quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Tudo isto é triste e não é fado


Porque colocam as pessoas, que se dizem religiosas ou espirituais, toda a responsabilidade das suas acções, acontecimentos e consequências na mão de um Deus que existe na fé e na crença religiosa?
Porque não procuram elas ver que aquilo que lhes acontece é muito mais consequência dos seus actos e atitudes do que vontade de um ser que existindo na fé e na crença, não sabemos ao certo se existe como o imaginamos, ou como nos dizem os líderes religiosos, como é de facto a sua forma e existência, mesmo que ninguém o saiba descrever.
Eu, também acredito na existência de um Deus, que tanto pode ser um ente ou uma forma de energia tão poderosa que mantém o Universo como o vamos conhecendo.
Ensina-nos a ciência que não só no Planeta Terra como em todo o Universo, a vida em todas as suas facetas e fases evolui à milhões de anos. A nossa era existe há 2019 anos, mas antes dela ter iniciado, já existiam humanos da nossa espécie “homem sapiens” em todos os recantos da terra existente no planeta há séculos.

Homens que sem computadores, sem internet, telefones, energia eléctrica, e televisões, homens que calmamente olhando as estrelas do céu ou experimentando materiais, construíram ideias, definiram conceitos, axiomas e proposições, como por exemplo o valor numérico do “pi”(π 3,141592653589793) do “fi”(Fi (Φ) 1,6180339887 ) ou a coisa, para mim extraordinária, de que todo o número elevado a zero é igual à unidade. Falamos da roda, da construção de templos e pirâmides muitos anos antes do início da era cristã, mas quem terá descoberto que os ovos das galinhas serviam para fazer tantas e tantas coisas boas?
Não fossem esses homens, esses estudiosos, hoje não estaria eu aqui nesta clínica a escrever estes pensamentos adicionais num pequeno instrumento que se designa por telemóvel, enquanto aguardo que o meu nome seja difundido pelo altifalante para ir fazer o ecocardiograma, que a jovem médica de família, solicitou no passado mês de Novembro.
Assim, deixando o pensamento vaguear ao acaso cruzo-me com o SNS, os inúmeros benefícios que trouxe à população portuguesa. Benefícios que são uma das maiores riquezas que a implementação da democracia nos deu. É certo que a criação do mesmo não teve o apoio unânime dos partidos políticos que na Assembleia da República nos representam a nós cidadãos anónimos e contribuintes. Que os partidos políticos que votaram contra a sua constituição em 1979, a relembrar PPD e CDS, estejam sempre a defenderem os interesses privados em oposição ou sobreposição ao SNS público, é coerente e faz parte do seu ADN.
O que me entristece com dose moderadas de revolta interior, são as franjas que existem no PS, dizendo-se de esquerda, e quando na prática exercem o poder fazem-no, por actos reais e omissos, contribuindo para a lenta degradação das instalações, dos equipamentos, e dos meios humanos que com com dedicação, amor e zelo nele trabalham. Criando com essa actuação o campo fértil aos opositores do SNS público, o qual que nunca foi tão atacado como nos tempos que correm, seja por greves incompreensíveis, seja por ausência de resposta firme do Ministério que tutela a Saúde.
Descanso um pouco, mas olhar para os outros que aqui estão na sala não me ajuda a passar o tempo até que o raio do meu nome saia no altifalante.
Sendo assim e porque ouço o apito de um comboio, que a linha férrea não está longe, fico a pensar quantas vezes nestes três anos de Governo, o Ministro que tutela estas coisas dos investimentos ferroviários, já anunciou investimentos e concursos, com os administradores das empresas públicas do sector a “mamarem” boas condições de remuneração numa gestão de “não fazer ondas” para continuarem com os bons tachos, enquanto os equipamentos se degradam em toda a extensão da ferrovia. É certo que Ministros, Secretários e Políticos são muito poucos aqueles que são utentes dos serviços que os comboios suburbanos da CP prestam. Três anos de Governo e só agora anunciam o concurso público para a compra de 22 unidades suburbanas. Anunciam o concurso como se comprar comboios seja o mesmo que ir ao stand da Mercedes, da BMW ou da Jaguar comprar bombas automobilísticas. Não sei quem estudou e elaborou o dossier para o lançamento do concurso, e quanto tempo levaram até chegarem aqui, mas terão sido os técnicos da IP com os da CP ou algum gabinete de consultores externos mas amigo?
E porque estou em Vila Franca de Xira alargo a vista pela campina ribatejana e alcanço o futuro apeadeiro aeronáutico atrás da Ponte Vasco da Gama. Fico a pensar no que foram homens como o Marquês de Pombal e o militar que definiu o campo de tiro de Alcochete em 1904. Um pensar triste face aos homens políticos de hoje sem visão para o Portugal Futuro. Vão-se gastar milhões no Aeroporto Lisboa, milhões no Apeadeiro aeronáutico do Montijo, e, Alcochete ali tão perto. Gastam-se milhões em contratações directas a gabinetes jurídicos e consultores, conhecidos e amigos, deixando para trás os técnicos que a função pública têm, desmotivado-os sem outra solução que não seja continuarem a pagarem-lhes para não se ralarem muito. Gastam-se milhões a tapar os buracos financeiros que maus gestores, péssimos administradores, de forma presumivelmente dolosa provocaram à economia do país, enquanto os presumíveis infractores vivem à grande e à francesa, com brutas reformas e não menos contas chorudas de dinheiros mal ganhos guardados religiosamente em ofshores seguros de amigos.
No meio de tanta tristeza lá me chamam e me dizem que está tudo normal com o músculo bomba, que me ajuda a viver. 
Vou continuar a andar pela outra margem, livre de amarras e compadrios políticos, porque tudo isto é triste e não é fado!

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