segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Quando o país aceitou, uns resignados, outros deitando foguetes batendo palmas bebendo vinhos velhos bem guardados, que um Primeiro Ministro de maioria absoluta negasse uma pensão especial a um capitão de Abril e concedesse pensões a pelo menos dois esbirros, dois eunucos da polícia assassina PIDE-DGS...

Quando o mesmo país se dividiu na defesa da acção de ausência-negação que o Presidente da República teve perante o falecimento do prémio Nobel da Literatura…

Quando esse país elegeu como PM e mais tarde PR a mesma pessoa, figura de passado duvidoso na defesa da Liberdade e da Igualdade, não pode esse país se indignar com o aparecimento do Chega.

Quem brinca com o fogo normalmente acaba queimado.

O tal de Chega mais não é do que a constatação de que os salazaristas ortodoxos e outros defensores da ditadura fascista não morreram nem se evaporaram em 25 de Abril de 1974.

Assim como os juízes que a 24 de Abril julgavam e condenavam nos Tribunais Plenários da Ditadura como subversivos e inimigos da Pátria todos os opositores políticos à ditadura, não passaram esses mesmos juizes a 26 de Abril a serem verdadeiros democratas na aplicação das Leis Constitucionais da nossa Democracia . Também os muitos salazaristas assumidos amantes da ordem repressiva da ditadura não morreram, não se confessaram nem desertaram, antes mascararam-se de democratas soft defensores das sagradas leis do Mercado como entidade suprema das nossas vidas, filiando-se uns e dizendo-se outros amigos e apoiantes dos Partidos Políticos que se formaram no pós 25 de Abril de 1974.

Ao descobrirem um jovem esperto e charlatão num canal televisivo amante da difusão de tudo o que cheire a ordinarice e lhes possa garantir a popularidade que o baixo jornalismos lhes dá, perderam muitos desses amantes e saudosos do fascismo salazarista a vergonha e mostram-se hoje em reuniões e jantares comícios onde as regras emanadas pelo Governo através da Direcção Geral de Saúde não são respeitadas sem que as autoridades PSP e GNR actuem de acordo com as normas legais.

De que têm medo as autoridades?

E tudo isto era evitável. Assim tivessem Governos e Deputados aprovado uma Lei clara, transparente e sucinta sobre «a corrupção e o enriquecimento ilícito». Ao não terem coragem de a apresentarem ao Presidente da Republica para promulgação, abriram caminho à seita que se formou sobe o chapéu esburacado de marca Chega.

Quem brinca com o fogo normalmente acaba queimado. 

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