quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

27.7.24

 

Vi um pouco da abertura dos jogos olímpicos que de espírito olímpico já nada incorporam, mas é o que o poder nos serve para entretenimento e ilusões.

Vi o Sena com as suas águas e voltei pensar o que pensava quando ia a Paris em trabalho.

Vi indiferente, sem saudade de Paris nem uma ponta de nostalgia, apenas curioso, procurando ver sempre a outra margem. Tudo muda, tudo cambia, pensando que não sendo a lei da vida, porque a vida não tem leis, é antes o fruto de um modelo de desenvolvimento onde os interesses gananciosos se sobrepõem aos valores que estiveram na origem dos jogos olímpicos.

Da mentira tornada verdade salvam-se os atletas, que treinam e se sacrificam ao longo de anos sonhando poder alcançar um lugar honroso nas provas que irão disputar.

Estes são os jogos olímpicos do medo e da tecnologia, do estrebuchar de um país que parece ter esquecido o seu papel europeu de solidariedade, igualdade e fraternidade, vergado por políticos submissos ao neoliberalismo da City imposto do outro lado do Atlântico.

Só as águas do Sena se mantém como há vinte e trinta anos as via duvidando.


Não sou já daqui, sou de algures sem outro interesse que não seja viver em paz comigo próprio. Desenquadrado, tresmalhado deste modelo artificial de vida pouco me importo desde que continue lúcido com os meus cinco sentidos a funcionarem sem pílulas químicas.

Olho e vejo coisas que me revoltam pela falta de coragem dos políticos, pela incúria com que gastam dinheiros públicos sem que esse gasto traga mais valias para todos e não apenas para empreiteiros, consultores e financeiros. Os dinheiros que se gastam em enormes cartazes anunciando publicitando obras quantas vezes já anunciadas em anos anteriores, antes com a comparticipação de fundos bruxelianos, para agora neste tempo serem os fundos do tal PRR a financiarem parte dessas grandes obras autárquicas; obras que são sujeitas a estudos e mais pareceres de gabinetes públicos e privados assim como de organismos vários para justificarem no paleio a descarbonização do ambiente; obras que são apresentadas à votação dos vereadores para depois se ajustarem num caderno de encargos ao jeito das empresas amigas do poder não vá o diabo tecê-las no concurso público exigido por lei e pelo visto do Tribunal de Contas (que sem um quadro de pessoal à altura das necessidades ainda mesmo assim vai incomodando muitos autarcas). Realizada a obra com ou sem revisão de preços, colocam-se placas comemorativas em honra do autarca chefe com vivas e vivas entre abraços e lembranças dos pedidos para mais um empregozinho para mais um familiar amigo do partido. No final de tudo realizado, celebrações terminadas, fazem-se as contas na busca de soluções alternativas para a apresentação das mesmas às instâncias superiores confiando no conhecimento político e partidário existente nos corredores do poder por nomeação do chefe maior. Tudo sempre “A Bem da Nação” em versão democrática, sendo a manutenção e ou conservação de tais obras colocadas no esquecimento ou mesmo abandonadas por posteriores executivos pois o que importa é apresentar obra nova de modo a agradar ao chefe do partido na esperança de uma promoção ou até mesmo de uma boa colocação em qualquer dos muitos organismos públicos onde se ganham boas mordomias nunca deixando de sonhar com Bruxelas pois claro.

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