Um
destes dias passados enquanto arranjava as couves, o repolho e os
feijões ouvia na televisão de Espanha a senhora Ana Pastor a falar
dos problemas que afectam a política espanhola. Uma senhora com
larga experiência política quer nos lugares ocupados no seu
partido, quer no governo e no parlamento. Dei atenção à forma e ao
modo como afirmava as suas convicções e tendo sido esta senhora
responsável pela política social
e de bem estar do Partido
Popular passou-se-me a imagem do filme regresso ao passado e num
ápice vi nos ecrans da mesma TVE não
a senhora Ana Pastor a falar as suas convicções políticas mas sim
Isabel de Castela dos então designados reis católicos a incitar o
povo aquando dos tempos da Inquisição contra os hereges não só
sefarditas mas todos os que não comungavam dos seus ritos
religiosos. Entre a multidão em fuga para o nosso país será que
havia Andrades, Moreiras, Capelos e Ribeiros? Desliguei e pensei que
tenho de voltar ao trabalho iniciado mas suspenso de buscar as raízes
que vêm de longe de muito longe. Ficou
aquela inquietação de qualquer coisa que não sei nem percebi nunca
o porque de tanto ódio assassino de uma igreja de uma religião que
se dizia e ainda hoje diz pregar a concórdia entre os homens.
Sou
português rafeiro mistura possivelmente do fruto do amor entre
cristãos novos e cristãos velhos que simplesmente se marimbaram
para essas teorias de fomento do ódio e celebraram o amor.
Português
que lê a história dos judeus sefarditas em Portugal, que leu ontem
mais do que hoje a luta, a fuga dos judeus aos esbirros nazis e
fascistas que quiseram dominar a velha Europa em
meados do século passado.
Português que gosta da obra literária deixada pelo judeu Amos Oz.
Português que não compreende como podem os judeus de hoje num
território que os colonialistas decidiram que era lá que eles
poderiam viver em paz, fazerem
o que estão a fazer aos seus meio-irmãos
palestinianos que já lá estavam quando eles ali se libertaram da
política colonial inglesa. Como pode a maioria desse povo estar ao
lado de governantes radicais que em nada se diferenciam daqueles que
um dia os incendiavam em fogueiras ou os mandavam para campos de
concentração e fornos crematórios. Como pode o mundo dito
civilizado calar-se, olhar para o lado e assobiar indiferente aos
crimes constantes dos esbirros judeus que controlam de forma
expansionista territórios que não são seus.
Onde
está o Amor?
Onde mora a Concórdia e a Fraternidade?
Não falo da
Paz porque virou utopia que esta sempre no horizonte nunca se
deixando dominar pelos homens que nos controlam a
vida e muitas das nossas próprias emoções sem darmos por isso.
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