sábado, 1 de maio de 2021

21.04.26

 

Ontem foi dia de comemorar a Libertação de Portugal. Um dia em que valentes e garbosos militares conquistaram uma nova independência para Portugal. Naquele dia de gloriosa façanha Portugal tornou-se livre das amarras assassinas que o prendiam a uma miséria de vida sem outros horizontes que não fosse o calar e obedecer para não ter problemas quer com os esbirros da polícia política, quer com os vampiros económicos, quer ainda com o senhor cura e suas beatas que mesmo nas aldeias mais profundas e esquecidas sempre havia uma ou outra família protegida pelo sistema que em abençoada hora, na sua visão celestial o senhor doutor tinha imposto ao país, de modo a que a boa ordem e os bons costumes fossem postos a salvo dos muitos desordeiros que andavam às escondidas instigando o ordeiro povo a revoltar-se contra a santa ordem do trabalho de sol a sol sem direitos que não fosse o direito de pedir, de esmolar trabalho ao senhor doutor, ao senhor engenheiro ou mesmo ao senhor conde ou marquês, portugueses de bem, muito agradecidos aos militares que no sagrado 28 de Maio souberam escolher para comandar os destinos do país tão grande e providencial figura, de molde a livrar-nos das garras do comunismo e de outras poucas vergonhas que se viam por esse mundo fora, ao mesmo tempo que mostrou ao mundo hostil como um pequeno país podia viver debaixo das saias de um clero retrógrado e sempre saudoso das antigas práticas inquisitoriais, levando numa santa aliança do senhor doutor com o senhor cardeal este país temente e ordeiro a viver uma vida sem outros horizontes que não fosse a salvação da sua alma pela via da miséria e pobreza onde o trabalhar de sol a sol sem direitos era a vida sacra da sua salvação.

Ontem foi dia de se celebrar a Democracia e a Liberdade que ela nos deu, mas andam nuvens negras no ar reflexo de um certo acordar político dos designados «homens de bem» que perdendo a vergonha, muito por culpa dos fracos políticos que nos tem governado, reclamam de cara descoberta e com lugar nas cadeias televisivas, as virtudes do antigamente onde a santa e tenebrosa aliança dos velhos doutores com os velhos cardeais conduziram o país amordaçado numa vida de miséria.



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