segunda-feira, 8 de maio de 2023

01.05.23

 

Maio, maduro Maio, quem te quebrou o encanto.

És ainda neste teu primeiro dia feriado, dia do trabalhador, mas as nuvens negras dos eunucos já sobrevoam as nossas cabeças, enquanto os vampiros afiam os dentes, batem palmas aguardando sedentos pelo reinício da festa.

Já não terei sangue para os alimentar, estou velho e cansado de ver tanto desperdício, tanta mentira andar de vento em popa como se fosse pura verdade, tanta incompetência política, tanto analfabeto ideológico promovido, tanto lambe-botas, tanto servilismo aos poderosos de Bruxelas.

Nas reuniões a que assisti aquilo que os jovens estudantes de economia colocavam em dúvida, aos políticos e militantes da adesão à então CEE, já nesse tempo a abandonar o caminho do Estado Social e a abraçar a corrente liberal que soprava do outro lado do Atlântico Norte, foi-se confirmando no tempo, vendemos a nossa independência a troco de dinheiros que apenas mascarou empobrecendo o país , hoje ainda mais dependente do exterior, alimentando os cidadãos com uma vida artificial, à beira até de a própria autonomia virmos a perder, tão submissos temos sido ao longo do tempo com aqueles seres sem alma.

Somos hoje um país que se prostituiu de mão estendida aos senhores de Bruxelas, sem que alguma vez tenhamos sido consultados para tais escolhas, nunca fomos chamados a votar não só nas transferências de soberania que políticos eleitos realizaram, como na escolha dos mandantes sem alma que por lá dizem governar.

Já não há nobres como Martim Moniz, nem como Egas Moniz, os atuais nobres políticos endinheirados já não se atravessam arriscando, nem levam cordas ao pescoço, agora só conhecem o dinheiro dolarizado das transações comerciais que tudo tem pervertido, com os arautos da governança a quererem convencer-nos que vivemos em democracia e em liberdade, ocultando essa gente tão serva como os demais mandantes da governança, que democracia e liberdade exigem que sejamos independentes nas nossas ações e vontades.

Não há democracia e liberdade sem independência económica, e nós vivemos de mão estendida aos mercadores e especuladores financeiros exteriores.

O que essa gente sem medula nos vendem já não admira, o que me admira é como é que um povo com quase novecentos anos de história, se entrega outra vez de novo, agora não a Castela mas a uns estrangeirados pouco europeus em Bruxelas, sem contrapartidas, andando sempre de mão estendida a pedir dinheiro aos outros.

Depois, ouço o velho disco de vinil com a voz do Zeca cantando “Maio maduro Maio” e nesse levitar lembro a frase do imperador romano Julius César quando voltou a Roma e sobre o povo que vivia na parte ocidental da Ibéria, terá comentado que era um povo estranho que não se governava mas também não se deixava governar.

Talvez seja esse o nosso próprio ADN ao longo dos quase novecentos anos de história.

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