quinta-feira, 29 de novembro de 2018

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Aquando do “big bang” nasceu “a princípio era o verbo”. Este desenvolveu-se por milhões de anos até se fazer gente “homem sapiens”, que da costa oriental de África se espalharam e desenvolveram pelas sete partidas do Planeta Terra. Uns em busca do “graal”, outros em busca de nada e, outros em busca do poder. Buscassem o tudo ou o nada o certo é que os “homem sapiens” de hoje continuam de certa forma a saga de serem o maior predador da Natureza.
Na evolução criada pelo Homem, o que ontem era normal e culturalmente aceite por todos, depois pela maioria, é hoje equacionado e posto em causa por largos sectores, que podem ser neste tempo de vida uma própria maioria.
Eu próprio quando era jovem gostava de às quintas feiras à noite assistir na televisão a preto e branco, às transmissões das touradas. É certo que gostava mais do toureio a pé à portuguesa, o homem com o capote e capa frente ao touro em pontas, era para mim uma luta mais igualitária do que o toureio a cavalo. A minha primeira noite sem dormir foi passada na Zebreira aquando da festa de Setembro à espera da chegada dos touros para a garraiada do dia seguinte. Depois quando vi, já a cores, touradas em Espanha onde o toureio a pé tem uma importância que em Portugal nunca teve, comecei a ter outro olhar sobre o toureio.
Nunca fui ver uma tourada a uma praça de touros, já nem me lembro há quantos anos não vejo uma tourada na televisão.
Quero dizer que para esse peditório não dou de minha livre e espontânea vontade.
Entre os aplausos e a contestação, sigo o meu caminho, com a sensação de que mais ano menos ano o espectáculo das touradas acabará, e nem as palavras de ditos intelectuais (diz-me do que te gabas, dir-te-ei o que te falta) chegarão para a sua continuação.

Por outro lado na evolução da espécie em sociedade com todos os mitos, ficções e lendas, os Estados criaram um imposto que faz jus à própria sociedade de consumo, ou seja, o tal de IVA (imposto sobre o valor acrescentado, na sua essência quase perfeito). Como os Estados aderentes têm desenvolvimentos económicos diferenciados, cada um criou as suas taxas sobre os produtos e bens criados e consumidos no seu espaço económico. Inicialmente fazendo jus ao espírito do imposto, criaram-se actividades isentas e abrangeram-se determinados bens, ditos essenciais a uma taxa reduzida, havendo depois mais duas taxas consoante os bens.
É difícil ao nosso Estado arrecadar receitas que cubram as despesas totais do mesmo. Assim usando o poder discricionário aceite e referendado em eleições por todos nós, ano após ano o último grito da gestão pública é mexer nos impostos sobre o rendimento de trabalho e de consumo, pelo agravamento de taxas, reclassificações de bens e criação de novas taxas e impostos.
Todos os anos se levantam vozes concordantes e discordantes, sem que umas e outras apresentem medidas ou soluções alternativas concretas para transformar a “manta” das receitas, já que se a puxamos para cima ficamos com os pés à mostra, mas se tapamos os pés ficamos com o peito a descoberto. É uma dificuldade sem solução à vista.

Goste-se ou não das touradas, quem é que de boa fé pode compreender que o consumidor das mesmas pague uma taxa de IVA reduzida 6% (os tais bens essenciais) quando todos, eles e nós pagamos 23% na electricidade e nas comunicações?
Para mim que não me oponho à existência de touradas com touros, quem quer gosta, pode e vai, quem não gosta não vai e reclama, acho que a taxa de IVA mais adequada às mesmas seria os 23% em vez dos 6 ou dos 13%.
Comparar a taxa de IVA de uma tourada a uma peça de teatro, a uma ópera, a uma entrada num museu, a um espectáculo de música, de fado ou mesmo de desporto é coisa que eu tenho sérias dificuldades a enxergar de forma nítida, nem sou capaz de engolir a seco.

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