quinta-feira, 29 de novembro de 2018

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E se os canais televisivos que transmitem e publicam partes de interrogatórios em pretenso segredo de justiça se dedicassem a transmitir e publicar excertos dos interrogatórios feitos antes de 25 de Abril na Rua António Maria Cardoso, isto para não falar nos interrogatórios dos Tribunais Plenários de então. Talvez pudéssemos comparar, fazer algumas comparações entre os juízes de então com os juízes de hoje. Pelo que vamos lendo, ouvindo e vendo, o Medo esta a bater-nos à porta.
É certo que hoje «as paredes não têm ouvidos», mas parece-me que há uma classe profissional importante num regime democrático que considera os interrogados, como sub-cidadãos ou cidadãos de segunda, e não pode ser assim. Alguém tem de por um ponto de ordem ao exercício dessa profissão, dessa importante função independente sim, do poder político, mas com a dignidade que a figura da Justiça requer junto dos cidadãos.
Os mitos mais do que as lendas, estão criando um clima, uma ideia, de Liberdade e de Igualdade, que não é verdadeira, pelo que vamos vivendo de falsas verdades. Como se hoje a vida nos seus vários conceitos fosse ela uma simples ideia de mercado, ficando desse modo sujeita ao marketing do mais forte. Vamos assim na política, no desporto com o futebol à frente, e na justiça, talvez por isso, mesmo que os números dos rácios não o demonstrem, estamos cada vez mais perto do carro vassoura do primeiro pelotão do dito primeiro mundo.
A vida não é apenas e só, arranjos ou permutações de números e conceitos contabilísticos submissos aos interesses financeiros vigentes, é muito mais abrangente, com conceitos imateriais difíceis e impossíveis de quantificar ou traduzir em números, mas que podem e devem ser uma fonte de direito a respeitar por quem exerce a profissão e a função de juiz numa sociedade democrática.

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