quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Perdido neste caminhar



 Não sei se vou por este rio acima ou se vou rio abaixo.
O caminho nas margens deste rio por onde navego está cada vez mais estreito, cheio de lameiros e areias movediças, dizendo-me contudo que não estou só, neste caminhar solitário.
Olho em frente e vejo só nevoeiro cerrado. Olho para trás e vejo as nuvens negras de poeira tóxicas puxadas pelo vento estarem cada dia mais próximas.
Caminha a meu lado uma multidão de solitários e desiludidos silenciosos como eu.
Na outra margem desfilam multidões usando bandeiras ao vento e largas tarjas com palavras de ordem que não entendo na totalidade, gritam em coro palavras de ordem inteligíveis e ruidosas na minha margem, seguem em festa colorida, mas nada que se compare à célebre manifestação de 7 de Março do século passado, quando a utopia não era ainda um sonho no horizonte.
Recolho-me no meu casulo, tapo os olhos às notícias que canais de propaganda nos dão de forma repetitiva.
A propensão genética para ouvir mal, ajude-me.
Contam-me de que os robots em teste de inteligência artificial, lá por S Bento, impõem a taxa reduzida para o espectáculo(?) das touradas, enquanto que electricidade, paga a taxa máxima.
Duvido pois da programação daqueles seres que me dizem serem inteligentes.
Mas mais me fecho quando me dizem que aqueles seres em S. Bento aprovaram químicos que servem para vacinas, sem que os organismos competentes da Saúde do Estado tenham emitido a sua opinião, ficando no ar o poder lobista da industria junto de tais seres.
Espreito para fora do meu casulo, vejo o rio ora de margens estreitas ora se espraiando entre margens, correr cheio de águas negras e poluídas, cadáveres de peixes, aves e animais vão mortos na corrente apressada, desejosa de entregar tudo aquilo ao mar que a jusante espera, também ele cheio de materiais pesados e não bio-degradáveis.
Por onde vamos não sei, mas não vamos por um bom caminho de futuro, os seres de inteligência artificial com o titulo de deputados, aprovam constantemente leis que visam a liberalização das leis do trabalho, quando eles próprios são um mau exemplo de assiduidade e de verdade, para os cidadãos que têm de trabalhar para garantirem quer o posto de trabalho, quer a sua subsistência, porque a quem trabalha o patrão não pode perdoar tais faltas.
Ao meu lado, de cabeça ora levantada, ora no chão farejando tudo, segue a minha amiga indiferente a tudo, quer viver, brincar e saltar indiferente ao mundo dos humanos. Olho-a e penso nos mais novos, naqueles que andam na escola, nos infantários, nos berçários, nos que estão para nascer e não sei se vou por este rio acima ou por este rio abaixo, sendo certo que, «as águas do rio que tudo arrasta se dizem violentas, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem» (B.B. seu autor)


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