Aquando
do “big bang” nasceu “a princípio era o verbo”. Este
desenvolveu-se por milhões de anos até se fazer gente “homem
sapiens”, que da costa oriental de África se espalharam e
desenvolveram pelas sete partidas do Planeta Terra. Uns em busca do
“graal”, outros em busca de nada e, outros em busca do poder.
Buscassem o tudo ou o nada o certo é que os “homem sapiens” de
hoje continuam de certa forma a saga de serem o maior predador da
Natureza.
Na
evolução criada pelo Homem, o que ontem era normal e culturalmente
aceite por todos, depois pela maioria, é hoje equacionado e posto em
causa por largos sectores, que podem ser neste tempo de vida uma
própria maioria.
Eu
próprio quando era jovem gostava de às quintas feiras à noite
assistir na televisão a preto e branco, às transmissões das
touradas. É certo que gostava mais do toureio a pé à portuguesa, o
homem com o capote e capa frente ao touro em pontas, era para mim uma
luta mais igualitária do que o toureio a cavalo. A minha primeira
noite sem dormir foi passada na Zebreira aquando da festa de Setembro
à espera da chegada dos touros para a garraiada do dia seguinte.
Depois quando vi, já a cores, touradas em Espanha onde o toureio a
pé tem uma importância que em Portugal nunca teve, comecei a ter
outro olhar sobre o toureio.
Nunca
fui ver uma tourada a uma praça de touros, já nem me lembro há
quantos anos não vejo uma tourada na televisão.
Quero
dizer que para esse peditório não dou de minha livre e espontânea
vontade.
Entre
os aplausos e a contestação, sigo o meu caminho, com a sensação
de que mais ano menos ano o espectáculo das touradas acabará, e nem
as palavras de ditos intelectuais (diz-me do que te gabas, dir-te-ei
o que te falta) chegarão para a sua continuação.
Por
outro lado na evolução da espécie em sociedade com todos os mitos,
ficções e lendas, os Estados criaram um imposto que faz jus à
própria sociedade de consumo, ou seja, o tal de IVA (imposto sobre o
valor acrescentado, na sua essência quase perfeito). Como os Estados
aderentes têm desenvolvimentos económicos diferenciados, cada um
criou as suas taxas sobre os produtos e bens criados e consumidos no
seu espaço económico. Inicialmente fazendo jus ao espírito do
imposto, criaram-se actividades isentas e abrangeram-se determinados
bens, ditos essenciais a uma taxa reduzida, havendo depois mais duas
taxas consoante os bens.
É
difícil ao nosso Estado arrecadar receitas que cubram as despesas
totais do mesmo. Assim usando o poder discricionário aceite e
referendado em eleições por todos nós, ano após ano o último
grito da gestão pública é mexer nos impostos sobre o rendimento de
trabalho e de consumo, pelo agravamento de taxas, reclassificações
de bens e criação de novas taxas e impostos.
Todos
os anos se levantam vozes concordantes e discordantes, sem que umas e
outras apresentem medidas ou soluções alternativas concretas para
transformar a “manta” das receitas, já que se a puxamos para
cima ficamos com os pés à mostra, mas se tapamos os pés ficamos
com o peito a descoberto. É uma dificuldade sem solução à vista.
Goste-se
ou não das touradas, quem é que de boa fé pode compreender que o
consumidor das mesmas pague uma taxa de IVA reduzida 6% (os tais bens
essenciais) quando todos, eles e nós pagamos 23% na electricidade e
nas comunicações?
Para
mim que não me oponho à existência de touradas com touros, quem
quer gosta, pode e vai, quem não gosta não vai e reclama, acho que
a taxa de IVA mais adequada às mesmas seria os 23% em vez dos 6 ou
dos 13%.
Comparar
a taxa de IVA de uma tourada a uma peça de teatro, a uma ópera, a
uma entrada num museu, a um espectáculo de música, de fado ou mesmo
de desporto é coisa que eu tenho sérias dificuldades a enxergar de
forma nítida, nem sou capaz de engolir a seco.
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