Lembras-te dos tempos de bicicleta
Dos tempos de escola
Dos poucos dias sem chuva no inverno
Lembras-te do vento berlengueiro,
das rajadas
Das viagens sem oleado
Colocando as bicicletas atravessadas
na estrada
Agachando-nos para que a chuva
passasse
Lembras-te disso?
E agora,
Lembras-te do tempo onde estamos?
Hoje vive-se melhor
do que há 30 anos e nesse tempo vivia-se melhor do que ha 60 quando teria
nascido, é a evolução das condições de vida e com elas a esperança de vida.
Vivemos mais anos com qualidade minima de vida, vivemos e pensamos mais em
termos da nossa propria liberdade.
Nem tudo no
desenvolvimento é positivo, houve e há coisas que parecendo ser tornam-se negativas
em termos sociais. A TV é um caso. A caixa que mudou o mundo é imparável mas
acabou com grande parte da vida social nas aldeias, associações, bairros e até
nos próprios edíficios de habitação. Ficamos fechados em casa a ver o que nos
ecran nos debitam como informação, deixou de haver coabitação, tornamo-nos
isolados solitários independentes, que quando acordamos para a vida futura
estamos mais sós do que alguma vez imaginamos. É o divórcio, a separação, os
filhos que partem para a sua vida e nas paredes antes com vida só existem
quadros lembrando coisas do passado ou representando investimentos em arte que
podem ter valorizado muito mas não nos dão uma ponta de atenção um pouco por
pouco que seja de carinho e a caixa com um novo ecran com uma nova tecnologia
de 3D lá continua no quarto, na sala, na cozinha e até no quarto dos miudos que
já se foram a debitar sempre imagens e sons dando-nos a ideia errada que não
estamos sós.
Com o
desenvolvimento das comunicações o planeta tornou-se uma aldeia global num
ápice. Não se precisa mais de ficar esperando o carteiro, basta abrir o
computador ligado a uma rede virtual e ver na caixa que está algures num sítio
que não conhecemos mas que nos parece pertencer as mensagens que nos enviaram.
Aquilo que poderia ser um modo de comunicação depressa se transforma numa caixa
de poluição a exemplo da caixa de correio à entrada de casa ou do prédio,
tantos são as mensagens que são reenviadas mas que nada nos dizem, mesmo
aquelas que feitas com imagens e musica a condizer se transformam em mais uma a
correr sem nada nos dar pois são tantas e tantos os e-mails recebidos sem uma
mensagem pessoal, sem duas palavras escritas para nós que cansam quem esperava
comunicar. Desaprendemos a escrever, não gostamos nem fazemos um esforço para
escrever comunicando. A comunicação passou a ser a lei do menor esforço, o mínimo
divisor comum. Associado à escrita chega a voz e a imagem mas a comunicação nem
sempre é fácil e nem sempre é fluente, os solitários procuram através da
tecnologia encontrar o que lhes falta, amor e carinho de amigos distantes também chamados de virtuais.
TV, computador e internet, faces diferentes
da comunicação global, do desenvolvimento economico mas nem tanto no
desenvolvimento social.
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