quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Cansado, farto, desiludido


Não sou contra a lei da greve. Não sou contra a lei do aborto. Não sou contra a lei do casamento homossexual. Procuro, às vezes com sacrifício, não me tornar fanático nestas e em outras questões. Nunca fiz greve, nunca provoquei um aborto, nunca fui a um casamento de homossexuais.

Eram seis da manhã quando me levantei para me preparar e antes de sair para a rua, colocar a minha amiga a andar na passadeira de modo a que ela possa queimar alguma da sua energia, fazendo depois um passeio mais calmo. Enquanto ela caminhava, a televisão ia dando as notícias que passavam da greve dos guardas prisionais, à greve dos funcionários judiciais, davam um salto à greve dos técnicos diagnóstico terapêuticos, seguindo depois para o tempo de antena do quase eterno líder dos professores afectos à fenprof a ameaçar novas formas de luta, e voltada a página, o anúncio da greve na CP para amanhã, continuando com a greve dos enfermeiros e as ameaças dos estivadores… sem esquecermos a dos juízes (classe que não depende sendo independente do Governo)
Isto é, parece que neste Natal ou neste fim de ano a moda é o «fazer greve». Nestas greves algumas poderão ter as suas razões de lógica, mas outras são puro oportunismo político dos lideres sindicais e de quem esta por detrás dos mesmos. Nem todos os sindicatos seguem a lógica doutrinária afecta ao pensamento da esquerda enquanto luta de classes, havendo sindicatos afectos a outros pensamentos políticos. Os sindicatos sempre foram, também, uma arma de arremesso político. Não há nem almoços grátis nem anjinhos, nestas andanças sindicais.
Não sendo eu fanático a defender o Governo, fico a pensar no porque em algumas delas o mesmo Governo não pede ou decreta a «requisição civil». Que interesses se juntam na saúde para a Ministra não recorrer à mão forte da requisição civil? Estará ela e o seu Governo preocupados com os milhões que investidores privados e ocultos, investiram e investem na saúde privada? Não compete ao Ministério da Saúde a defesa intransigente do Serviço Nacional de Saúde Publico?
Porque não o decretar serviços mínimos em todas as outras situações?
Tenho duvidas e não são boas.
E nesta época grevista fico pasmado com a defesa dos direitos dos presos efectuadas em todos os canais televisivos. Não entendo. Não me lixem com os direitos humanos dos presos. Os presos devem e tem de ser tratados com a civilidade que eles não tiveram enquanto cidadãos livres. Mas daí ao reivindicarem direitos e condições, com os canais televisivos a darem-lhes tempo de antena, não é o meu futebol e causa-me uma certa revolta.
Para quando os sindicatos envolvidos neste folclore, se apresentam a ameaçar fazer greve pela defesa de um melhor Serviço Nacional de Saúde, de melhores condições, de melhores equipamentos nos hospitais e em alguns centros de saúde; os professores a exigirem melhor ensino, com curriculum que vise o futuro cada vez mais tecnológico, exigindo a sua participação na elaboração das matérias dadas, com menos peso nas mochilas e mais saber dos próprios professores; as outras classes profissionais envolvidas a fazerem greve por melhores condições de trabalho, mais profissionais nos serviços etc…. Isso não ouço, só ouço é pedir revisão do plano de carreiras e mais euros para o final do mês.
Tudo isto cansa, revolta e abre o campo político ao regresso do D. Sebastião para repor a ordem já que a Democracia parece estar em causa nestas manhãs de nevoeiro.



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