quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Futuro sem futuro


Havia um ministro muito bem comportado com os mandantes do Governo de que fazia parte. Um jovem, a quem alguns agoiram futuro brilhante. Em poucos anos de militância subiu os degraus de presidente de junta numa vila nos arredores da cidade grande, a secretário de estado de um governo de má memorias pelos casos que correm na justiça sobre alguns dos figurantes de então, mas, o jovem secretário de estado conseguiu passar entre os pingos da chuva e chegou a ministro com uma das pastas mais importantes no seu governo.
Não era a mais importante, porque casa onde não há pão, todos ralham e ninguém têm razão, mas não deixava de ser uma das mais importantes.
Com a quarta revolução industrial em plena acção de disrupção, cabia-lhe a ele ter um papel importante quanto às alterações que o governo têm pela frente para com o seu colega da economia prepararem as estruturas económicas e organizacionais que salvaguardem a competitividade e o bem estar, quer das empresas, quer dos seus concidadãos.
Mas o jovem consciente que na sua carreira política conta mais a imagem que fazem dele, do que os trabalhos realizados, exerceu o seu cargo, não fazendo ondas que pudessem afectar a imagem do seu colega e todo poderoso super ministro das finanças do reino, pois as receitas nunca chegam para as encomendas, e, ele já tinham a experiência do governo onde como secretário de estado se anunciaram obras e mais obras sem se olhar aos mais elementares princípios da boa gestão dos dinheiros públicos. Assim, entre passagens televisivas sempre ao lado dos colegas mais importantes do seu governo, lá foi levando «a carta a garcia», sem fazer, nem ondas nem os gastos que se impunham mesmo antes da sua tomada de posse, por forma a não incomodar o seu colega super-ministro.
E, quando o Presidente numa das suas acções populares a roçar o populismo aparece nos ecrans televisivos, lá estava também ele, jovem ministro a meter a mão nos jovens eucaliptos e a arrancá-los para as imagens televisivas poderem difundir a sua acção junto do Senhor Presidente. Logo na altura alguns se questionaram que significado tinham aquelas imagens? eucaliptos não pertencem ao domínio do ministério tutelado pelo jovem ministro, mas aos seus colegas da agricultura e do ambiente. Que estava então ele ali a fazer? Será que os coitados dos eucaliptos teriam invadido a linha férrea da Beira Baixa entre a Covilhã e a Guarda, para ele ali estar com o senhor Presidente a arrancá-los? Já que, por mais de uma vez, falou para as câmaras televisivas na recuperação desse troço inoperacional, mesmo depois de um governo em que participou na categoria de secretário de estado ter gasto milhões a recuperar o mesmo troço, que nunca viu um comboio lá passar desde que por motivos de segurança a linha passou a terminar na Covilhã e não na Guarda como acontecia no meu tempo de menino e moço.
Quase no final do seu mandato, cuidando sempre da sua imagem televisiva, anunciou com pompa e circunstancia, medidas e planos estruturais fundamentais para o futuro. Olhando o plano apresentado, não se vislumbram nele ideias que permitam a inovação, o salto necessário para apanharmos o andamento da quarta revolução industrial.
Mas o jovem ministro de promessas e anúncios de obras, realizou a contendo as orientações do super ministro, pelo que ao terminar o seu tempo de ministro recebeu um prémio chorudo, de modo a poder continuar a alimentar a sua imagem de político com futuro.
Pena é que, com tanto futuro político, não tenha sabido deixar trabalho que permitisse ao seus país ter um futuro mais esperançoso.

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