segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Eles estão aí


Eles aí estão, sem grandes ideias de governo, com chavões e ideias claras contra aquilo que muitos consideram como avanços civilizacionais.
Políticos engravatados, bem comportados com os poderosos da finança, da industria e do comercio, mais interessados em promover familiares e amigos, foram desgastando a discussão por uma sociedade mais decente, mais solidaria, quase tudo sob o chavão das políticas de integração europeia. Outros políticos engravatados e submissos ao liberalismo económico, ofereceram ao capital privado e estrangeiro, bens públicos de elevado interesse nacional, seguindo políticas sociais contra os trabalhadores e reformados. Políticas que no todo, havendo uma excepção, não foram revertidas por políticos engravatados, que em aliança quase contra natura, segundo os comentadores e analistas situados ao centro, apenas distribuíram pelo país uns antipiréticos e ansiolíticos nada mais, vendendo novos chavões como o do deficit zero ou de superavit nas contas publicas, como se estes chavões tenham tornado a sociedade mais decente e solidária.
Mas como poderá haver solidariedade para com os imigrantes, quando as oportunidades de trabalho ou até de emprego escasseiam para os nacionais que os procuram? As taxas de desemprego que nos vendem a custo zero, são falaciosas e quase nunca traduzem a verdadeira situação da sociedade.
Mas como poderá haver solidariedade entre todos, se os diversos políticos desta frágil União Europeia, para criarem a sua imagem de caridosos, foram instituindo e criando sem dar por isso uma sociedade frágil subsídio dependente. Em nome de teorias sob o funcionamento dos mercados, pagaram bem e bons subsídios a alguns para que deixássemos de produzir aqui e ali. Num país onde a formação cultural e profissional não era nem é famosa, de baixos salários e desigualdades crescentes, leva-nos a situações caricatas, fruto das leis injustas que muitas vezes se fizeram sem visão de futuro.
Não sou contra a instituição do RSI. Mas como poderá haver solidariedade entre cidadãos que trabalharam toda a vida e hoje sobrevivem com reformas ou pensões iguais ou até inferiores a outras famílias que vivem e sobrevivem do RSI, sem nunca mostrarem interesse em procurar trabalhar. Há muito que acho que quem recebe o RSI deveria ter que prestar trabalho comunitário, na sua freguesia onde teria que ir levantar o mesmo. Por exemplo, limpar as ruas e zonas verdes… limpar os baldios existentes à volta da comunidade, etc. etc..

Mas não. Os papagaios da comunicação a mando dos senhores que controlam os cordelinhos da vida, vendem-nos a ideia que é ao centro é que se ganha quer a vida, quer as eleições políticas e entretém-nos com big brothers e talk shows. E tudo isto debaixo das barbas de ministros que vaidosos da sua posição, nada fazem, antes procuram passar entre os pingos da chuva, ao mesmo tempo que acrescentam mais uma página A4 ao seu curriculum vão criando e nomeando amigos para entidades reguladoras que a única coisa que fazem deve ser o controle das mordomias que lhes oferecem os governantes amigos.
Não queremos ver, o que se vai passando neste mundo globalizado da nossa Europa, depois ficamos alarmados com os resultados das eleições que se vão realizando nos diversos estados, nas diversas regiões. É melhor discutir as curvas, as pernas ou os seios de uma modelo ou apresentadora de TV, discutirmos a porcaria do IVA das touradas, do direito dos animais se sentarem à mesa nos restaurantes… quando o essencial, seria olhar os porquês dos partidos tradicionais estarem moribundos, alguns em coma profunda… com os radicais agora à direita a ocuparem o espaço político dos parlamentos regionais e nacionais.
Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão, velho ditado, mas país onde não há trabalho a xenofobia e o racismo crescem como os cogumelos venenosos.
Uns atrás dos outros os políticos ao centro vão caindo ou sentindo a areia a fugir-lhes debaixo do pés. Será que a culpa é só deles? 
E eu, tu, nós, vós, eles, não temos culpa quando nos acomodamos aos desmandos, que dia a dia vão acontecendo à nossa frente, sejam de juízes, de enfermeiros até de professores, estivadores, funcionários numa qualquer repartição publica, etc., limitando-nos comodamente a culpar os políticos da ocasião... Olhamos apenas a árvore não querendo ver o que se passa na floresta. Eles não dormem, estão aí andando no meio de nós quais lobos esfomeados com pele de cordeiro.


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