
Nasceste
em 1923 e por cá andaste até 2016, continuando depois a tua
caminhada numa outra dimensão desconhecida aos nossos sentidos, mas
que eu acredito existir.
Este
ano festejo o teu aniversário onde também fomos felizes. Não irei
contigo comer o bacalhau à brás às Termas de Monfortinho, mas irei
comer contigo umas sardinhas que este ano estão boas e saborosas.
Na
nossa conversa falaremos da política e do teu Sporting sem esquecer
as netas, bisnetas e bisneto.
Elas
e eles vão bem, tem trabalho e isso é cada dia que passa uma
riqueza, embora a forma como o mesmo é remunerado possa não ser a
mais justa, mas pelo menos trabalham e como tal usufruem da esperança
de viverem sem a ansiedade de onde e como com a idade delas e deles
irão arranjar trabalho, pois nunca gostei da palavra emprego e do
que ela significa neste país de doutores e engenheiros onde
escasseiam senhores.
O
teu Sporting continua pelas ruas da quase amargura, já que, casa
onde não há pão todos ralham e ninguém se entende. Às vezes
penso que seguem os passos do Belenenses, só que são um clube muito
mais rico em associados e modalidades, mas tal como vivi no
Belenenses muitos dos sócios acham que o pagamento das quotas serve
para se contratarem jogadores caríssimos, pagos a peso de ouro em
remunerações ofensivas aos que trabalham em outras profissões e
escalões, pouco importando os gastos pois para essa gente “quem
vier atrás que pague as dívidas ou feche a porta”. No Sporting a
situação vai-se agravando pela continua guerrilha de muitos barões
que por lá conspiram dia a dia.
Da
política, tudo na mesma num vira o disco e toca o mesmo de
promessas, cada qual a ver quem promete a ideia mais brilhante. Às
vezes dá vontade de desligar e fugir para um outro tempo antes de
Novembro. O teu partido governa e parece ter todas as condições
para poder continuar a ser governo depois das eleições do próximo
6 de Outubro. Hoje vive-se um tempo de política sem ideologias, daí
que os cartazes em espaços publicitários nas rotundas das cidades
sejam quase todos muito idênticos na falta de ideias e frases
conquistadoras. Hoje as agências publicitárias que trabalham com os
partidos políticos criam cartazes como se os partidos fossem um
qualquer detergente para lavar a louça ou a roupa suja deixando a
pele mais jovem. Muitos prometem aquilo que sabem ser impossível,
outros falam sabendo que as frases usadas são imperfeitas, mas todos
falam com cara de gente séria. Os que ainda apresentam alguma
ideologia são os velhos comunistas, mas também eles a abraçarem os
novos métodos publicitários onde o que mais interessa não é o
produto, o conteúdo mas, a mensagem que querem fazer crer.
Agora
são todos verdadeiros defensores do ambiente. Contudo todos fogem de
emitir juízos sobre a exploração do lítio e o que ela irá
implicar no ambiente do esquecido e abandonado interior.
Há
uns anos um ministro duvidoso do governo manhoso do “homem do poço”
dizia que a floresta de eucalipto era o ouro verde de Portugal. Hoje
gente duvidosa e manhosa ao serviço dos mandantes alguns de outrora,
querem-nos fazer crer que o tal lítio é o ouro dourado para o mesmo
Portugal que há quase novecentos anos foi plantado à beira mar mas
tão mal tratado e cuidado tem sido.
No
teu conselho há grandes investimentos agrícolas de novas culturas
que exigem não só muita água como descaracterizam os campos pelo
arranque de azinheiras,
oliveiras e sobreiros. Tudo feito com vivas e beberetes
aos empreendedores que acreditam tanto nas potencialidades do clima
como nos subsídios e benesses obtidas da
autarquia, do governo e da união europeia.
Ao
abrir a minha página que tenho na rede social do facebook pelo uso
da internet vi e li o comunicado da Câmara a aconselhar os seus
concidadãos a pouparem água, pois os tempos de seca quase contínua
não auguram tempos verdes e floridos para aquela região raiana. Sem
água não existe vida e sem água potável não há saúde pública
que nos valha. Se estas novas culturas querem água e ela
apresenta-se cada ano mais escassa nos céus, onde irão arranjar a
muito água necessária à exploração do tal lítio que existe nas
terras de Salvaterra do Extremo a Segura? Ao Erges que ano a ano tem
menos caudal? Mas se o Erges tiver caudal suficiente para a extração,
que exigências irão impor os
do Governo no litoral ao
tratamento das águas residuais após extração do minério no
interior esquecido?
É normal que os habitantes residentes encarem essas novas
oportunidades com os braços abertos, acreditando que lhes possam
trazer melhorias nas suas vidas resistentes e sofridas ou
os que vivem fora da
sua terra julguem
que as suas propriedades
há muito abandonadas possam valorizar e vende-las. Contudo
os políticos que ambicionam usar o poder de governar o país, sobre
este assunto aos costumes dizem nada, empurram
com a barriga as decisões para lá do dia do voto na urna, pois
sentem-se
entre a espada e
a parede pelo que o silêncio sobre o assunto é o melhor conselheiro
político.
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