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Num
tempo bastante próximo por duas vezes a terra tremeu ao largo de
Peniche.
Antigamente
aprendíamos que toda aquela costa era vulcânica, assim como Lisboa
estaria situada na boca de um vulcão muito antigo, daí as pedras de
basalto estarem presentes em quase todas as ruas da cidade de então.
Hoje,
não sei se ainda é assim, ou se o desenvolvimento das ciências
mostra outras vertentes, ou talvez os professores mais novos já não
tenham destes saberes antigos.
O
Planeta Terra, nossa casa neste Universo em expansão, já passou por
muitas fases ambientais pois a sua idade é de vários milhões de
anos. Mesmo a nossa espécie de seres humanos têm muitos milhares de
anos. Foi num dos ciclos de degelo (aquecimento) que os “Sapiens”
que habitavam as terras frias do Ártico conseguiram passar para o
continente Americano pelo estreito do Alaska.
Hoje,
para lá dos próprios ciclos ambientais da Natureza, estamos perante
uma nova fase devastadora da mesma, levada a cabo pelos líderes
políticos e financeiros que dominam e controlam as mais diversas
comunidades de “Sapiens” que habitam o Planeta. Continuamos a
saga de sermos o animal mais devastador que o Planeta conheceu nos
seus muitos milhares de anos.
A
ânsia de poder, a usura, o egoísmo, o querer mais sem olhar a
meios, tudo em nome de uma sociedade cada dia mais consumista, onde o
bem estar social e colectivo deixa lentamente de ser um objectivo
político, sendo substituído habilmente pelo “bem estar
individual”, não permitindo que possamos parar a vida para
pensarmos, o que fomos, o que somos é o que nos espera no futuro
próximo.
O
bem estar individual é conseguido quase sempre às custas das
própria feridas da Natureza, que depois da segunda grande guerra
mundial o Homem Sapiens foi criando e agravando a uma velocidade
sempre crescente.
Tiraram
as populações do campo para as cidades com a promessa de melhoria
de condições de vida, o que em parte foi verdadeiro. Mas, as
cidades cresceram viraram metrópoles e os campos foram ficando
velhos, improdutivos e saudosos da azáfama que neles se produzia. As
Metrópoles tornaram-se impessoais, egoístas e individualistas, onde
todos correm sem tempo para parar e cumprimentar o vizinho, o amigo,
o outro familiar que mora perto mas faz tempo que nem se vêm nem se
falam. Já nem há tempo para pensar em ir ao cinema com os amigos.
Venderam-se
campos e casas onde existiam raízes muito antigas, para trocar por
um bem de consumo, para comprar uma habitação na cidade onde as
raízes não se desenvolvem, criando novas gerações de citadinos
indiferenciados sem histórias de antepassados, mas perfeitas
máquinas humanas consumistas, tudo a bem da nação.
Nasci
na cidade mas em casa. Cresci junto ao mar no concelho de Peniche,lá
onde a Atlântico é mais mar. Mas é nas terras raianas de Idanha a
Nova, que reencontro a paz e as raízes. Talvez um dia não muito
longe se de o regresso aos campos, pois o desenvolvimento da
sociedade consumista está gerando novas contradições, as
metrópoles citadinas sem mercado de trabalho são fontes naturais da
violência fácil, impessoal mas destrutiva. Quando esse tempo chegar
nem é preciso a Terra tremer ao largo de Peniche.
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