quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Mano









Foi bonita a festa Mano. Naquela que foi a tua casa de trabalho, estudo, investigação e criatividade durante 45 anos deixas saudades a muitos dos teus alunos, dos teus colegas professores, alguns dos quais ensinaste e influenciaste pelo teu amor e dedicação ao estudo da economia em geral e da moeda em particular, que se bem me lembro começou logo no primeiro ano do ISEG com idas até à Biblioteca Nacional onde já procuravas ler sobre o tema da moeda. Gostei de ouvir o teu colega professor dizer que quando te conheceu então como aluno guarda até hoje a tua frase no dia de apresentação "Eu sou um Monetarista".
Para acabar te digo que ao ouvir atentamente a tua última aula enquanto docente dessa escola, faculdade, universidade, acabei por compreender algumas das tuas posições ao longo do nosso tempo de vida em que ao ouvir-te falar, pensava eu para mim que andavas nas nuvens fora da realidade do dia a dia cá na terra. Como me enganei. Afinal em vez de andares lá por cima navegando entre papéis, livros e teorias, andavas, andaste cavando com as tuas enxadas e mais recentemente lavrando com o teu descapotável sempre na procura das sementes que façam a ponte da Moeda à Macroeconomia segundo o teu pensamento "monetarista".
Depois ao deslizar calmamente pela A1 veio-me à memória dois acontecimentos que de certo modo influenciaram a tua vida. O primeiro ocorreu em Peniche. Estávamos no terceiro ano do curso geral de comércio quando depois do primeiro período chegou aquele jovem contabilista para lecionar a cadeira de Contabilidade Geral. Foi ele com as suas histórias e lições nos fez pedir aos pais para em vez de irmos para o Magistério Primário como era ideia deles, nos deixassem ir para o Instituto Comercial em Lisboa. O segundo prende-se com o final do teu curso e a vontade de dares aulas. Querias ser assistente de métodos quantitativos mas os do MES barraram-te a entrada, optando tu por ires para Coimbra onde acabas não só por realizar a tua carreira de forma brilhante mas também encontrares a Adelaide Duarte que ao longo de todos estes anos foi a tua companheira, a tua ancora de todas as horas de todos os momentos. Também ela uma excelente professora e orientadora, segundo antigos alunos vossos que fui encontrando aqui pela cidade grande de Lisboa, não sabendo eles que eu era vosso irmão.
No final foste agraciado com uma prenda oferecida pelos teus colegas e amigos para que possas continuar a melhorar o teu agradecimento aos deuses Dionísio e Baco e inspirado por deuses tão especiais continuares a vida no teu ritmo, na tua pedalada certa.

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