
Acordei
já o dia tinha voltado a sorrir. Acordei como se estivesse na ponta
do Cabo Carvoeiro, a olhar o mar, o horizonte infinito… para trás
tinham ficado as terras raianas que o Erges divide, e onde o Tejo
entra em Portugal. Vi a Berlenga mas não reparei na Nau dos Corvos
povoada pelos seus amigos. Uma onda bateu forte e subiu até cá
acima, dei dois passos atrás encostei-me à oliveira cordovil do meu
quintal. Acordei e continuei a sonhar, a pensar como tudo nos pode acontecer.
Hoje estou bem, amanhã logo se verá e quando chegar o momento de
não ter consciência do momento seguinte é para ali, para as
profundezas daquelas águas de cor única que quero voltar, é nelas
que quero repousar lançado num dia de vento norte. Não quero nem
flores nem lágrimas, apenas que possa ser lembrado «como um tipo
respeitador» nada mais.
Já
acordado, ouvindo as notícias inconscientemente adiciono a este meu
sonho e desejo que o «banho final» não pague qualquer cêntimo de impostos
ou taxas, se tiver que ser clandestino pois que o seja… que
morrerei cansado de viver no meio de quem só tem direitos à custa
do sempre pagador Zé Contribuinte, de quem se verga e amocha perante
os representantes do neo-liberalismo sedento e tão valentes lutadores dos
seus direitos se apresentam perante os tendencialmente social
democratas.
Não
sou social democrata, na verdade já nem sei bem o que sou
politicamente, gostaria que os minhas netas e neto, vivessem numa
sociedade muito mais decente do que a actual, muito mais humana,
solidária, fraterna, muito menos consumista, onde a riqueza não se
imponham pelos bens materiais de ostentação… onde os direitos tenham o mesmo peso
e medida que os deveres e obrigações, onde a Liberdade de uns acabe onde começa a Liberdade do outro!
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