sábado, 10 de novembro de 2018

Bruxas Santos e Finados


0111
É assim este meu caminhar indiferente às bruxas, aos santos e finados.
Desta altura do ano recordo num passado já distante o “Pão por Deus” que depois da missa os jovens do Lugar da Estrada fazíamos pelas casas e adegas da aldeia, em busca de pevides, tremoços e agua-pé sendo que algumas vezes esta tinha de ser bebida em canecas de barro das Caldas com o respectivo símbolo no fundo da caneca. Para que conste foi num dia assim de “Pão por Deus” a primeira bebedeira com 13 ou 14 anos de idade.

O tempo passa e nas grandes cidades tudo se dilui, até o negócio das flores junto dos cemitérios deixou o dia de finados e transferiu-se a custo zero para o dia de todos os santos. Os finados continuarão a sua caminhada em busca, uns da luz e outros de atormentarem os sonhos de alguns que por cá ainda viajam.
Santos, que este ano aos poupados nas férias dão mais uma boa “ponte” para viajarem e fugirem do stress citadino. As igrejas enchem-se dos visitantes mas os santos na sua maioria vão continuar sozinhos no imaginário dos crentes com fé na sua existência.
Quanto às bruxas e bruxos, há muitas e muitos, invisíveis e visíveis, todos os dias e não só quando os senhores da sociedade de consumo querem. Das visíveis com certificado e acções, lembro-me da “Merreca” em Ferrel, vivíamos na mesma rua. Contudo, as piores são aquelas que visíveis, não apresentam certificado como ela, mas nos tramam a vida. Destas há muitas por todo o lado, algumas até apresentadas como “santinhas”. Quando as sinto logo a mão entra no bolso fazendo figas, como minha mãe me ensinou um dia. Quanto às bruxas e bruxos invisíveis ainda não me cruzei com elas e eles, por isso que continuem as suas danças no pinhal do rei que não me incomodam de todo.
Vou-me calar não vá alguma bruxa zangar-se e dar-me um puxão na algália, logo hoje que a terra voltou a tremer, fazendo os agoireiros saírem dos seus casulos e nos encherem de notícias sobre as desgraças do terramoto de há 263 anos atrás, que estará de novo para acontecer, já que os grandes terramotos que Lisboa conheceu no passado tinham um intervalo de mais ou menos 200 anos.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.