Novembro
passou e de tão atento andava comigo mesmo, que este ano nem dei
pelo dia 29, nem sei qual foi o dia da semana em que o mesmo ocorreu.
Hoje ao ler a lembrança do regresso de um camarada da terceira
companhia, também eu tive uma luz e, me lembrei do dia 29. Quarenta
e quatro anos já passaram desde o dia em que ao final da tarde
chegámos ao aeroporto Figo Maduro em Lisboa.
Aí
e nesse dia, começou o fim da tropa. A farda guardei-a na mala que
dias mais tarde fui levantar ao cais de Alcantara. Mala onde a tinta
preta estava escrito «Alferes Andrade 2ª C. Caç. 5010» só este
ano me desfiz dela. A filha mais nova levou o que restava do
camuflado ainda em bom estado, possivelmente para brincar com ele no
Carnaval de Torres Vedras. Mas, a tropa e a guerra essas duas que são
uma só, vivem comigo como uma sombra oculta e presente. Não que
sofra de qualquer trauma, mas não há nem borracha, nem tinta que
consiga apagar o que foram esses 39 meses de vida ao serviço de uma
falácia. A minha Pátria era uma outra ideia, voava com o pensamento
silencioso dando as mãos ao sonho da liberdade não amordaçada.
Dezembro,
também é um mês de datas e factos marcantes nesta minha viagem de
vida. Nasceu-me a filha mais nova, depois no dia em que fazia anos
passei finalmente à disponibilidade e acabou a tropa. O melhor desse
tempo de muitas interrogações foi a amizade e o respeito que ficou
do pessoal do Batalhão, mas em especial dos elementos da 2ª
Companhia. Fomos jovens, regressámos menos jovens ( O “Vila real”
e o “Pimenta”já falecido, quando voltaram ainda nem barba
tinham), com as nossas diferenças de opinião, somos um corpo
de amigos não fanáticos.

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