sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Livro "A Rebelião"


170818

Hoje pela manhã , no excelente livro (na minha opinião, claro) “A Rebelião” de Afonso Valente Batista, li isto que tomo a liberdade de reproduzir, depois de ter pedido autorização ao autor, não me cansando de ler e reler esta fotografia tão nítida aos meus olhos, do que se passou desde aquela aurora redentora e florida madrugada em que a ponta das armas floriram até aos nossos dias cinzentões carregados de tristezas, incertezas e sombras sombrias:
“- Depois da Revolta, o povo foi dado como desnecessário e enxotado para as suas casas e os soldados encafuados, de novo, nas casernas. Os mestres de todas as ideologias tinham chegado com a pompa e a circunstância a reclamar, alto e bom som, que o poder era seu. Passaram a disputá-lo assanhadamente. O povo prestou vassalagem ao voto que lhes deram como se fosse uma carta de alforria. Era a sua arma, como lhe disseram , e ele acreditou. Amansou-se. Trocou a exigência de lutar pela dignidade ultrajada anos a fio, pela vida refastelada a vaguear pelo mundo do consumismo, entretanto criado para o entreter, e delegou nos profissionais da ambição o mando do seu destino. Passou a ser chamado, ciclicamente, a participar no ritual de votar e decidir, alegremente, quem iria mandar nele, de acordo com as convicções que lhe inculcaram na moleirinha em campanhas disputadas numa espécie de renhido Benfica-Sporting. Entretanto, deixou-se corromper por novos hábitos, cercado por montes de tralha inútil que compra, endividando a alma a juros usurários. Os peraltas das finanças passaram a governar-lhe a vida e a sugar-lhe o que ganhava e não ganhava. Passou a viver a crédito e a prestações. Até a casa. Até a vida. E desta forma, habilmente manejado, o povo enterrou aquilo que de melhor o homem possui: a esperança em lutar pela utopia que nasce em cada dia para a creditar que um dia será diferente”
E, um dia vai terá de ser diferente e possível! não sei se será ainda no tempo em que vou caminhando pela outra margem, mas assim como um dia as flores irão de novo florir, a utopia de uma vida diferente e decente voltará a ser possível...

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