sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A pensar em ti


Nasceste em 1923 e por cá andaste até 2016, continuando depois a tua caminhada numa outra dimensão desconhecida aos nossos sentidos, mas que eu acredito existir.

Este ano festejo o teu aniversário onde também fomos felizes. Não irei contigo comer o bacalhau à brás às Termas de Monfortinho, mas irei comer contigo umas sardinhas que este ano estão boas e saborosas.
Na nossa conversa falaremos da política e do teu Sporting sem esquecer as netas, bisnetas e bisneto.
Elas e eles vão bem, tem trabalho e isso é cada dia que passa uma riqueza, embora a forma como o mesmo é remunerado possa não ser a mais justa, mas pelo menos trabalham e como tal usufruem da esperança de viverem sem a ansiedade de onde e como com a idade delas e deles irão arranjar trabalho, pois nunca gostei da palavra emprego e do que ela significa neste país de doutores e engenheiros onde escasseiam senhores.
O teu Sporting continua pelas ruas da quase amargura, já que, casa onde não há pão todos ralham e ninguém se entende. Às vezes penso que seguem os passos do Belenenses, só que são um clube muito mais rico em associados e modalidades, mas tal como vivi no Belenenses muitos dos sócios acham que o pagamento das quotas serve para se contratarem jogadores caríssimos, pagos a peso de ouro em remunerações ofensivas aos que trabalham em outras profissões e escalões, pouco importando os gastos pois para essa gente “quem vier atrás que pague as dívidas ou feche a porta”. No Sporting a situação vai-se agravando pela continua guerrilha de muitos barões que por lá conspiram dia a dia.
Da política, tudo na mesma num vira o disco e toca o mesmo de promessas, cada qual a ver quem promete a ideia mais brilhante. Às vezes dá vontade de desligar e fugir para um outro tempo antes de Novembro. O teu partido governa e parece ter todas as condições para poder continuar a ser governo depois das eleições do próximo 6 de Outubro. Hoje vive-se um tempo de política sem ideologias, daí que os cartazes em espaços publicitários nas rotundas das cidades sejam quase todos muito idênticos na falta de ideias e frases conquistadoras. Hoje as agências publicitárias que trabalham com os partidos políticos criam cartazes como se os partidos fossem um qualquer detergente para lavar a louça ou a roupa suja deixando a pele mais jovem. Muitos prometem aquilo que sabem ser impossível, outros falam sabendo que as frases usadas são imperfeitas, mas todos falam com cara de gente séria. Os que ainda apresentam alguma ideologia são os velhos comunistas, mas também eles a abraçarem os novos métodos publicitários onde o que mais interessa não é o produto, o conteúdo mas, a mensagem que querem fazer crer.
Agora são todos verdadeiros defensores do ambiente. Contudo todos fogem de emitir juízos sobre a exploração do lítio e o que ela irá implicar no ambiente do esquecido e abandonado interior.
Há uns anos um ministro duvidoso do governo manhoso do “homem do poço” dizia que a floresta de eucalipto era o ouro verde de Portugal. Hoje gente duvidosa e manhosa ao serviço dos mandantes alguns de outrora, querem-nos fazer crer que o tal lítio é o ouro dourado para o mesmo Portugal que há quase novecentos anos foi plantado à beira mar mas tão mal tratado e cuidado tem sido.
No teu conselho há grandes investimentos agrícolas de novas culturas que exigem não só muita água como descaracterizam os campos pelo arranque de azinheiras, oliveiras e sobreiros. Tudo feito com vivas e beberetes aos empreendedores que acreditam tanto nas potencialidades do clima como nos subsídios e benesses obtidas da autarquia, do governo e da união europeia.

Ao abrir a minha página que tenho na rede social do facebook pelo uso da internet vi e li o comunicado da Câmara a aconselhar os seus concidadãos a pouparem água, pois os tempos de seca quase contínua não auguram tempos verdes e floridos para aquela região raiana. Sem água não existe vida e sem água potável não há saúde pública que nos valha. Se estas novas culturas querem água e ela apresenta-se cada ano mais escassa nos céus, onde irão arranjar a muito água necessária à exploração do tal lítio que existe nas terras de Salvaterra do Extremo a Segura? Ao Erges que ano a ano tem menos caudal? Mas se o Erges tiver caudal suficiente para a extração, que exigências irão impor os do Governo no litoral ao tratamento das águas residuais após extração do minério no interior esquecido? É normal que os habitantes residentes encarem essas novas oportunidades com os braços abertos, acreditando que lhes possam trazer melhorias nas suas vidas resistentes e sofridas ou os que vivem fora da sua terra julguem que as suas propriedades há muito abandonadas possam valorizar e vende-las. Contudo os políticos que ambicionam usar o poder de governar o país, sobre este assunto aos costumes dizem nada, empurram com a barriga as decisões para lá do dia do voto na urna, pois sentem-se entre a espada e a parede pelo que o silêncio sobre o assunto é o melhor conselheiro político.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.