Não,
não quero discutir política. Fujo dessas discussões sem meter a
cabeça na areia como a avestruz. Fujo quer da política, quer do
futebol cá do reino, uns e outros viciados cada um a seu modo com
alguns pontos comuns. Não quero saber se o “A” fala verdade ou
se esta calado, se o “B” disse o que disse ao meter a mão na
massa em negócios públicos ou as contas do “C” certinhas ao
tostão para uns e para outros enganou-se em mais de um milhão. Tudo
isso que nos dizem e nos querem fazer crer, não passa do prefácio
para uma nova telenovela real que muitos de nós já vivemos lá
atrás no tempo em que o tempo não existia fora das mordaças
abjectas do regime. Já dei para esse longo e cansativo peditório.
Estou
cansado, quero paz, pelo que me canso ao ouvir as notícias de
imagens televisivas, os folhetins investigatórios emitindo juízos
condizentes a julgamento popular de acordo com os interesses de
“justiceiros” duvidosos, que com amigos na sombra manobram os
cordéis da comunicação que nos servem em bandejas “democráticas”
como se os seus pareceres fossem verdades absolutas onde o
contraditório esta normalmente ausente.
Democratas
de fatinho de marca, bem falantes de falas redondas, submissos com o
capital inimigo das amplas liberdades obtidas depois de Abril74,
trouxeram-nos com as suas falas e medos para o actual estado onde a
Democracia se vê ameaçada por uma Justiça justiceira, por uma
comunicação social populista amiga de extremistas, saudosa dos
tempos em que o “botas” e os seus capangas nos traziam
amordaçados com medo até de que as paredes ouvissem os nossos
sonhos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade!
Não,
não vou por aí, recuso-me a seguir o rebanho, prefiro ser uma
ovelha ranhosa na outra margem.
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