sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

21.01.21

 

Olho a janela mas já não vejo os ramos da minha oliveira. Já não escuto o barulho dos camiões a passarem na estrada molhada. O movimento de Espanha e para Espanha ficou lá. Agora, aqui é o silêncio que domina este amanhecer. Um silêncio dorido de tantos.

O milagre virou inferno porque os milagres não passam de ficção. Não há milagres e muito menos na política. Política nunca foi nem será uma questão de fé. Aí no reino intangível da fé os milagres existem para os crentes. Crentes que nunca presenciaram a olho nu mas acreditam que existiram e há seres humanos que fizeram esses tais milagres.

É assim, acreditando com fé, que ontem muitos ficaram horas a verem as cerimónias oficiais americanas. Gente de fé que acredita mais naquela gente do que nas suas próprias forças. Não vi nem ouvi. A minha preocupação é o que se passa no meu país. Desde jovem, desde os meus dezanove anos que passei a acreditar na política como meio de mudar a vida a milhões de seres humanos. Respeito mas não gosto de super-potências sejam elas americana, russa ou chinesa. Porque? Porque sou um não alinhado. Porque não vi neste tempo de vida que levo nenhuma das super-potencias ajudar os mais fracos desinteressadamente, isto é, sem interesses económicos a acondicionar as tais pretensiosas e quantas vezes falsas ajudas. Serei um ser sem fé, dir-me-ão.

O louco, o perigoso xenófobo, o racista declarado, o proto-fascista já não está no poder e foi bom que tal acontecesse. Mas o poder oculto que lá colocou durante quatro anos tal ser abjecto continua com as suas garras afiadas a olhar com sede o mundo que os rodeia. Esquecemos facilmente. Guantamano continua. A falsa "Primavera Árabe" desencadeada por esperançosos democratas americanos que cumpriram o tal desígnio do poder americano. Dominar os povos que possuam riquezas apetecíveis aos seus, só deles, interesses. Democracia é para aquela gente de poder, papel de embrulho e mais nada. Há que respeita-los e pouco mais.

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