terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Tropa










Novembro passou e de tão atento andava comigo mesmo, que este ano nem dei pelo dia 29, nem sei qual foi o dia da semana em que o mesmo ocorreu. Hoje ao ler a lembrança do regresso de um camarada da terceira companhia, também eu tive uma luz e, me lembrei do dia 29. Quarenta e quatro anos já passaram desde o dia em que ao final da tarde chegámos ao aeroporto Figo Maduro em Lisboa.
Aí e nesse dia, começou o fim da tropa. A farda guardei-a na mala que dias mais tarde fui levantar ao cais de Alcantara. Mala onde a tinta preta estava escrito «Alferes Andrade 2ª C. Caç. 5010» só este ano me desfiz dela. A filha mais nova levou o que restava do camuflado ainda em bom estado, possivelmente para brincar com ele no Carnaval de Torres Vedras. Mas, a tropa e a guerra essas duas que são uma só, vivem comigo como uma sombra oculta e presente. Não que sofra de qualquer trauma, mas não há nem borracha, nem tinta que consiga apagar o que foram esses 39 meses de vida ao serviço de uma falácia. A minha Pátria era uma outra ideia, voava com o pensamento silencioso dando as mãos ao sonho da liberdade não amordaçada.

Dezembro, também é um mês de datas e factos marcantes nesta minha viagem de vida. Nasceu-me a filha mais nova, depois no dia em que fazia anos passei finalmente à disponibilidade e acabou a tropa. O melhor desse tempo de muitas interrogações foi a amizade e o respeito que ficou do pessoal do Batalhão, mas em especial dos elementos da 2ª Companhia. Fomos jovens, regressámos menos jovens ( O “Vila real” e o “Pimenta”já falecido, quando voltaram ainda nem barba tinham), com as nossas diferenças de opinião, somos um corpo de amigos não fanáticos.



Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.