segunda-feira, 11 de março de 2019

Angola



Angola é terra, são gentios que ficaram no coração da grande maioria dos antigos combatentes que passaram por lá nos tempos duros da guerra, enquanto o senhor se passeava pelos corredores do poder ditatorial, obscurantista e muitas vezes assassino daqueles que pensavam e agiam de forma diferente em busca de uma sociedade livre e mais igualitária para todos os portugueses, vivessem eles no continente, nas ilhas, na imigração ou nas colónias.
O dia da Liberdade e de todas as esperanças chegou pelas mãos de jovens militares. Com ela submergiram à tona todas as esperanças e mais algumas, que estiveram presas e acorrentadas durante a noite escura de quarenta e oito anos.
Nem todas, como é óbvio puderam florir. A maioria acabou por murchar à nascença. Os jovens militares com o país na palma da mão resolveram regressar aos quartéis e entregar o poder político aos civis organizados em partidos e coligações.
Raros foram os políticos que nos governaram que tiveram coragem de olhar para Angola, Moçambique e Guiné, sem medo dos traumas mal resolvidos com a descolonização dos muitos milhares que com ela, regressaram à terra que um dia os viu partir assim como a seus antepassados, ou vieram sem nunca cá terem estado, deixando para trás os sonhos de uma vida .
Defendo que há muito deveríamos ter relações políticas, económicas e sociais em pé de igualdade com as antigas colónias ou províncias ultramarinas agora países independentes, como gostam os mais conservadores.
Pode ser que esta viagem que o Sr. Presidente está fazendo seja o começo efectivo da igualdade entre dois povos com um passado comum até setenta e cinco, que não pode ser esquecido por políticos de ambos os lados. Vejo-o andar feliz no meio da multidão que o saúda com bandeirinhas portuguesas, tudo muito bonito, somos dois povos de afectos. Contudo, tenho pena de o não ter visto em outras zonas da Angola já que o circuito que fez, não só era o circuito dos governantes amigos de seu pai, como são zonas onde felizmente a guerra nunca existiu. Não queria que andasse pelos sítios onde morreram ou ficaram estropiados combatentes de ambos os lados, não. Mas é tempo de os dois países através dos seus governantes olharem sem medo para os 13 anos de guerra e combinarem a nível competente de, conjuntamente relembrarem todos os combatentes, em cerimónia simples. Só lhes iria ficar bem. Como não tenho o culto da morte e como já passaram quarenta e cinco anos, não vejo que seja viável a transladação de restos mortais dos militares portugueses que o anti-regime aí deixou. Apenas exijo que mostrem respeito pelos que padeceram e ficaram para sempre agarrados às injustiças que todas as guerras contêm.




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