segunda-feira, 8 de maio de 2023

02.04.23

Vive no seu canto. O silêncio da ausência é sua companhia. Silêncio que vai aceitando, colocando em stand by a loucura que o vinha a atormentar nos últimos tempos. O silêncio de hoje é a paga com juros e correção do silêncio que lá atrás no tempo ele lhe fez, lhe deu.

Mais uma vez, vivendo a sua vida calma cuidando do quintal a remover as ervas daninhas, colocando um sistema de rega gota a gota para que na sua ausência não falte humidade quer às árvores (limoeiro, laranjeira, tangerineira, romãzeira e videiras, as oliveiras não precisam bebem a água pelas folhas) quer às plantas (abóbora manteiga, tomateiro, pimenteiros, mirtilos, framboesa e outras flores sem esquecer as couves) a "sombra" que um dia lhe deu uma morada, lhe liga para lhe dizer que não deve deixar de a procurar, ao que ele lhe diz que já lhe bateu à porta e já lhe enviou parte do que vai escrevendo pedindo por escrito, desculpa, ouvindo de novo o outro lado da ligação dizer que deve procurá-la enquanto estão vivos, porque no outro mundo como lhe irá pedir desculpas? Mas já toquei à campainha, responde, ouvindo de novo que deve procurá-la para cara a cara lhe pedir desculpas, não é ela que lhe vai responder mas sim Deus, e, acaba a conversa.

Ainda não são sete horas e a Sacha já veio ao quarto certificar-se ao mesmo tempo como que lhe diz que está chegando a hora de recomeçar o novo dia, primeiro domingo de Abril.

Depois da volta matinal, tratou da Sacha, tratou de colocar a cafeteira tipo italiana ao lume, sentou-se à mesa para tomar o pequeno almoço.

Deixou as novas máquinas de café em descanso e voltou ao antigo método, porque o que mais gosta para lá da cafeína é do aroma que fica no ar com a cafeteira tipo italiano. Gosta da cafeína e não da espuma que os aditivos adicionados ao grão do café proporcionam.

O dia amanheceu bonito, com o céu azul.

Enquanto tomava o pequeno almoço ouviu, mais uma vez, a missa na rádio. Não é religioso, já foi. Ouve o que diz o padre, porque gosta de ouvir o que dizem e pensam os outros, seguindo ele na outra margem para onde se tresmalhou fugindo ao "pensamento único" da classe dominante política e religiosa.

No contraditório das ideias poderá estar o trilho da vida que nos pode levar a uma sociedade mais decente, fraterna e respeitadora das diferenças, do que este modelo de vida de consumismo supérfluo imposto pelos liberais e neoliberais do capitalismo atual, onde a arrogância, a ganância, a usura do capital sobre a trabalho não conhece limites.

 

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