domingo, 2 de abril de 2023

13.03.23


Tornou-se hábito nos últimos anos que quando chega o dia da consulta semestral hospitalar, a ansiedade acorda com ele num acordar diferente onde de imediato a reconhece porque ao sentar-se na cama antes de se levantar sente o corpo diferente. Um estado que o irá acompanhar até à hora em que o médico olhando o ecrã do computador lhe diga o valor do "psa".

Um dia embarcou para a guerra nas terras longínquas de Angola, quando voltou para o colo de sua mãe, já não era o mesmo que um dia tinha partido para a guerra.

Um dia ao sair do recobro depois das horas passadas no bloco operatório tomou consciência que já não era o mesmo homem que na manhã daquele dia foi levado numa maca por corredores e elevadores para aquela sala fria onde de imediato uma médica o adormeceu.

Se o tempo de guerra é uma lapa que veio agarrada às suas memórias naquele dia de finais de Novembro de setenta e quatro, já o dia de Outubro de dois mil e dezoito lhe mostrou e mostra como a maior riqueza que cada um pode usufruir na vida é a saúde, o resto são complementos, desvios, vícios e ilusões que transformam a existência em tantas coisas inúteis à vida do ser humano.

Não existisse um SNS com médicos, enfermeiros, auxiliares e outros, onde estaria ele agora? Se a teia de baba peçonhenta quando foi descoberta estava no início, e, passado um ano já ocupava dez por cento da próstata, onde e como estaria hoje?

Nesta manhã em que a ansiedade acordou para o acompanhar até ao momento de saber se o "psa" está estável nos valores anteriores ou se dá mostras de alterar a boa sequência, pensa em como deve agora a sua existência ao serviço público do SNS que tantos políticos e politiqueiros avençados querem destruir em nome do pragmatismo duma falaciosa concorrência, a exemplo do que aconteceu com os combustíveis, as comunicações, energia etc. etc.?

Desde que aos 18 anos tomou consciência e abraçou a política, que defende um Estado Social forte, porque só esse permite aos cidadãos poderem usufruir das condições elementares para uma vida mais condigna, mais solidária e fraterna entre todos os concidadãos. É, foi e será um defensor acérrimo do SNS publico. Os fracos governantes que vamos tendo ainda lhe propuseram custear a sua intervenção cirúrgica em hospital e clínicas privadas, respondendo a essas designadas "cartas-cheque" na volta do correio com um rotundo Não! Queria ser operado naquele hospital do SNS. Toda a vida de trabalho descontou o que os fracos governantes impuseram e impõem, para que o Estado garantisse o direito à saúde, sem esquecer a educação e os outros direitos fundamentais a qualquer cidadão.


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