quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Andei quase dois anos e meio à espera de uma consulta de reumatologia no hospital. Naquele tempo foram muitas as dificuldades de vida que passei, mas o pior eram as dores nas falanges dos dedos da mão direita, apenas conseguia escrever no teclado do computador com um daqueles lápis que têm uma borracha na outra extremidade.
Queixei-me à Ordem dos Médicos, à Ordem dos Enfermeiros, à Direcção Geral de Saúde, ao Serviço Nacional de Saúde? Claro que não! Aguentei com muitas dores. Se o hospital não me chamava é porque infelizmente não tinha os meios humanos nessa área que deveria ter face à quantidade de cidadãos que sofrem com os problemas reumatológicos. Todos nós cidadãos temos direito à assistência médica, contudo nem sempre os serviços públicos respondem e cumprem o estipulado na lei.
Depois, andei meia dúzia de anos ou mais a tomar bombas para a osteoporose e mais cápsulas para as articulações, umas e outras no inverno não me tiravam as dores, com as deformações a passarem também para a mão esquerda. Porém, um dia recebi um e-mail com o link para um vídeo no youtube e os benefícios do cloreto de magnésio. Vi várias vezes e pensei, perdido por cem perdido por mil, vou experimentar, mais dores não deveria passar a ter. Comprei o produto (para meu espanto ainda se vende nas farmácias) e de acordo com o vídeo preparei as duas colheres de sopa num litro de água, bebendo uma chávena de café pela manhã e outra à noite. A bebida não é nada agradável, mas a gente se habitua e com a diminuição das dores a coisa bebe-se bem. Resultado, dei o meu lugar na consulta hospitalar a outro cidadão, diminui drasticamente a factura na farmácia e não tenho tido dores nem deformação das falanges. Já não tomo todos os dias, uma semana de dois em dois meses no verão e um semana por mês no inverno. A osteopata alertou-me para possíveis efeitos secundários do cloreto de magnésio na formação da chamada “pedra no rim” mas eu disse-lhe que bebia água vitalizada pelo anel Wellan2000 e que desde 2005 não tive mais nenhuma crise.
Hoje ao final da tarde deste segundo dia do ano irei saber se o bicarbonato de sódio que tomo todas as manhãs, uma colher de chá num copo de água, me está a ajudar ou se a decisão já tomada desde a consulta dos resultados da biopsia é para avançar já.
Acredito nos avanços da ciência, no aprofundar das descobertas que a nível biológico, tecnológico, farmacêutico e medicinal vão acontecendo, mas acredito também que o saber não se resume apenas às paredes dos centros de investigação das empresas, já que hoje são as empresas que financiam a grande maioria desses centros de investigação nas universidades e como tal o “lucro” é sempre um efeito secundário associado e oculto. Acredito no poder da consciência sobre nós próprios, nas novas teorias dos novos saberes do mundo quântico. Não sou um utente assíduo do consultório quer do centro de saúde, quer do dr. Google. Para mim é mais importante a empatia, a interligação que se cria entre nós e o médico, sabendo eu que o médico como ser humano esta sujeito a errar, embora tenha sido formado para não errar, mas…
Não é fácil viver e coabitar com o mal dentro de nós. A princípio anda-se bem, não se pensa que fomos atingidos correndo a vida normalmente. Contudo com o aproximar da data de novo exame ao psa, as dúvidas chegam e com elas ou por elas alimentada a ansiedade vai ocupando cada vez mais espaço na nossa memória «ram» dos neurónios. Não é fácil mas também não é impossível.
Agora sim, conheço a solidão de estar só, eu e a minha vontade de vence-lo, mesmo acreditando na capacidade da consciência é um viver só a três, o eu da consciência, a sombra da auto-critica e o mal, não sabendo nós (o eu e a sombra) como está a evoluir a força do malfadado mal. Mais um ciclo vicioso que nos tira forças lentamente, que nos faz sonhar com o medo de amanhã não conseguirmos acabar com o que começámos, é um aprender a viver de novo.
De tudo isto, desta luta nasce a frase “Saudades só do futuro”. Tudo o que de bom deixou marcas na vida que vivi até agora, são registos que alimentam a força da consciência para continuar a viver o milagre da vida com alegria. O caminho se faz caminhando aprendendo-se a caminhar de novo…

Era já noite quando o jovem médico no hospital publico me recebeu sorrindo, as notícias eram boas pois os valores do psa regrediram e lá ficamos algum tempo a falar, ele das suas experiências e saberes, eu das minhas duvidas, que ele sorrindo sempre, procurou esclarecer e combinamos encontrar-nos em Abril para tomarmos as decisões mais aconselháveis.
Como acredito naquele jovem médico e professor cá vou continuar a minha luta solitária. Ele duvida que seja possível anular o mal sem intervenção cirúrgica, eu não me oponho à intervenção pois foi a minha primeira opção, mas a minha consciência alimenta a vontade e a esperança de poder anular o mal. Em Abril logo se verá.



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