sábado, 10 de novembro de 2018

À noite no HVFX


22.10
O SNS é um bem social, um serviço de riqueza social, e como tal sujeito a muitas vicissitudes. Dizer mal do SNS é quase um crime, se não mesmo crime.
Que os mais novos digam mal, não me admiro, pois muitos estão habituados a terem tudo de mão beijada. Criamos-los e habituamos-los a terem tudo o que estava ao nosso alcance, demos-lhes muitas vezes o possível e o impossível. Podem pois, desejar ter mais e melhor.
Agora que os mais velhos acima dos sessenta digam mal, revolta-me os fígados, porque se esquecem do que tínhamos antes, ou seja, uma mão cheia de nada, quem não tivesse bom dinheiro morria, com os vizinhos e familiares a dizerem que “foi um ar que lhe deu”. Onde estariam muitos dos grisalhos e mais velhos sem o SNS? Como seria o índice da Esperança de Vida sem o SNS?
Que o SNS poderia e deveria ser melhor, ninguém ou poucos duvidam, mas isso depende da vontade de quem escolhemos para nos governar. Há partidos políticos que defendem a entrega da gestão do SNS aos interesses privados. Outros partidos políticos defendem que o SNS deveria ser totalmente público. Havendo outros partidos políticos que defendem o público mas aceitam e colaboram com os privados na partilha dos serviços prestados aos cidadãos pelo SNS. É esta última versão aquela que temos hoje no nosso país.
É num desses hospitais que designamos por PPP (Parceria Público Privada) que me encontro. Um hospital novo, de segunda linha na periferia da chamada Grande Lisboa. Não tenho tido razões de queixa. O que me sucedeu a semana passada são acidentes de percurso duma democracia. Sabemos que era melhor não existirem, mas ainda existem, e temos de aceitá-los. Recebi por duas vezes a carta-vale a oferecerem-me a possibilidade de escolher um de três hospitais privados. Por duas vezes rejeitei essa ofertas. Porque? Porque criei empatia com o médico que aqui no HVFX me atendeu quando aqui entrei mandado pelo Centro de Saúde de Alverca. Considero a empatia paciente-médico importante para o sucesso do tratamento, caso vertente cirúrgico. Por último, não tendo andado a ouvir outras opiniões médicas, amiga conhecedora da saúde hospitalar me disse que o Serviço de Urologia do HVFX era um bom serviço.
Agora escrevo, aguardando que o sono chegue, a semana passada vieram dar-lhe metade de um comprimido azul e dormi um sono relaxado e contínuo nas minhas 5 ou 6 horas. Não sei se esta noite também no vem trazer, a ver vamos. Depois a alvorada será cedo. O tomar banho com aquele produto que aqui nos dão, vestir o fato hospitalar e seguir viagem de novo para o bloco operatório a fim de que os médicos com a sua equipa de enfermeiros realizem a sua “obra prima”.

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