segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Desde que o pai decidiu ir viver para o lar, que a televisão deixou de funcionar. A velha antena ainda esta no telhado, os fios queimados pelo sol e pelo frio já não funcionam. Não sente falta nem das imagens, nem do som e muito menos das notícias e comentários de políticos sobre política. O silêncio é rasgado pelo cantar da passarada, pelo latir dos cães e dos camiões que passam a caminho e de regresso de Espanha na estrada nacional que liga a fronteira às nossas cidades.
Há tanta coisa a fazer que não perde tempo a ligar o computador para se ligar ao mundo. Acorda cedo já que as noites de inverno são mais longas quando se está no campo e não se vê televisão. Mentaliza-se que a água da torneira para se lavar não está gelada, os raios de sol a nascente ajudam a mentalização. Depois verifica se tem o saco de plástico no bolso e fazem a caminhada habitual de todos os dias, já que o cão amigo não faz as suas necessidades em casa ou no quintal.
À hora do almoço liga o pequeno radio e na Antena1 apercebe-se das confusões que reinam no chamado mundo citadino, é a Grécia e a Europa, o BES, o BP e a CMVM, são os dizeres de políticos e comentadores, é o golo que o guardes redes sofreu num jogo no Restelo. Ali reina o sossego da hora do almoço e de tudo o que ouviu no pequeno rádio de uma coisa tem a certeza: - não sendo grande bebedor de cerveja sempre gostou mais da loirinha do norte do que da outra do frango!

À noite através da net liga-se ao mundo, ouve o silêncio reinante sentindo o frio que se acentua não só na rua como no seu pensar. Quer pensar que quanto às politiquices que reinam quer na capital do reino, quer na capital desta Europa, esta fora mas não está.
Também ali se fazem sentir e de que maneira as más decisões politicas que ao longo dos anos se têm implementado. Olha os campos abandonados, o olival de sequeiro quase improdutivo, a ausência de gados na pastorícia, as casas construídas de novo e as velhas casas sem uma luz á noite que indique a existência de vida, os velhos cada vez mais velhos e numerosos, olha mais além e vê o complexo turísticos de hotéis falidos nas Termas de Monfortinho. Questiona-se, que futuro para este país? Hoje sabe que este país que o viu nascer, crescer e viver não é para velhos e infelizmente nem para os novos é mas, e amanhã?

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