quinta-feira, 6 de julho de 2023

03.06.23


 

Ontem à tarde telefonou ao RdC a convidá-lo para almoçarem com o FV. Estão todos velhos, uns mais outros menos mas todos em casa superior aos setenta.

Foram jovens que se conheceram no serviço militar obrigatório, ele e o RdC em Chaves para onde os mandaram após o término em Mafra do curso de oficiais milicianos. Em Chaves no então BC10, o RdC substituiu-o na instrução aos recrutas quando oficiosamente ele foi escolhido para adjunto do capitão de operações da unidade BC10.

Passadas as onze semanas habituais de instrução aos recrutas, chegou então o FV e outros milicianos (eram todos milicianos, desde o capitão ao soldado).

O FV chegou para comandar uma companhia de caçadores com destino à guerra que ainda ocorria em Angola. Ele desceu do gabinete do capitão de operações (militar do quadro permanente, também ele mobilizado para formar Batalhão numa outra unidade militar) e foi integrado na companhia do FV para dar instrução de especialidade aos soldados. O RdC foi integrado numa outra companhia do mesmo Batalhão de Caçadores, a designada Primeira Companhia, enquanto eles faziam parte da Segunda Companhia.

Depois, nas terras do Leste de Angola as companhias ficaram em localidades diferentes do então concelho de Chitembo, onde se encontrava a Companhia de comando e serviços. Por motivos que nunca entendeu o RdC veio passar uns tempos à sua Companhia, comandada pelo FV.

Terminada a comissão no regresso cada um seguiu o seu caminho, profissional e político para passados uns largos anos voltarem a encontrar-se.

Agora, só ele é FV vão almoçar, pois o RdC está com uns problemas de saúde que o impedem de se deslocar até à Rocha de Conde d'Obidos, mas já ficou acordado que o próximo almoço ele e se o FV puder irão até à Parede para almoçarem os três, que um dia na juventude se conheceram e agora já velhos gostam de se reunir para falarem de tudo, respeitando o passado assim como presente de cada um, falando igualmente do país que um dia serviram, para depois mais do que esquecidos serem ignorados pela “nova ordem democrática”, como se pertencesse a uma geração de indigentes, quando na verdade verdadeira as gerações que veem pertencendo aos governos da “nova ordem democrática”, lhes devem a eles e a todos os antigos combatentes o terem à sua maneira de forma simples e disciplinada ajudado à revolta gloriosa do Movimento dos Capitães, que depois entregam o poder sem exigências de valorização profissional como era típico e norma dos militares revoltosos do 25 de Abril, aos políticos da “nova ordem democrática”, que sem humildade e disciplina na governação se transformaram numa nova «nobreza» sem o sangue dos antigos nobres da fundação do reino. Uma pseudo «nobreza» incapaz de desenvolver o país e defender os interesses portugueses, vivem hoje como pedintes de mão estendida perante os burocratas liberais e neoliberais sem alma de Bruxelas.

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