terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

22.02.07

Olha a sua volta sem saber o que faz nesta sua caminhada.

De um lado os senhores da comunicação televisiva ávidos de guerras e mortes, invadem a casa com notícias da invasão iminente, que embora longe, caso se concretize, irá afetar a vida de todos. Os eunucos são venais, piores mesmo que os nossos vampiros. Vampiros que saíram das cavernas para se multiplicarem à luz do dia em canais televisivos afetos aos interesses sanguinários dos senhores quer da guerra quer do santificado liberal mercado, que nos amordaça chupando-nos os sonhos de liberdade com solidariedade fraterna.

Num outro lado, continua o esgrimir de opiniões sobre as causas e consequências do chumbo do orçamento de estado. Ele que já fechou o tempo de antena aos políticos vestidos de comentadores independentes ao serviço de gente muito pouco recomendável, segundo as lembranças que guarda numa das suas gavetinhas cerebrais, sente-se cansado com tantos palpites, acusações e opiniões de um lado e do outro.

À medida que caminha na sua existência pela outra margem da vida na travessia do deserto, sente-se passo a passo mais isolado, mais sozinho na companhia dos seus animais. Não dá para o peditório que corre na outra margem que não a sua, enchendo ruas e avenidas clamando vitória. Não pertence a esse rebanho mas já não sabe por onde caminham os outros rebanhos onde ele se sentiria possivelmente um pouco mais acompanhado.

Que mundo é o seu? Porque se recusa a integrar os rebanhos da outra margem que não a sua? Porque não pensa como os outros? Porque não se integra na maioria do "Maria vai com as outras" e deixa de olhar o outro lado das coisas, deixa de se preocupar com as injustiças, com os charlatães da política. Tantos porquês, tantas dúvidas. No meio do turbilhão de dúvidas vive o surdo desejo de ainda poder ser desculpado do erro que um dia cometeu. Talvez seja esse mesmo desejo que, sem compreender totalmente, lhe dá energia para continuar a sua cruzada. Fez, cometeu muitos erros na sua caminhada. Nem todos o apoquentam. Como dizem os brasileiros, erros são um aprendizado de vida. Sabe que não pode voltar atrás para os emendar pelo que segue caminhando carregando nos seus ombros o peso daquele que não o deixa. Aquele outro erro diferente de todos os outros, não o abandona, segue consigo e intensifica-se à medida que avança pela reta da avenida final, desconhecendo quer o tamanho desta quer a sua orografia. Segue como um dia pedalava a sua bicicleta quando tinha que subir o Viso no regresso da escola.

 

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