quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Deixa-me poder correr


 Deixa-me poder correr à vontade diz-me com o olhar a minha amiga. Deixa-me gastar algumas das muitas energias que acumulo na vida sedentária que me dás. Deixa-me que eu não te deixo. Eu é que tenho medo que tu me deixes por eu ser assim com este meu génio de linhagem alemã. Vá lá solta-me para eu poder correr e saltar.

E, assim vamos caminhando os dois pelas margens da pequena barragem. Os dois livres. Os dois contentes por mais um dia que começa sem outra preocupação que não seja o podermos inspirar e receber as energias que a Natureza nos proporciona.
Lá longe de onde nós viemos por certo há filas de carros parados na estrada aguardando impacientes que o sujeito da frente ande. Nervosos, impacientes, irão chegar ao local de trabalho cansados, com os nervos arrasados de tanta correria para não chegarem atrasados e afinal o malfadado transito pregou-lhes a partida mais uma vez. Outros correm para apanhar o comboio, os autocarros, todos uns e outros, andando apressados vão-se acotovelando a ver quem passa primeiro, quase todos com ares de cansaço, muitos deles tristes já pela manhã, apressados mas desmotivados, vão trabalhar porque têm de ganhar dinheiro para pagar as responsabilidades assumidas na puta de vida que levam… casa, trabalho, casa, trabalho… num ciclo infernal sem que o dia da reforma se veja no horizonte.
E, nós aqui ouvindo o silêncio interrompido pelo canto das aves, pelos peixes que saltam fora de água e te deixam maluca… Reformado não têm férias porque todos os dias o são. Sabes que outros reformados me dizem que a vida nas cidades é que é boa, que lá há divertimentos e que isto é um atraso de vida… pois que seja, que fiquem por lá limpando o pó aos bancos dos jardins, falando da vida deste e daquele, dizendo mal dos políticos acusando-os sem provas reais de corruptos mas quando chega a hora de escolherem pelo voto não se dão ao incomodo de irem votar eles, reformados e aposentados, têm os seus direitos dizem, passando horas com o cú sentado frente à televisão… eles que vivam ou vegetem por lá que aqui nós somos mais livres do que lá… fazemos o nosso turismo à medida sem precisarmos de agências de viagens... por isso eu te digo e tu até sabes, que não há nada mais bonito que a Liberdade de vivermos simples, humildes em comunhão com a bela Natureza que nas fotos é sempre mais bonita do que a realidade.

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