quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015



Sexta-feira em mais um dia cinzento deste mês de Fevereiro.

Sentado no banco sobranceiro à praia olha e sente o mar e o vento, amigos habituais naquele lugar. As tonalidades dos cinzentos animam-se com a música que o rebentar das ondas espalha e o vento transporta. Não sente saudades dos tempos ali vividos, esta numa fase da vida em que gosta de recordar os tempos passados, as alegrias, as tristezas, os amigos, tudo isso com a alegria de os ter vivido. Saudades tem algumas principalmente do que sonhou e não viveu ainda.

Ali naquela praia quando era jovem um velho banheiro lhes ensinou a olhar o mar, a ver a corrente que há muitos anos por ali vive. Ensinamentos da sabedoria popular de quem conhecia o mar e o respeitava. Gostava por isso de estar ali frente ao mar e estabelecer com Neptuno, que anda aborrecido, os seus diálogos a três.

Talvez influenciados pela cor que os dominava a conversa resumiu-se à crise e ao ponto em que nos encontramos que pode ser de chegada mas também de partida.

Resumindo, dizer que a culpa é deste governo é esquecer e lavar o desgoverno dos anteriores sem excepções desde que entramos na União Europeia. Uns e outros têm seguido o mesmo padrão de governação. A cobro de se dizerem sociais-democratas, democratas-cristãos, do centro-direita, do centro, do centro-esquerda ou da esquerda-moderada seguem sem levantar dúvidas, sem bater o pé aos senhores, os ditames de Bruxelas.

Umas vezes por pragmatismo, outras por bom senso ou de mercado, tocam a mesma música com instrumentos diferentes. A questão de fundo que os diferencia é uma questão de maestro e da forma como a pauta alinha as notas musicais que nos vão servindo em nome do progresso e do bem-estar social a que chegamos.
Quem me dera poder estar fora desta sinfonia musical que me servem e onde de quatro em quatro anos vou colocar o voto para escolher o maestro da música. Mas não estou, estou dentro e consciente.

Dizem uns que há uma nova pauta de música lá para oriente, onde os gregos estão gregos para saírem da arena onde se meteram. Dizem outros que os tais gregos estão loucos e que vão continuar gregos com a gestão da dívida e das promessas gregas feitas em campanha eleitoral. O frio acentua-se e os aquecedores vão perdendo a batalha, mas os gregos continuam a lutar, a discutir propostas, modelos macroeconómicos. 
Não sei se vão ganhar ou continuar ainda mais gregos, o que sei e registo com satisfação é a luta, é a vontade de mudar as pautas e os instrumentos de música usadas por Bruxelas.

A democracia é isto, luta, discussão e respeito pela vontade do povo expressa em urnas e dos compromissos assumidos pelo Estado em nome da Nação.

Uma coisa é certa, os gregos vão continuar gregos com a sua vida, gregos com a Europa e gregos com a gestão da divida. Mas uma coisa é viver grego sem horizontes e outra é viver grego com um horizonte difícil mas não intangível.

Cá estamos para ver se os gregos ficam mais gregos ou menos gregos.


Eu registo com apreço a vontade de mudar de pauta, de maestro e de instrumentos nesta Europa a que pertencemos. A ver vamos…

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