terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Antigamente, no tempo em que a liberdade estava amordaçada, os jornais afetos ao poder oligárquico de Salazar-Tomás-Caetano usavam notícias falsas para meter medo aos seus leitores, comiam criancinhas ao pequeno almoço aqueles que possuídos pelo diabo queriam que Portugal fosse um estado subordinado aos interesses dos russos nesse tempo denominado de comunistas-soviéticos. Os que não eram afetos ao regime liam os outros jornais exercitando os seus neurónios na busca de informações que os homens do lápis azul tinham deixado passar nas entrelinhas, por descuido ou ignorância.
Com a vitória do Movimento Militar dos Capitães, em Abril de 1974, instaurou-se a quase total Liberdade, uns querendo instaurar a utopia, outros querendo controlar à maneira dos soviéticos as estruturas do Estado, outros saudosistas queriam que o tempo voltasse para trás, outros ainda sob a capa de uma tal social-democracia uniram-se e aproveitando o poder que os militares mais moderados tinham no dividido MFA, criaram as condições para que a normalidade democrática do capitalismo se fosse instalando e tomasse conta de todas as estruturas do Estado, com os militares a entregarem de mão beijada aos políticos o poder que anos antes tinham conquistado com o risco das suas vidas, e dado aos portugueses.
Ainda a vida política não estava totalmente controlada, calma e serena, de mão beijada fomos aceites como um país aderente à hoje designada União Europeia, para tanto os amigos poderosos que controlavam Bruxelas adoçaram-nos com toneladas de dinheiro para podermos sair do marasmo económico e termos estruturas publicas a nível europeu. O dinheiro chegou e com ele o abandono dos campos, de muitos barcos de pesca, as vilas e aldeias as despovoarem-se a caminho das cidades que cresceram a ritmos nunca vistos, construimos estradas, auto-estradas, escolas publicas secundárias em todos os concelhos, universidades do saber e da excelência em várias cidades, hospitais em quase todas as cidades, levou-se a luz elétrica a todas as aldeias e lugares, os campos de futebol deixaram de ser pelados e passaram a ser relvados, não há concelho que não tenha piscinas publicas e outras instalações de apoio desportivo e social, o país mudou, modernizou-se e a vida das populações deu um salto qualitativo, o país lavou a cara e voltou a viver a sua vida calma de publicas virtudes e brandos costumes.
Quantas das toneladas do dinheiro vindo foram aplicados no desenvolvimento das nossas infraestruturas industriais? Dos nossos barcos de pesca e pescadores? Quantas? Muito poucas ou nenhumas! Também não era esse o interesse dos poderosos de Bruxelas quando nos levaram e aceitaram no seu seio. Eles já tinham essa capacidade industrial criando excedentes que era preciso colocar, já tinham e possuíam vacas-leiteiras a mais, batatas em excesso, vinho bom e outro fabricado para exportar, tinham excedentes de frutas para vender, afinal eram eles que também precisavam de nós como extensão do seu mercado, mas nós nunca soubemos olha-los nos olhos, defender o que produzimos bem e com qualidade, não soubemos defender o nosso mar, sempre nos vergamos aos poderosos de Bruxelas, sorrindo e pouco mais.
Em nome do bem estar e do desenvolvimento os tais da tal social-democracia começaram a venderam-nos a ideia que ter empresas publicas era mau, era contra as normas da concorrência. Quer dizer que depois de nos termos aplicado a eletrificar o país, construir hospitais instituindo um Serviço Nacional de Saúde que alguns dos poderosos de Bruxelas invejam na sua soberba ao olharem-nos com inveja, depois de construirmos as escolas para dar oportunidades de estudo a todos os que vivem por cá… depois de nos modernizarmos recorrendo quase sempre ao endividamento externo havia que chegar o xeque-mate com pezinhos de lã, privatizar a palavra de ordem, dar de mão beijada aos antigos e novos senhores representantes do capital, aquilo que estamos e vamos continuar a pagar, sempre em nome do progresso e do bem estar social.
Deram-nos novos canais televisivos, novas estações de rádio, com tudo isso os jornais elaborados por jornalistas competentes desapareceram e os que resistem obedecem a lógicas de tabloides sem o mínima preocupação de informar correctamente.
Quando aparece um Governo que para ter apoio parlamentar faz acordos com os partidos mais à esquerda, logo os bobos vem a terreiro gritar - ai daqui el rei peixe frito, é agora que vamos para o fundo do poço, onde o anterior Governo já nos tinha colocado com a ideia que aquele era o caminho sem retorno ou derivações. Perante a necessidade de venderem a alma ao diabo, (alma já não devem ter mas possuem muitos diabretes saudosistas e invejosos), aproveitam todos os pintelhos, todas as migalhas de coisas mal feitas por qualquer político do Governo actual para nos seus tabloides, jornais e canais televisivos, criarem o medo, a desconfiança, fazerem da possível hipótese o caminho virtual de uma luta contra a corrupção. Assim, dizem-nos que duas borlas no futebol isentaram um prédio de IMI. Não gosto da proximidade entre os políticos e os clubes de futebol, mas se é o Ministro das Finanças que dá o parecer sobre a cobrança ou não do imposto IMI, então já percebo porque é que estou há mais de uma semana à espera de pagar o Imposto de Selo de uma doação que me fizeram, é que entretido com o futebol o senhor Ministro ainda não despachou a dolorosa que tenho que pagar.
De há muitos anos digo que em nenhum Estado, em nenhuma Civilização existiu uma Justiça independente. A Justiça lacto senso, é em si a encarnação dos interesses das classes dominantes. Ela, Justiça, é o espelho da moral e da ética que vigora nessa sociedade organizada politicamente. Se olharmos para a nossa história recente é isso mesmo que vemos, todos os juízes competentíssimos dos tribunais plenárias do salazarismo-caetanismo passaram num toque de mágica a serem competentíssimos juízes nos tribunais da liberdade pós 25 de Abril. Hoje temos uma justiça, de letra minúscula, que nos faz fugir dela pelo descrédito e desconfiança a que os seus agentes a conduziram. Uma justiça ao serviço de uma classe dominante oculta, que não quer perder os seus privilégio de continuar a controlar a nossa vida colectiva.
Bem, depois temos os ressuscitar dos bufos, figura central da oligarquia salazar-tomáz-caetano e que passado este tempo de democracia, voltam a emergir no sistema como os camaleões se adaptam às circunstâncias na busca de bem servirem os seus donos ocultos.

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