Angola
é terra, são gentios que ficaram no coração da grande maioria dos
antigos combatentes que passaram por lá nos tempos duros da guerra,
enquanto o senhor se passeava pelos corredores do poder ditatorial,
obscurantista e muitas vezes assassino daqueles que pensavam e agiam
de forma diferente em busca de uma sociedade livre e mais igualitária
para todos os portugueses, vivessem eles no continente, nas ilhas, na
imigração ou nas colónias.
O
dia da Liberdade e de todas as esperanças chegou pelas mãos de
jovens militares. Com ela submergiram à tona todas as esperanças e
mais algumas, que estiveram presas e acorrentadas durante a noite
escura de quarenta e oito anos.
Nem
todas, como é óbvio puderam florir. A maioria acabou por murchar à
nascença. Os jovens militares com o país na palma da mão
resolveram regressar aos quartéis e entregar o poder político aos
civis organizados em partidos e coligações.
Raros
foram os políticos que nos governaram que tiveram coragem de olhar
para Angola, Moçambique e Guiné, sem medo dos traumas mal
resolvidos com a descolonização dos muitos milhares que com ela,
regressaram à terra que um dia os viu partir assim como a seus
antepassados, ou vieram sem nunca cá terem estado, deixando para
trás os sonhos de uma vida .
Defendo
que há muito deveríamos ter relações políticas, económicas e
sociais em pé de igualdade com as antigas colónias ou províncias
ultramarinas agora países independentes, como gostam os mais
conservadores.
Pode
ser que esta viagem que o Sr. Presidente está fazendo seja o começo
efectivo da igualdade entre dois povos com um passado comum até
setenta e cinco, que não pode ser esquecido por políticos de ambos
os lados. Vejo-o andar feliz no meio da multidão que o saúda com
bandeirinhas portuguesas, tudo muito bonito, somos dois povos de
afectos. Contudo, tenho pena de o não ter visto em outras zonas da
Angola já que o circuito que fez, não só era o circuito dos
governantes amigos de seu pai, como são zonas onde felizmente a
guerra nunca existiu. Não queria que andasse pelos sítios onde
morreram ou ficaram estropiados combatentes de ambos os lados, não.
Mas é tempo de os dois países através dos seus governantes olharem
sem medo para os 13 anos de guerra e combinarem a nível competente
de, conjuntamente relembrarem todos os combatentes, em cerimónia
simples. Só lhes iria ficar bem. Como não tenho o culto da morte e
como já passaram quarenta e cinco anos, não vejo que seja viável a
transladação de restos mortais dos militares portugueses que o
anti-regime aí deixou. Apenas exijo que mostrem respeito pelos que
padeceram e ficaram para sempre agarrados às injustiças que todas
as guerras contêm.


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