Será
que vivemos num estado democrático de excepção e não sabemos?
Fico
a pensar nisso.
Como
podemos acusar e culpar as pessoas que se recusam participar nas
decisões colectivas que são as eleições, quando vivemos num
estado democrático enviesado por uma comunicação enfeudada ao
futebol, cheia de mentiras e meias verdades, favorecendo sempre um em
detrimento de todos os outros, fazendo lembrar aos que não têm
memória curta outros tempos negros lá atrás no tal tempo; quando
comentadores políticos que deveriam ser isentos se dão à pouca
vergonha de no comentário, na análise política aos votos nas
eleições de domingo fazerem comparações com o mundo podre do
futebol, ainda por cima num canal público pago por todos os
portugueses, directamente através das facturas da electricidade e,
indirectamente pelas subvenções públicas via Orçamento do Estado;
quando o próprio Estado e a Justiça só tem força e mão pesada
para os mais pobres, para os que não tem nobreza e clérigo no nome
de família, para os que num momento de aflição deixam de pagar um
imposto, uma prestação ao banco, curvando-se o Estado e a Justiça
em obediência servil, perante banqueiros vigaristas e seus quadros
superiores, perante os “chicos-espertos” e mafiosos que se fazem
passar por gente rica.
Tudo
isto me cansa, e, para lá da atenção que a saúde física me
obriga, tenho que redobrar os esforços psíquicos e procurar
encontrar forças para acreditar que não era este o Portugal sonhado
e idealizado pelos militares ao arriscarem a vida, na madrugada
redentora de Abril. Mas depois de Abril chegou Novembro e mudaram-se
os tempos e as vontades e, eu que vim de longe quero ir para um outro
Portugal cada dia mais longe do meu sonho.
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