Andei
quase dois anos e meio à espera de uma consulta de reumatologia no
hospital. Naquele tempo foram muitas as dificuldades de vida que
passei, mas o pior eram as dores nas falanges dos dedos da mão
direita, apenas conseguia escrever no teclado do computador com um
daqueles lápis que têm uma borracha na outra extremidade.
Queixei-me
à Ordem dos Médicos, à Ordem dos Enfermeiros, à Direcção Geral
de Saúde, ao Serviço Nacional de Saúde? Claro que não! Aguentei
com muitas dores. Se o hospital não me chamava é porque
infelizmente não tinha os meios humanos nessa área que deveria ter
face à quantidade de cidadãos que sofrem com os problemas
reumatológicos. Todos nós cidadãos temos direito à assistência
médica, contudo nem sempre os serviços públicos respondem e
cumprem o estipulado na lei.
Depois,
andei meia dúzia de anos ou mais a tomar bombas para a osteoporose e
mais cápsulas para as articulações, umas e outras no inverno não
me tiravam as dores, com as deformações a passarem também para a
mão esquerda. Porém, um dia recebi um e-mail com o link para um
vídeo no youtube e os benefícios do cloreto de magnésio. Vi várias
vezes e pensei, perdido por cem perdido por mil, vou experimentar,
mais dores não deveria passar a ter. Comprei o produto (para meu
espanto ainda se vende nas farmácias) e de acordo com o vídeo
preparei as duas colheres de sopa num litro de água, bebendo uma
chávena de café pela manhã e outra à noite. A bebida não é nada
agradável, mas a gente se habitua e com a diminuição das dores a
coisa bebe-se bem. Resultado, dei o meu lugar na consulta hospitalar
a outro cidadão, diminui drasticamente a factura na farmácia e não
tenho tido dores nem deformação das falanges. Já não tomo todos
os dias, uma semana de dois em dois meses no verão e um semana por
mês no inverno. A osteopata alertou-me para possíveis efeitos
secundários do cloreto de magnésio na formação da chamada “pedra
no rim” mas eu disse-lhe que bebia água vitalizada pelo anel
Wellan2000 e que desde 2005 não tive mais nenhuma crise.
Hoje
ao final da tarde deste segundo dia do ano irei saber se o bicarbonato de sódio
que tomo todas as manhãs, uma colher de chá num copo de água, me
está a ajudar ou se a decisão já tomada desde a consulta dos
resultados da biopsia é para avançar já.
Acredito
nos avanços da ciência, no aprofundar das descobertas que a nível
biológico, tecnológico, farmacêutico e medicinal vão acontecendo,
mas acredito também que o saber não se resume apenas às paredes
dos centros de investigação das empresas, já que hoje são as
empresas que financiam a grande maioria desses centros de investigação nas universidades e como tal o
“lucro” é sempre um efeito secundário associado e oculto. Acredito no poder
da consciência sobre nós próprios, nas novas teorias dos novos
saberes do mundo quântico. Não sou um utente assíduo do
consultório quer do centro de saúde, quer do dr. Google. Para mim é
mais importante a empatia, a interligação que se cria entre nós e
o médico, sabendo eu que o médico como ser humano esta sujeito a
errar, embora tenha sido formado para não errar, mas…
Não
é fácil viver e coabitar com o mal dentro de nós. A princípio
anda-se bem, não se pensa que fomos atingidos correndo a vida
normalmente. Contudo com o aproximar da data de novo exame ao psa, as
dúvidas chegam e com elas ou por elas alimentada a ansiedade vai
ocupando cada vez mais espaço na nossa memória «ram» dos
neurónios. Não é fácil mas também não é impossível.
Agora
sim, conheço a solidão de estar só, eu e a minha vontade de
vence-lo, mesmo acreditando na capacidade da consciência é um viver
só a três, o eu da consciência, a sombra da auto-critica e o mal,
não sabendo nós (o eu e a sombra) como está a evoluir a força do
malfadado mal. Mais um ciclo vicioso que nos tira forças lentamente,
que nos faz sonhar com o medo de amanhã não conseguirmos acabar com
o que começámos, é um aprender a viver de novo.
De
tudo isto, desta luta nasce a frase “Saudades só do futuro”.
Tudo o que de bom deixou marcas na vida que vivi até agora, são
registos que alimentam a força da consciência para continuar a
viver o milagre da vida com alegria. O caminho se faz caminhando
aprendendo-se a caminhar de novo…
Era
já noite quando o jovem médico no hospital publico me recebeu
sorrindo, as notícias eram boas pois os valores do psa regrediram e
lá ficamos algum tempo a falar, ele das suas experiências e
saberes, eu das minhas duvidas, que ele sorrindo sempre, procurou
esclarecer e combinamos encontrar-nos em Abril para tomarmos as
decisões mais aconselháveis.
Como
acredito naquele jovem médico e professor cá vou continuar a minha
luta solitária. Ele duvida que seja possível anular o mal sem
intervenção cirúrgica, eu não me oponho à intervenção pois foi
a minha primeira opção, mas a minha consciência alimenta a vontade
e a esperança de poder anular o mal. Em Abril logo se verá.
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