Havia
um ministro muito bem comportado com os mandantes do Governo de que
fazia parte. Um jovem, a quem alguns agoiram futuro brilhante. Em
poucos anos de militância subiu os degraus de presidente de junta
numa vila nos arredores da cidade grande, a secretário de estado de
um governo de má memorias pelos casos que correm na justiça sobre
alguns dos figurantes de então, mas, o jovem secretário de estado
conseguiu passar entre os pingos da chuva e chegou a ministro com uma
das pastas mais importantes no seu governo.
Não
era a mais importante, porque casa onde não há pão, todos ralham e
ninguém têm razão, mas não deixava de ser uma das mais
importantes.
Com
a quarta revolução industrial em plena acção de disrupção,
cabia-lhe a ele ter um papel importante quanto às alterações que o
governo têm pela frente para com o seu colega da economia prepararem
as estruturas económicas e organizacionais que salvaguardem a
competitividade e o bem estar, quer das empresas, quer dos seus
concidadãos.
Mas
o jovem consciente que na sua carreira política conta mais a imagem
que fazem dele, do que os trabalhos realizados, exerceu o seu cargo,
não fazendo ondas que pudessem afectar a imagem do seu colega e todo
poderoso super ministro das finanças do reino, pois as receitas
nunca chegam para as encomendas, e, ele já tinham a experiência do
governo onde como secretário de estado se anunciaram obras e mais
obras sem se olhar aos mais elementares princípios da boa gestão
dos dinheiros públicos. Assim, entre passagens televisivas sempre ao
lado dos colegas mais importantes do seu governo, lá foi levando «a
carta a garcia», sem fazer, nem ondas nem os gastos que se impunham
mesmo antes da sua tomada de posse, por forma a não incomodar o seu
colega super-ministro.
E,
quando o Presidente numa das suas acções populares a roçar o
populismo aparece nos ecrans televisivos, lá estava também ele,
jovem ministro a meter a mão nos jovens eucaliptos e a arrancá-los
para as imagens televisivas poderem difundir a sua acção junto do
Senhor Presidente. Logo na altura alguns se questionaram que
significado tinham aquelas imagens? eucaliptos não pertencem ao
domínio do ministério tutelado pelo jovem ministro, mas aos seus
colegas da agricultura e do ambiente. Que estava então ele ali a
fazer? Será que os coitados dos eucaliptos teriam invadido a linha
férrea da Beira Baixa entre a Covilhã e a Guarda, para ele ali
estar com o senhor Presidente a arrancá-los? Já que, por mais de
uma vez, falou para as câmaras televisivas na recuperação desse
troço inoperacional, mesmo depois de um governo em que participou na
categoria de secretário de estado ter gasto milhões a recuperar o
mesmo troço, que nunca viu um comboio lá passar desde que por
motivos de segurança a linha passou a terminar na Covilhã e não na
Guarda como acontecia no meu tempo de menino e moço.
Quase
no final do seu mandato, cuidando sempre da sua imagem televisiva,
anunciou com pompa e circunstancia, medidas e planos estruturais
fundamentais para o futuro. Olhando o plano apresentado, não se
vislumbram nele ideias que permitam a inovação, o salto necessário
para apanharmos o andamento da quarta revolução industrial.
Mas
o jovem ministro de promessas e anúncios de obras, realizou a
contendo as orientações do super ministro, pelo que ao terminar o
seu tempo de ministro recebeu um prémio chorudo, de modo a poder
continuar a alimentar a sua imagem de político com futuro.
Pena
é que, com tanto futuro político, não tenha sabido deixar trabalho
que permitisse ao seus país ter um futuro mais esperançoso.
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