quarta-feira, 29 de maio de 2019

Será?


Será que vivemos num estado democrático de excepção e não sabemos?
Fico a pensar nisso.
Como podemos acusar e culpar as pessoas que se recusam participar nas decisões colectivas que são as eleições, quando vivemos num estado democrático enviesado por uma comunicação enfeudada ao futebol, cheia de mentiras e meias verdades, favorecendo sempre um em detrimento de todos os outros, fazendo lembrar aos que não têm memória curta outros tempos negros lá atrás no tal tempo; quando comentadores políticos que deveriam ser isentos se dão à pouca vergonha de no comentário, na análise política aos votos nas eleições de domingo fazerem comparações com o mundo podre do futebol, ainda por cima num canal público pago por todos os portugueses, directamente através das facturas da electricidade e, indirectamente pelas subvenções públicas via Orçamento do Estado; quando o próprio Estado e a Justiça só tem força e mão pesada para os mais pobres, para os que não tem nobreza e clérigo no nome de família, para os que num momento de aflição deixam de pagar um imposto, uma prestação ao banco, curvando-se o Estado e a Justiça em obediência servil, perante banqueiros vigaristas e seus quadros superiores, perante os “chicos-espertos” e mafiosos que se fazem passar por gente rica.
Tudo isto me cansa, e, para lá da atenção que a saúde física me obriga, tenho que redobrar os esforços psíquicos e procurar encontrar forças para acreditar que não era este o Portugal sonhado e idealizado pelos militares ao arriscarem a vida, na madrugada redentora de Abril. Mas depois de Abril chegou Novembro e mudaram-se os tempos e as vontades e, eu que vim de longe quero ir para um outro Portugal cada dia mais longe do meu sonho.

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