares. Mudanças de hábitos ou apenas um intervalo forçado pois com vírus ou sem vírus não deixamos de ser um povo de saudades, de nostalgias e de afectos.
Muitas perguntas, questões e dúvidas continuam no ar e vão continuar porque a guerra gananciosa pelo lucro, pela exploração desenfreada dos recursos da mãe Natureza; as condições de trabalho escravo, semi-escravo, sub-humano não dignificante vão continuar a ser exploradas até ao tutano pelo sistema de vida de um capitalismo selvagem consumista que com muita publicidade perversa e enganosa nos trouxe até aqui.
Só dois exemplos:
Primeiro, a exploração conveniente da imagem do Papa Francisco um homem só na Praça de S. Pedro, mas o que ele diz aconselha e pede aos fiéis e há humanidade pouco ou nada interessa divulgar; as suas palavras, os seus pensamentos humanistas contra a exploração selvagem do ser humano sempre em segundo plano, esquecidas, soletradas quase a medo, quando a substância ecuménica das suas palavras é muito mais importante que a sua própria imagem porque elas são a dimensão do isolamento a que o humanismo cristão foi vetado quer pelo sistema quer pela própria cúria romana.
Outro exemplo, é o tempo de antena televisiva dado a dois treinadores de futebol vaidosos e arrogantes de pouco “fair play” que no seu curriculum não tem a formação o apoio de nenhum dos jovens talentos que crescem e vivem no futebol, em comparação ao tempo dado às enormes capacidades técnicas, de conhecimento e inovação dos nossos cientistas que quase sem condições financeiras de apoio criam, desenvolvem ideias e, em trabalho voluntário em pouco tempo desenvolveram testes para a detecção dos infectados com o vírus sem recorremos às tão caras importações de reagentes, como foi o caso da equipa do nosso Instituto de Medicina Molecular.
Com estes e outros muitos exemplos que infelizmente todos os dias nos dão vai ser difícil sermos gente de corpo inteiro donos do nosso futuro abertos ao mundo.

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