Porque colocam as pessoas, que se
dizem religiosas ou espirituais, toda a responsabilidade das suas
acções, acontecimentos e consequências na mão de um Deus que
existe na fé e na crença religiosa?
Porque
não procuram elas ver que aquilo que lhes acontece é muito mais
consequência dos seus actos e atitudes do que vontade de um ser que
existindo na fé e na crença, não sabemos ao certo se existe como o
imaginamos, ou como nos dizem os líderes religiosos, como é de
facto a sua forma e existência, mesmo que ninguém o saiba
descrever.
Eu,
também acredito na existência de um Deus, que tanto pode ser um
ente ou uma forma de energia tão poderosa que mantém o Universo
como o vamos conhecendo.
Ensina-nos
a ciência que não só no Planeta Terra como em todo o Universo, a
vida em todas as suas facetas e fases evolui à milhões de anos. A
nossa era existe há 2019 anos, mas antes dela ter iniciado, já
existiam humanos da nossa espécie “homem sapiens” em todos os
recantos da terra existente no planeta há séculos.
Homens que sem computadores, sem
internet, telefones, energia eléctrica, e televisões, homens que
calmamente olhando as estrelas do céu ou experimentando materiais,
construíram ideias, definiram conceitos, axiomas e proposições,
como por exemplo o valor numérico do “pi”(π
3,141592653589793) do
“fi”(Fi (Φ) 1,6180339887
)
ou a coisa, para mim extraordinária, de que todo o número elevado
a zero é igual à unidade. Falamos da roda, da construção de
templos e pirâmides muitos anos antes do início da era cristã, mas
quem terá descoberto que os ovos das galinhas serviam para fazer
tantas e tantas coisas boas?
Não
fossem esses homens, esses estudiosos, hoje não estaria eu aqui
nesta clínica a escrever estes pensamentos adicionais num pequeno
instrumento que se designa por telemóvel, enquanto aguardo que o meu
nome seja difundido pelo altifalante para ir fazer o ecocardiograma,
que a jovem médica de família, solicitou no passado mês de
Novembro.
Assim,
deixando o pensamento vaguear ao acaso cruzo-me com o SNS, os
inúmeros benefícios que trouxe à população portuguesa.
Benefícios que são uma das maiores riquezas que a implementação
da democracia nos deu. É certo que a criação do mesmo não teve o
apoio unânime dos partidos políticos que na Assembleia da República
nos representam a nós cidadãos anónimos e contribuintes. Que os
partidos políticos que votaram contra a sua constituição em 1979,
a relembrar PPD e CDS, estejam sempre a defenderem os interesses
privados em oposição ou sobreposição ao SNS público, é coerente
e faz parte do seu ADN.
O
que me entristece com dose moderadas de revolta interior, são as
franjas que existem no PS, dizendo-se de esquerda, e quando na
prática exercem o poder fazem-no, por actos reais e omissos,
contribuindo para a lenta degradação das instalações, dos
equipamentos, e dos meios humanos que com com dedicação, amor e
zelo nele trabalham. Criando com essa actuação o campo fértil aos
opositores do SNS público, o qual que nunca foi tão atacado como nos
tempos que correm, seja por greves incompreensíveis, seja por
ausência de resposta firme do Ministério que tutela a Saúde.
Descanso
um pouco, mas olhar para os outros que aqui estão na sala não me
ajuda a passar o tempo até que o raio do meu nome saia no
altifalante.
Sendo
assim e porque ouço o apito de um comboio, que a linha férrea não
está longe, fico a pensar quantas vezes nestes três anos de
Governo, o Ministro que tutela estas coisas dos investimentos
ferroviários, já anunciou investimentos e concursos, com os
administradores das empresas públicas do sector a “mamarem” boas
condições de remuneração numa gestão de “não fazer ondas”
para continuarem com os bons tachos, enquanto os equipamentos se
degradam em toda a extensão da ferrovia. É certo que Ministros,
Secretários e Políticos são muito poucos aqueles que são utentes
dos serviços que os comboios suburbanos da CP prestam. Três anos de
Governo e só agora anunciam o concurso público para a compra de 22
unidades suburbanas. Anunciam o concurso como se comprar comboios
seja o mesmo que ir ao stand da Mercedes, da BMW ou da Jaguar comprar
bombas automobilísticas. Não sei quem estudou e elaborou o dossier
para o lançamento do concurso, e quanto tempo levaram até chegarem
aqui, mas terão sido os técnicos da IP com os da CP ou algum
gabinete de consultores externos mas amigo?
E
porque estou em Vila Franca de Xira alargo a vista pela campina
ribatejana e alcanço o futuro apeadeiro aeronáutico atrás da Ponte
Vasco da Gama. Fico a pensar no que foram homens como o Marquês de
Pombal e o militar que definiu o campo de tiro de Alcochete em 1904.
Um pensar triste face aos homens políticos de hoje sem visão para o
Portugal Futuro. Vão-se gastar milhões no Aeroporto Lisboa, milhões
no Apeadeiro aeronáutico do Montijo, e, Alcochete ali tão perto.
Gastam-se milhões em contratações directas a gabinetes jurídicos
e consultores, conhecidos e amigos, deixando para trás os técnicos
que a função pública têm, desmotivado-os sem outra solução que
não seja continuarem a pagarem-lhes para não se ralarem muito.
Gastam-se milhões a tapar os buracos financeiros que maus gestores,
péssimos administradores, de forma presumivelmente dolosa provocaram
à economia do país, enquanto os presumíveis infractores vivem à
grande e à francesa, com brutas reformas e não menos contas
chorudas de dinheiros mal ganhos guardados religiosamente em ofshores
seguros de amigos.
No
meio de tanta tristeza lá me chamam e me dizem que está tudo normal
com o músculo bomba, que me ajuda a viver.
Vou
continuar a andar pela outra margem, livre de amarras e compadrios
políticos, porque tudo isto é triste e não é fado!
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