sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Não entendo...


Como entender que o Estado financie a compra de carros que só estão ao alcance de uma pequena franja de cidadãos, quando essa franja é felizmente para os seus integrantes, a classe dos cidadãos que vivem melhor financeiramente?
Dão-nos um bolo possivelmente envenenado em nome de um melhor ambiente, quando os defensores dos carros eléctricos não são capazes de nos dizerem quanto custa em termos ambientais a construção e reciclagem das viaturas eléctricas comparadas com as atuais a combustíveis fósseis.
Promovem esses veículos sem nos dizerem o que pensam fazer com a exploração do lítio. Metal fundamental para o fabrico das baterias mas que pode a sua exploração causar imensos problemas ambientais. Que medidas vão impor para a exploração do referido metal?
Como pensam resolver o fornecimento da água à exploração em locais onde hoje ela é escassa? Com furos? Com barragens? Com a água dos ribeiros e rios?
Como ira o Estado cobrar os muitos m3 necessários?
Que imposições vão colocar para o tratamento das águas residuais utilizadas na exploração do lítio?
Porque empurram com a barriga para depois das eleições todas as questões pertinentes à exploração do lítio?
Não sou contra a exploração do lítio, mas como gato escaldado de água fria tem medo, gostava de saber o que pensam os candidatos a governaram o país sobre estas coisas, bem mais importantes do que as promessas que nos oferecem e que já estamos habituados a ouvi-las sem resultados práticos no pós-eleições. Sempre nos prometem o céu para depois nos pedirem sacrifícios.
Será que iremos assistir à destruição de alguma agricultura e da biodiversidade dessas terras onde o metal existe em quantidade de ser explorado como aconteceu com a exploração do volfrâmio?
Que os actuais ministros do ambiente e da agricultura estejam calados, até agradeço pois quando abrem a boca e os ouço alteram-me o sistema nervoso. Já o da economia cumpre as ordens do chefe e se fala fá-lo com rácios de crescimento do investimento, do pib, do emprego, números frios, bonitos para os entendidos e para o rebanho dos seus seguidores mas sem calor afectivo para a vida real. Números que pouco o nada dizem sobre o problema ambiental de que todos parecem fugir, vergados pelos interesses das empresas que querem o "ouro dourado" borrifando-se para o ambiente e para as populações que teimam em viver nas suas terras do interior. Querem-nos fazer crer que querem melhorar o ambiente com a história dos carros eléctricos versus combustíveis fósseis, mas continuam a facilitar investimento a abutres gananciosos ignorando a poluição que os aviões causam e vão continuar a causar. Não só os aviões como também a poluição das novas cidades flutuantes que aportam aos nossos portos. Aviões e cidades flutuantes para gáudio dos rádios do Turismo que garantem emprego de cartilheiros oficiosos com notícias pomposas em revistas jornais e televisões. Li no anos finais do século passado uma entrevista a um professor do IST em que ele dizia que uma viagem de avião Lisboa até Faro causava mais poluição do que todos os veículos que circulavam no mês de Agosto entre as duas cidades.
O amanhecer hoje parece prometer um dia bonito. Ouço o mar a enrolar na areia. Tudo pronto para nova caminhada.
Olhando o horizonte pergunto aos deuses se toda esta novela dos carros elétricos é na verdade para um melhor ambiente de verdade ou antes mais uma etapa fundamental ao crescimento económico para a manutenção do sistema capitalista e da sua sociedade de consumo onde os glutões estão insaciáveis?
Gato escaldado de água fria tem medo.

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