sábado, 10 de novembro de 2018

A Terra tremeu


0111
Num tempo bastante próximo por duas vezes a terra tremeu ao largo de Peniche.
Antigamente aprendíamos que toda aquela costa era vulcânica, assim como Lisboa estaria situada na boca de um vulcão muito antigo, daí as pedras de basalto estarem presentes em quase todas as ruas da cidade de então.
Hoje, não sei se ainda é assim, ou se o desenvolvimento das ciências mostra outras vertentes, ou talvez os professores mais novos já não tenham destes saberes antigos.
O Planeta Terra, nossa casa neste Universo em expansão, já passou por muitas fases ambientais pois a sua idade é de vários milhões de anos. Mesmo a nossa espécie de seres humanos têm muitos milhares de anos. Foi num dos ciclos de degelo (aquecimento) que os “Sapiens” que habitavam as terras frias do Ártico conseguiram passar para o continente Americano pelo estreito do Alaska.
Hoje, para lá dos próprios ciclos ambientais da Natureza, estamos perante uma nova fase devastadora da mesma, levada a cabo pelos líderes políticos e financeiros que dominam e controlam as mais diversas comunidades de “Sapiens” que habitam o Planeta. Continuamos a saga de sermos o animal mais devastador que o Planeta conheceu nos seus muitos milhares de anos.
A ânsia de poder, a usura, o egoísmo, o querer mais sem olhar a meios, tudo em nome de uma sociedade cada dia mais consumista, onde o bem estar social e colectivo deixa lentamente de ser um objectivo político, sendo substituído habilmente pelo “bem estar individual”, não permitindo que possamos parar a vida para pensarmos, o que fomos, o que somos é o que nos espera no futuro próximo.
O bem estar individual é conseguido quase sempre às custas das própria feridas da Natureza, que depois da segunda grande guerra mundial o Homem Sapiens foi criando e agravando a uma velocidade sempre crescente.
Tiraram as populações do campo para as cidades com a promessa de melhoria de condições de vida, o que em parte foi verdadeiro. Mas, as cidades cresceram viraram metrópoles e os campos foram ficando velhos, improdutivos e saudosos da azáfama que neles se produzia. As Metrópoles tornaram-se impessoais, egoístas e individualistas, onde todos correm sem tempo para parar e cumprimentar o vizinho, o amigo, o outro familiar que mora perto mas faz tempo que nem se vêm nem se falam. Já nem há tempo para pensar em ir ao cinema com os amigos.
Venderam-se campos e casas onde existiam raízes muito antigas, para trocar por um bem de consumo, para comprar uma habitação na cidade onde as raízes não se desenvolvem, criando novas gerações de citadinos indiferenciados sem histórias de antepassados, mas perfeitas máquinas humanas consumistas, tudo a bem da nação.
Nasci na cidade mas em casa. Cresci junto ao mar no concelho de Peniche,lá onde a Atlântico é mais mar. Mas é nas terras raianas de Idanha a Nova, que reencontro a paz e as raízes. Talvez um dia não muito longe se de o regresso aos campos, pois o desenvolvimento da sociedade consumista está gerando novas contradições, as metrópoles citadinas sem mercado de trabalho são fontes naturais da violência fácil, impessoal mas destrutiva. Quando esse tempo chegar nem é preciso a Terra tremer ao largo de Peniche.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.