quinta-feira, 15 de abril de 2021

21.04.15(2)

 

Canal televisivo publico a tratar numa reportagem “Linha da Frente” dos problemas que as monoculturas intensivas e super intensivas apresentam para o futuro.

Não conheço a monocultura do abacate no Algarve. No sudoeste alentejano já tinha visto o mar de plástico que são as estufas. Nas viagens entre Ferreira do Alentejo e Beja pela estrada nacional acompanha-se o mar verde do olival intensivo, assim como o mar de plástico que cobre a produção de uva de mesa sem grainha.

Nas minhas viagens entre a Zebreira e a sede de concelho Idanha a Nova fui assistindo a espaço de acordo com as minhas visitas mensais à mudança da paisagem com o abate das velhas árvores, oliveiras, azinheiras, alguns sobreiros e outras espécies com muitos anos de vida. Grandes máquinas desbravaram o terreno e prepararam-no para a monocultura do amendoal. Dividido entre a antiga situação e o que via se transformando, segui com atenção as notícias do grande investimento em curso compreendendo a venda dos terrenos pelos antigos proprietários que pouco ou nenhum rendimento tiravam da terra. É o concelho de Idanha a Nova uma bio região pertencente há rede internacional bio. Acreditei que ao pertencer a tal rede internacional bio, os cuidados ambientais fossem minimizados, embora todo o anterior habitat de aves, animais e flora tivesse sido simplesmente destruído. Ali o abate das azinheiras não causou problemas ao “deus mercado”.

A paisagem virou um oceano de verde desde a estrada municipal até ao horizonte. Felizmente esta época de chuvas tem sido muito satisfatória com os campos verdejantes e floridos excepto na linha intensiva do arvoredo, levando-me a pensar. - que raio de pesticida bio estarão a usar, para logo pensar, será que há herbicidas bio? Tenho duvidas.

Menos dúvidas tenho quanto à normal pouca pluviosidade que ocorre anualmente nesta região. Dizem-me que aquele oceano verde consome menos água do que a antiga cultura do tabaco. Volto a ter duvidas, mas como não sou entendido no assunto calo-me com as minhas duvidas. Que não há matéria orgânica verde na linha das pequenas árvores é um facto observável à vista de observador e a gota a gota está lá.

No final da curta vida útil das amendoeiras intensivas como irá ficar aquela enorme extensão de terreno? Talvez nem seja necessário chegar ao fim da vida útil para os terrenos e as águas subterrâneas acusarem valores de nitratos e nitritos muito acima da média considerada limite. Ainda vamos no início e os peixes no Rio Aravil parece(?) que já fugiram para outras paragens em busca de outras águas. Quando as máquinas sugadoras começarem a aspirar os frutos lá irá ocorrer a mortandade da passarada como já acontece no Alentejo e, campo sem as sinfonias do canto das aves ficará muito mais pobre e triste.

Por outro lado os técnicos no ar condicionado dos gabinetes irão sempre argumentar a favor destes investimentos. Primeiro porque os autorizaram. Segundo porque dir-nos-ão que o valor dos números das exportações da agricultura esta a subir contribuindo para o equilíbrio da balança comercial e etc. Pois é, as exportações agrícolas até podem subir mas a dependência agrícola dos bens comuns e tradicionais irá manter-se e em alguns casos agravar-se.

Já hoje durante a tarde tinha pensado como irá ficar a água da fonte onde vou encher os garrafões para depois a beber? Sim, bebo água das fontes não a comprando nos supermercados. Bebo porque as aguas por cá são leves havendo um ou outra ferrosa. Bebo porque a agricultura normal nesta região era extensiva, só que com aquele oceano e a utilização intensiva dos pesticidas a usar no combate às pragas, e a utilização dos adubos agora designados por nutrientes para garantia de boa produção de amêndoas não sei não como irão ficar ou já estão as águas subterrâneas.

Fico a pensar sem saber se será este o melhor caminho para a sustentabilidade da vida das populações que resistem e teimam em viver nestas terras tão ricas em cultura histórica.

O que me parecia ser uma boa solução pode tornar-se num problema ainda maior. Esperemos que esteja equivocado, mas as minhas duvidas pouco ou nada tem a ver com as preocupações dos grupos ambientalistas ortodoxos.


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