Quarenta
e cinco dias passaram deste tal Estado de emergência. Chegámos ao
último dia do mesmo sem que saiba ainda como tratar de forma eficaz
os infectados. Continua tudo às apalpadelas sendo que não é
aconselhável o contacto entre estranhos, amigos e até familiares.
Mudanças de hábitos ou apenas um intervalo forçado pois com vírus
ou sem vírus não deixamos de ser um povo de saudades, de nostalgias
e de afectos.
Muitas
perguntas, questões e dúvidas continuam no ar e vão continuar
porque a guerra gananciosa pelo lucro, pela exploração desenfreada
dos recursos da mãe Natureza; as condições de trabalho escravo,
semi-escravo, sub-humano não dignificante vão continuar a ser
exploradas até ao tutano pelo sistema de vida de um capitalismo
selvagem consumista que com muita publicidade perversa e enganosa nos
trouxe até aqui.
Só
dois exemplos:
Primeiro,
a exploração conveniente da imagem do Papa Francisco um homem só
na Praça de S. Pedro, mas o que ele diz aconselha e pede aos fiéis
e há humanidade pouco ou nada interessa divulgar; as suas palavras,
os seus pensamentos humanistas contra a exploração selvagem do ser
humano sempre em segundo plano, esquecidas, soletradas quase a medo,
quando a substância ecuménica das suas palavras é muito mais
importante que a sua própria imagem porque elas são a dimensão do
isolamento a que o humanismo cristão foi vetado quer pelo sistema
quer pela própria cúria romana.
Outro
exemplo, é o tempo de antena televisiva dado a dois treinadores de
futebol vaidosos e arrogantes de pouco “fair play” que no seu
curriculum não tem a formação o apoio de nenhum dos jovens
talentos que crescem e vivem no futebol, em comparação ao tempo
dado às enormes capacidades técnicas, de conhecimento e inovação
dos nossos cientistas que quase sem condições financeiras de apoio
criam, desenvolvem ideias e, em trabalho voluntário em pouco tempo
desenvolveram testes para a detecção dos infectados com o vírus
sem recorremos às tão caras importações de reagentes, como foi o
caso da equipa do nosso Instituto de Medicina Molecular.
Com
estes e outros muitos exemplos que infelizmente todos os dias nos dão
vai ser difícil sermos gente de corpo inteiro donos do nosso futuro
abertos ao mundo.
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